CAPITAL DA CULTURA ÁRABE


A UNESCO, em colaboração com a Liga Árabe, a OLP e a Autoridade Palestiniã, tem decidido reconhecer e instaurar Jersusalém como “Capital da cultura árabe” para 2009.

Contrariamente à assumpção habitual de que a OLP e o seu braço administrativo, a Autoridade Palestiniã, exigem “Jerusalém Leste” como futura capital da nação-Estado de Palestina, a sua petição actual abarca toda Jerusalém. A denominação utilizada na língua árabe para referir-se às aspirações sobre Jerusalém é Al-Quds al-Sharif (Jerusalém sagrada, Jerusalém inteira), não “Jerusalém Leste”.

Neste contexto, a UNESCO está trabalhando com os dirigentes da Autoridade Palestiniã e destacadas figuras árabes de Israel para organizar eventos que transformarão em mobilizações de protesta contra o que descrevem como “a ocupação israeli da Jerusalém sagrada”. Os planos palestiniãos derivam do facto de que 16 bairros de Jerusalém Oeste estám edificados sobre o que eram vizindários árabes com anterioridade a 1948, e dos que evacuaram à população árabe durante a guerra de 1948.

Desde 1996, o título de “Capital da cultura árabe” tem sido outorgado pelo bloco árabe da UNESCO a uma das capitais do mundo árabe. Este ano, por exemplo, Damasco, capital de Síria, recebeu o codiciado galardão, e o ano passado Argel, capital de Algéria foi quem o recebeu. Outras cidades que têm recebido o título ao longo dos anos foram Cairo, Tunísia, Amman, Beirut e Jartum. Jerusalém é a mais recente eleição para portar o prestigioso título, e os líderes árabes pretendem investir o título de um simbolismo ligado à luta contra o controlo israeli de Jerusalém.

A base para a cooperação entre a Autoridade Palestiniã e os membros da população árabe de Israel estabeleceu-se recentemente na cidade árabe-israeli de Shfaram, onde teve lugar um encontro entre representantes da Autoridade Palestiniã e representantes da população árabe-israeli. Juntaram-se para discutir os preparativos dos eventos associados com o título concedido a Jerusalém.

Um dos participantes no encontro com os portavozes da Autoridade Palestiniã foi Amir Mahoul, presidente de Ittijah –União de Comunidades Árabes Associadas-, organização gardachuvas das ONG árabes em Israel, e presidente do “Comitê para a Defesa das Liberdades”. O Sr. Mahoul dixo que acreditava que Israel trataria de pôr obstáculos aos actos que terão lugar no marco da declaração de que “a capital da cultura árabe” é Jerusalém.

“Agardamos que Israel nos dificulte as coisas, e este é um facto que teremos em conta, e a partir do qual combateremos com as autoridades ocupantes israelis”, dixo o Sr. Mahoul.

Mahoul fixo fincapé em que ele e a Autoridade Palestiniã pensam convertir os actos associados com o galardão numa campanha contra a ocupação dos bairros árabes de Jerusalém. “Este será um evento que simbolize a luita contra a ocupação, para além do valor histórico e cultural de Jerusalém”, explicou. “Recalcaremos que Jerusalém é a capital da cultura árabe-palestiniã, que está baixo um régime de ocupação, e Israel comprenderá que cada vez que entre em confrontação por Jerusalém terá a batalha perdida”.

Em contraste com o Sr. Mahoul, o Secretário Geral de Mada –Partido Democrático Árabe- , Mahmoud Mawasi, dixo que a finalidade dos actos é a toma de conciência da parte árabe e islâmica de Jerusalém, e não necessariamente criar fricções com a administração israeli. “Não queremos enfrontar-nos à administração”, dixo, “a nossa intenção, mais bem, é celebrar o facto de que Jerusalém tem sido durante muitos anos o centro da cultura árabe e islâmica”.

Apesar de que é amplamente assumido que as potenças occidentais reconhecem a soberania israeli sobre Jerusalém, esta suposição é falsa. Nenhum Estado membro da ONU mantém a embaixada em Jerusalém. Todas as nações do mundo, agás Israel, referem-se àqueles nascidos em Jerusalém como “nascidos em Jerusalém” –sem mencionar o país.

Isto último inclui aos EEUU.



DAVID BEDEIN

(8 Elul 5768 / 8 Setembro 2008)

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