O DESAFIO ISRAELI


Fum perguntado recentemente sobre por que Israel estava “ghettizando” aos palestinianos mediante a construcção de uma barreira de seguridade em áreas que serviram de pontos de trânsito para os terroristas que entravam no país. O entrevistador, considerou que como israeli eu seria mais sensível ao conceito de “ghetto”, e os seus efectos deshumanizadores sobre as pessoas. Respondim-lhe que a barreira de seguridade não fora erigida por razões de discriminação nem motivada pelo razismo, senão como elemento dissuassivo para proteger a vida dos israelis dos homens-bomba palestinianos; e, de facto, em grande medida tem cumprido o seu objectivo.

Mas a insinuação de que Israel podia ter actuado por motivos razistas ao construir a barreira molestou-se, porque já semelha ser um tema recorrente entre os principais organismos internacionais. Perguntei à periodista por que decidira escolher a Israel para ilustrar esse “tratamento especial”., Depois de tudo, a barreira de seguridade que tem construído Israel para manter afastados do país aos terroristas suicidas não é muito diferente da construçida pelos saudis para manter aos yihadistas yemenis afastados do seu país, ou da que Índia tem erigido ao longo das suas fronteiras com Pakistão, Kashmir ou Bangladesh por idêntica razão, ou a que os Thais construiram para manter longe do seu país aos yihadistas malaios, ou a que os EEUU estám erguendo para deixar aos ilegais mexicanos fóra do seu país; embora não sou capaz de lembrar a última vez que um mexicano se imolou em Albuquerque, ou disparou missis contra Dallas ou Houston.

O que me molesta do assunto é que esta farça ánti-israeli vai muito para além do tema da barreira. Representa um cruel despreço aos direitos básicos e, quiçá, inclusso um ánti-semitismo encoberto de recta indignação.

Com o início do Ramadám (o mes islâmico de ajuno) a começos de Setembro, por exemplo, as forças israelis que controlam os passos de controlo no West Bank receberam ordes de evitar fumar ou comer diante dos palestinianos como sinal de respeito, mentres os palestinianos continuam usando a Tumba de José como vertedeiro de desperdícios e acudem a orinar junto os rolos da Torá na Cova dos Patriarcas. Ainda mais, cotidianamente, as prisões israelis recebem representantes da Cruz Vermelha, jormalistas, juçizes, advogados dos presos, assim como membros das famílias de presos convictos palestinianos, mentres Gilad Shalit, um soldado israeli sequestrado por Hamas em solo israeli, é mantido isolado e negando-se-lhe o direito a ser visitado pelos seus advogados, família ou a CruzVermelha Internacional –em clara violação dos direitos humanos e da legislação internacional. Mas, onde está a protesta internacional por Shalit?

E ainda mais, Israeli acha-se permanentemente confrontada com a exigência de que deve devolver Gaza e o West Bank aos palestinianos e os Altos do Golám a Síria –zonas tomadas durante a Guerra dos Seis Dias em 1967. Por que, então, nunca escuitamos idêntico argumento aplicado a outras nações? Tras a 2ª Guerra Mundial, Polônia anexou-se o 10% do que historicamente era Alemanha (Prússia Oriental); Marrocos controla o Sahara Occidental; Armênia controla o 15% da sua vizinha Azerbaiyão desde 1994; Turquia controla a metade de Chipre desde a invasão de 1974; Rússia tem controlo sobre as Ilhas Kuriles no norte do Japão desde há 63 anos; e China ocupa o Tíbet desde 1950. Portanto, onde está a protesta internacional exigindo que estes países devolvam as terras que ocuparam no transcurso das guerras? A que se deve que só o controlo de Israel sobre o West Bank seja merecedor da censura internacional?

Depois, temos a exigência de que os palestinianos tenham direito a “um direito de retorno” sobre as suas propriedades em Israel ou, quando menos, a compensações justas por ter sido despraçados como resultado da Guerra de Independência de Israel em 1948. Por que não se formulam exigências semelhantes respeito os sírios, os iraniãos, os iraquis e os egípcios que despraçaram (ou, mais especificamente, expulsaram) a 750.000 judeus dos seus países em 1948?

Não lembro que nenhuma nação figesse demandas compensatórias ou permitisse o direito de retorno aos refugiados despraçados tras algumas guerras nos tempos recentes –agás, por suposto, àqueles referidos a Israel. Checoslováquia expulsou aos seus alemães dos Sudetes tras a 2ª Guerra Mundial; os polacos expulsaram milhões de alemães de Prússia Oriental e anexionaram o seu território a Polônia em 1945; milheiros de turco-chipriotas foram despraçados pelo exército grego nos anos 60 e primeiros 70, mentres as forças turcas despraçavam a milheiros de greco-chipriotas do norte de Chipre tras a guerra de 1974-76; 450.000 chineses foram expulsados por Viet-Nam entre 1978-79; os habitantes de Bangladesh expulsaram arredor de três milhões de hindus em 1974; 250.000 georgiãos foram despraçados de Abjázia entre 1993 e 1998, por não mencionar aos mais de 500.000 russos em Chechênia que foram despraçados durante a 1ª Guerra de Chechênia em 1994-96, e os mais de 800.000 kosovar-albanos expulsados de Kosovo durante a Guerra de Kosovo em 1998-99. Seja como for, seguro que não me inteirei das ofertas de direito de retorno ou os paquetes de compensação que foram oferecidos a esses milhões e milhões de pessoas despraçadas pelas guerras –agás no caso de Israel.

Depois, está o tema relativo ao trato que Israel proporciona aos palestinianos em Gaza. Tomemos em consideração como se comportam estes “monstros” israelis. Hamas tem declarado a sua intenção de destruir Israel e assassinar a todo judeu que resida ali, e tem disparado arredor de 7.000 missis no sul de Israel. A câmbio, Israel suministra o 70% da energia eléctrica de Gaza e, cada semana, envia toneladas de alimentos, combustível e ajuda humanitária a um inimigo cuja única razão de existir é exterminar ou subjugar a todos os judeus de Israel. Durante a 2ª Guerra Mundial, os aliados bombardearam Dresde, borraram do mapa várias cidades alemãs, e arrojaram bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki. Israel, porém, alimenta aos seus inimigos.

Por último, Israel tem sido condeada pelas suas repressálias contra Hamas e Hizbullah tras os seus ataques com missis no sul e norte de Israel sobre povoações civis porque, diz-se-nos, Israel é (e isto está tirado literalmente de Human Rights Watch) “pondo em perigo a não combatentes, utilizando força desproporcionada e cometendo crimes contra a humanidade”. Se Israel tivesse disparado missis sobre Gaza City, Sidon ou Tyre, a comunidade internacional teria-se enfurezido, o Conselho de Seguridade da ONU teria convocado uma sessão especial, Condoleezza Rice teria ameaçado a Jerusalém –uma vez mais- e os mass média houvessem tido um dia feliz. Daquela, como é possível que quando os palestinianos e libaneses disparam missis sobre os civis israelis –como primeiro objectivo- apenas se faz menção nos mass média, mas quando Israel responde contra os pontos de procedência desses missis é considerado “força desproporcionada”?.

Por que as críticas nunca se dirigem a Hamas ou Hizbullah, que habitualmente utilizam crianças como escudos humanps para proteger aos seus líderes e os seus arsenais? Nas condeias contra Israel procedentes dos mass média, motivadas pelas operações de repressália em Gaza e Líbano durante a 2ª Guerra do Líbano (e nas que virão) ninguém se pergunta nunca: “Como pode uma nação democrática pretender ganhar uma guerra sem “pôr em perigo civis”, especialmente quando o inimigo usa escudos humanos como arma táctica para proteger-se das incursões inimigas? Não estamos concedendo aos nossos inimigos uma enorme ventagem táctica? Como pode qualquer nação democrática pretender ganhar uma guerra contra inimigos que usam escudos humanos se isso é condeado como “pôr em perigo aos civis”?”.

Até que haja uma condeia universal desse tipo de tácticas e um reconhecimento do discriminatório doble raseiro aplicado a Israel, as protestas das organizações internacionais auto-investidas de autoridade como Human Rights Watch, Amnesty International, a Assembleia Geral da ONU, a União Europeia e o Tribunal Internacional de Justiça carecem de todo sentido. São falsas e ofensivas.



MARK SILVERBERG


(17 Elul 5768 / 17 Setembro 2008)

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