NÃO MENOSPREZES AO TEU INIMIGO


Muitos leitores judeus criticam-me por discutir a opção de um Estado Palestiniano. Sustentam que não existia uma nação palestiniana há quarenta nos, e que portanto não têm direitos agora.O argumento é inválido.

A maioria das nações musulmanas são relativamente recentes. Um século atrás, não existia Jordânia, nem Líbano, nem Iraque, nem Arábia Saudi. Isso não invalida as suas demandas políticas ou faz os seus exércitos menos perigosos. As nações formam-se a partir do ar, por exemplo, os Estados Unidos.

Os direitos históricos não têm importância. Judeus, musulmãos e cristãos proclamam o seu direito a Jerusalém.. Nenhum de eles fundou essa cidade. Os musulmãos povoaram esta terra durante mais tempo que os judeus. Os cristãos depois de Paulo consideram-se uma nova Israel e consequentemente usurpam as promessas divinas outorgadas aos hebreus. Os judeus foram os únicos em ter historicamente um Estado nestas terras (outros foram regimes de ocupação ou meras cidades-estado) e desde as beiras do Mediterrâneo reclamam hoje mais território para Israel. Cada grupo religioso implicado tem o que ele considera que é um legítimo direito à terra. Em política, o que um considere não importa. O único que importa nas relações internacionais é a habilidade para que o outro consinta. Os antigos hebreus, as tribos anglo-saxonas, e os colonos europeus em América não intentaram convencer à população indígena dos direitos religiosos, históricos ou de qualquer índole dos recém chegados.

O território em disputa entre judeus e musulmãos amosa que interpretam os seus mútuos interesses de forma diferente. Os judeus, religiosa ou ideologicamente sobrados de argumentos, logram convencer-se só a sim próprios dos seus direitos e da inexistência de uma nação palestiniana. Goste-lhes ou não, os palestinianos têm-se estabelecido já como uma nação e têm alcançado tal categoria de facto. Se vivem como uma nação e combatem como uma nação, então ante a opinião mundial são uma nação. Os israelis devem despojá-los e deportá-los a Jordânia, mas não devem enganhar-se: o nosso inimigo palestiniano é sem dúvida uma nação.

OBADIAH SHOHER

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