OS VOSSOS ABORTOS OU AS VOSSAS VIDAS


Os judeus estadounidenses têm uma boa razão para sentir-se avergonhados e contrariados hoje. Mentres que Irão avança nas etapas finais do desenvolvimento do programa das suas armas nucleares –armas que utilizarão para destruir o Estado de Israel, pôr em perigo aos judeus de todo o mundo e intimidar os EEUU de América- os líderes de Judeus Demócratas de América decidiram que colocar ao senador Barack Obama na Casa Branca é mais importante que proteger as vidas do povo judeu de Israel e do mundo inteiro.

A passada segunda feira, o New York Sun publicou o discurso que a candidata à vicepresidência pelo Partido Republicano, e Governadora de Alaska, Sarah Palin teria exposto na concentração celebrada no exterior da sede central da ONU em New York contra o Presidente Mahmoud Ahmadineyad e contra o plano iranião de destruir Israel. Teria-o exposto de não ser porque lhe retiraram a invitação.

A concentração estava convocada pela Conferência de Presidentes das Grandes Organizações Judeas, a Coaligação Nacional “Stop Iran Now”, O Projecto Israel, as Comunidades Judeas Unidas, a Federação UJA de New York e o Conselho Judeu de Assuntos Públicos. O seu propósito era apresentar uma plataforma dos judeus americãos unida contra o líder genocida de Irão e o seu genocida régime, que está desenvolvendo armas nucleares com a firme intenção de acometer o segundo Holocausto em 80 anos.

O discurso de Palin é um documento extraordinário. No seu parágrafo inicial, deixa claro que Irão supõe um perigo não só para Israel, senão para os EEUU. E não só para alguns estadounidenses, senão para todos. O seu discurso era uma advertência a Irão –e a quem quigesse ouvir- de que os estadounidenses não são indiferentes à sua conduta, a sua ideologia genocida e a barbárie do seu regime. Senão que mais bem estám escandaliçados.

Tras o começo, o discurso de Palin põe claramente de manifesto como Irão está desenvolvendo o seu projecto nuclear, por que deve ser privada de adquirir armas nucleares e por que e como o próprio regime deve ser combatido por uma questão de sentido comum –não só pelos israelis e norteamericãos, senão por todo o mundo que valore a liberdade humana.

O discurso de Palin era uma mensagem de determinação nacional –mais que simplesmente Republicana- contra o programa de armas nucleares de Irão e a sua activa complicidade no terrorismo regional e global. Desenvolveu este aspecto fazendo menção ao informe que a Senadora Democrata Hillary Clinton elaborou contra o regime de Irão.

A alocução detalhava os passados e actuais ataques de Irão contra os EEUU, começando pelo atentado contra os soldados de serviço no Líbano em 1983 e seguindo pela guerra que os patrocinados de Irão mantêm contra as forças estadounidenses em Iraq, e contra os próprios iraquis que se opõem à sua intenção de fazer-se com o controlo do país.

Criticando o papel iranião em Iraq, não só ilustra por que é essencial uma vitória dos EEUU para derrotar a Irão; deixou claro ao mesmo tempo que a guerra de Irão vai contra os EEUU, e não só contra Israel.

Da guerra de Irão contra Israel, os EEUU, e as pessoas amantes da liberdade de todo o mundo, o discurso de Palin passava à guerra do regime contra o seu próprio povo. Atacava o regime pela sua sistemática repressão das mulheres iraniãs. Aplaudindo a extraordinária valentia de mulheres como Delaram Ali, que arriscam as suas vidas e as suas famílias para exigir direitos elementares para as mulheres iraniãs. Ali, sinalou, foi sentenciada a receber dez latigaços e a três anos de prisão por ter a coragem de falar em voz alta. Uma protesta internacional tem logrado que se suspenda temporalmente a sentença.

Depois, Palin regressava ao tema do programa de armas nucleares iraniãs e o seu apoio aos grupos terroristas juramentados na destrucção de Israel e na dos EEUU. Volveu sobre os chamamentos de Ahmadineyad à aniquilação de Israel. Reiterou a solene promesa do candidato presidencial Republicano, o Senador John McCain, de trabalhar junto a Israel para evitar que Irão possa desenvolver armas nucleares, unindo ela também o seu nome à promesa de estar sempre do lado de Israel para evitar outro Holocausto.

Se Palin tivesse sido autorizada a lêr este discurso na concentração da passada segunda feira, teria feito exactamente o que os organizadores da mesma, e o que o povo judeu de Israel, América e todo o mundo, necessitam que se faça. Teria elevado o imperativo de evitar que Irão desenvolva armas nucleares, e o imperativo moral e estratégico implícito de combater o regime de Teheran, ao posto mais alto da agenda de seguridade nacional dos EEUU. Dada a massiva atenção mediática que levanta em todas as suas aparições públicas, a participação de Palin na concentração teria aportado mais à causa dos americãos –de todo espectro político- na sua luta contra Irão, que o que poidam aportar dez resoluções sancionadoras do Conselho de Seguridade da ONU.

Era um memorável discurso, preparado por uma mulher memorável. Mas não puido ser escuitado. Não foi escuitado porque o Partido Democrata e os judeus democratas pensam que o seu interesse partidista em demonizar a Palin, e fazer que os estadounidenses em geral, e os judeus em particular, a ódiem e temam para assegurar os seus votos para Obama e o seu companheiro de cartaz o senador Joseph Biden nas eleições de Novembro, é mais importante que permitir que Palin advirta da necessidade de evitar um segundo Holocausto.

Os organizadores da concentração convidaram tanto a Clinton como a Palin a falar. Foi uma decisão sensata. À vista da monstrosa opressão das mulheres iraniãs, ter às duas mulheres mais poderosas na política dos EEUU aunando forças na oposição ao regime e a sua guerra contra a liberdade, teria servido para enviar uma mensagem da unidade e determinação estadounidense que teria ecoado não só nos EEUU e no contexto da carreira eleitoral, senão no mundo inteiro e em Irão mesmo. Mas não puido ser.

No momento em que Clinton soubo que ía compartir estrado com Palin, cancelou a sua presença. Com a cancelação, deu a entender aos judeus democratas –e aos Democratas em geral- que a oposição total a Palin e ao Partido Republicano é mais importante que se opôr a Ahmadineyad e o regime genocida que representa.

Os judeus democratas do comitê organizador da concentração captaram clara e diafanamente a mensagem. Dois dos convocantes do acto – o Conselho Judeu para Assuntos Públicos e a Federação UJA de New York exigiram que a Conferência retirasse a invitação a Palin.

O CJAP está dirigido por Steven Gutow. Antes de aderir a CJAP era director executivo do Conselho Nacional Judeu Democrata, que é o braço judeu de apoio do Partido Democrata. A Federação UJA de New York está dirigida por John Ruskay, que começou a sua carreira sendo um “activista pela paz” ánti-israeli nas organizações radicais CONAME e Breira. Entre os seus méritos, CONAME e Breira opugeram-se à ajuda militar estadounidense a Israel durante a Guerra do Yom Kippur, e apoiaram o reconhecimento da OLP por parte dos EEUU, dias depois de que o devandito grupo massacrasse 26 crianças de Ma’alot em 1974.

Gutow e Ruskay foram respaldados na sua petição de retirar a invitação a Palin pelo Conselho Democrata Nacional Judeu e pelo novo lobby judeu pro-palestiniano J-Street.

Num intento de contentar a Gutow e Ruskay, os organizadores convidaram a Biden para que intervisse. Mas resultou que ele tinha um “problema de agenda”. Assim que os organizadores contactaram com o comitê de campanha de Obama pedindo que enviassem um representante. O comitê ofereceu-lhes ao congressista Robert Wexler.

Mas os Democratas decataram-se que Wexler não é rival para Palin, e optaram finalmente por seguir pela via da confrontação, argumentando de maneira absurda que invitando a Palin (e a Clinton, Biden e Wexler) os organizadores ponheriam em perigo o estátus de organizações livres de pagar impostos dos organizadores. Em ressumo, através de Gutow e Ruskay, e no seu intento de evitar a toda costa a intervenção de Palin na concentração, os Democratas ameaçaram com desfazer a comunidade organizada judea.

Pouco importa que a ameaça seja absurda. A possibilidade de que o Serviço de Investigação Fiscal pudesse abrir uma investigação contra cada uma das grandes organizações judeas dos EEUU por atrever-se a invitar a Palin a uma concentração de repulsa à presença de Ahmadineyad na ONU e a manifesta intenção de Irão de aniquilar a Israel, é ligeiramente inferior que a de Ahmadineyad aparecendo enrolado numa bandeira israeli e cantando “Hatikva” na tribuna da ONU.

Mas não importa. O temor a que estes Democratas judeus pudessem fracturar a comunidade judea fixo recuar aos organizadores. A ideia de que o Partido Democrata, e os seus apoios judeus, pudessem dar a espalda à necessidade de enfrontar-se a Irão em aras da fortuna política do seu Partido e da sua carreira face a Presidência, foi decisiva. Retirou-se a invitação a Palin.

Os judeus esquerdistas dos EEUU, como os esquerdistas dos EEUU em geral, e inclusso como os seus colegas de esquerdas em Israel e no resto de Occidente, autoproclamam-se os campeões dos direitos humanos. Dizem que eles velam pelos desamparados, a sal da terra. Eles miram pelo meio ambente. Eles velam porque todas as mulheres dos EEUU podam acceder sem restricções ao aborto. Eles encarregam-se de manter a Cristandade e a Deus fóra da esfera pública. Eles oferecem paz àqueles que procuram de forma activa a sua destrucção, de forma que se podam aplaudir a sim próprios pela sua aberta mentalidade e podam dizer-se a sim mesmos o muitíssimo melhores que são respeito dos selvagens conservadores.

Esses abomináveis conservadores, belicistas, assassinos de Bámbi, defensores de crianças não nascidas, crentes em Deus, que acreditam que existem coisas pela cuja protecção paga a pena ir à guerra, devem ser derrotados a toda costa. Cumpre demonizar, intimidar, atacar e derrotar a esses conservadores que acreditam que as mulheres livres occidentais deveriam estar hombro com hombro não com a Planificação Familiar, senão com as mulheres do mundo islâmico escraviçadas por um misôgeno código legal de Sharia que as converte em escravas e as priva do controlo, não só do seu sexo, senão dos seus rostos, do seu cabelo, dos seus braços, das suas pernas, das suas mentes e dos seus corações.

A vida de seis milhões de judeus em Israel estám hoje vinculadas ao destino dessas mulheres, à fortuna das tropas estadounidenses em Iraq, à vontade dos americãos de todo espectro político e ideológico de reconhecer que são mais as coisas que os unem que as que os afastam, e agir nesse sentido para derrotar às forças do genocídio, da opressão, do ódio e a destrucção, dirigidas hoje pelo regime iranião e personificadas na brutal personalidade de Ahmadineyad.

Mas os Judeus Democratas preferem ignorar esta verdade elementar, a fim de silenciar a Sarah Palin.

Deveriam estar avergonhados. O Partido Democrata deveria sentir vergonha. E os votantes judeus dos EEUU deveriam considerar cuidadosamente se opôr-se a uma mulher que está contra o aborto é realmente mais importante que apoiar o direito dos judeus já nascidos a seguir vivendo e do Estado judeu a continuar existindo. Dado que esta semana chegaram a isso.



CAROLINE B. GLICK

(23 Elul 5768 / 23 Setembro 2008)

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