A MORAL É VIÁVEL



O capitalismo italiano fomentou o fascismo e o capitalismo alemão os názis, para enfrontá-los ao comunismo. Fomentar diablos para enfrontá-los a bestas é uma má estratégia. Pode ser uma boa táctica, sem embargo. Israel faria bem em incitar a OLP a lutar com Hamas. Israel seria estúpida se apoia-se a OLP como alternativa a Hamas. O “inimigo do teu inimigo” é uma ferramenta táctica para destruir o teu inimigo, mas frequentemente não é uma alternativa aceitada pelo inimigo. América pensou que o poder de Saddam se baseava nos sunitas, e incitou à maioria chiíta à toma do poder; os envalentonados extremistas chiítas agora combatem contra os americanos.

Os Estados Unidos repitem um erro similar respeito os kurdos: na procura de um benefício táctico de ter um aliado ánti-arabe forte, convertem o Estado kurdo numa bomba de relojaria. O Kurdistão iraquião apoiará a insurrecção entre os kurdos turcos, promovendo um conflito civil em Turquia, e dando pé a uma onda de nacionalismo turco que poderia fazer sucumbir o secularismo turco sob o islamismo. Os kurdos de Turquia não lhe fazerão o jogo aos americanos. Não acreditam num Iraque democrático onde os árabes os votem. Os kurdos iraquiãos querem apropriar-se dos ingressos procedentes do petróleo e arredar-se dos árabes. Os kurdos estão botando um pulso com o Governo iraquião respeito a autonomia administrativa, a co-soberania e os ingressos pelo petróleo. Os kurdos estão assentados sobre grande parte das bolsas petrolíferas do Iraque –que os árabes consideram seu em exclussiva. Os kurdos lembram a limpeça étnica que acometera Saddam na região petrolífera de Kirkuk; os árabes, pela sua banda, lembram que os kurdos sobrecarregaram demograficamente essa região, originariamente povoada pelos árabes. Em quanto os EEUU cessem a injecção económica massiva nas finanças iraquiãs, o assunto do petróleo de Kirkuk se convertirá no suficientemente crítico para o Governo iraquião como para emprender uma guerra com os kurdos. Pelo benefício imaginário de contar com os kurdos como viável aliado ánti-árabe no Iraque, América põe em risco a estabilidade do único país musulmão secularizado, Turquia.

A CIA e o Departamento de Estado têm-se empecinado em Irão na sua habitual pesquisa e apoio a “os nossos filhos de cadela –OSB, our sons of bitch- proclamando a uma facção como “moderada”. Portanto, os americanos apoiam ao ex-presidente iranião Jatami na crença de que sucederá a Ahmadinejad. Jatami teria –sendo imaginativos abondo- que expulsar ao ayatolah Jamenei e o Conselho de Guardiães primeiro, firmes apoios de Ahmadinejad. América semelha ignorar que Jatami é um islamista que propugna extender a influência chiíta iraniã por toda África até Oriente Meio e Ásia. Jatami, inequivocamente, apoia o “pacífico” programa nuclear iraniano.

A moralidade não é um conceito acadêmico, senão uma estratégia posta a prova pelo passo do tempo de supervivência comum. Os enfoques decididamente imorais, como fomentar indesejáveis cujo objectivo específico é oprimir à população, rara vez rende fruto a quem os patrocina. Se os colaboracionistas locais são indispensáveis, deveriam ser pagados para realizar o trabalho estritamente indispensável, e não para promovê-los como alternativas de governo. Israel pode assumir o custe de apoiar o combate da OLP contra Hamas –se a OLP estivesse disposta. América correctamente apoiou aos chiítas para derrocar a Saddam e perseguir aos baashistas. A Jatami podem-se-lhe oferecer tribunas mediáticas e alguns fundos para minar a base de Ahmadinejad e deteriorar o consenso iraniano nas armas nucleares. Pequenos esforços como estes frequentemente acarream efectos desproporcionados; extender os esforços a operações a grande escala, como a ocupação do Iraque, é geralmente pouco rendável em termos de custe-benefício. Bombardear as instalações nucleares iraniãs é muito mais barato, simples, e fiável que conduzir a Jatami ao poder pensando que clausurará o programa nuclear. Bombardear é mais moral.

OBADIAH SHOHER

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