“Diógenes em Israel” é o título de um informe que figem para a Rádio Nacional Israeli o 8 de Setembro de 2008. Nesse informe vejo-me obrigado a reflexar uma imperiosa evidência, confirmando a valoração da opinião pública de que o 95% -portanto, 104 dos 120 membros da Knesset- não são honestos. De facto, a evidência amosa que a opinião pública foi generosa na sua sentença.

Se tomamos em consideração os distintos partidos que apoiaram o Governo de Sharon e que são, consequentemente, cúmplices no crime da desconexão, dificilmente acharemos um só membro da Knesset honesto, inclusso se ele/ela posteriormente votou contra a desconexão (veja-se o meu anterior artigo “Diógenes em Israel”).

O dia prévio à aparição de “Diógenes em Israel”, o The Jerusalem Post publicou um artigo intitulado “Quem está acusado aqui?” (9 deSetembro de 2008), O autor é o professor Amnon Rubinstein, antigo Ministro de Educação. Nele pergunta-se:

“Quem são as personalidades dirigentes de Israel? The Marker, um suplemento económico do Ha’aretz, seleccionou a passada terça-feira as dez mais influíntes. A lista começa com o todopoderoso Fiscal Geral, continua com uma relação de oficiais –o Interventor do Estado, o Fiscal do Estado, dois altos oficiais da polícia, o Presidente da Corte Suprema, o Governador do Banco de Israel- e remata com banqueiros e magnates. Poderia ressumir-se falando de um quem é quem no mundo económico-legal, muito distante do económico-político”.

Rubinstein observa nesta lista de personalidades influíntes uma “ausência total de políticos electos”. Só “oficiais gerais e nenhum ministro conformam a lista”.

“Como lista”, afirma, “dificilmente pode ser imaginada noutro sítio. É inconcevível que os magnates, os bilhonários e os oficiais da polícia podam desbancar a nenhum político numa lista similar noutras democracias. A selecção de The Marker é uma testemunha da degradação do processo democrático mesmo no nosso país. Sem dúvida, um pode perguntar-se: qual é o objecto das eleições?”,

A consideração do Professor Rubenstein de Israel como uma democracia é questionável, embora tão só for porque –como ele bem sabe- os membros da Knesset não têm responsabilidade individual ante os votantes nas eleições de distrito. Isto permite que os membros da Knesset ignorem a opinião pública com impunidade, e reduze as eleições a uma farça. Sem dúvida, a ausência de responsabilidade política em Israel é o importantíssimo factor institucional que permitiu ao Governo expulsar 10.000 judeus dos seus fogares em Gaza e o norte de Samaria –um crime que não tem nome.

Este mesmo factor institucional é a causa principal da corrupção em Israel. Devidamente entendido, é comprensível que a opinião pública desdenhe a Knesset, incluíndo o gabinete ministerial. Também ajuda a explicar por que essa mesma opinião pública considera os bilhonários e os mandos policiais mais influíntes que os políticos.

Apesar de que Rubenstein menciona “a corrupção de altas esferas”, fai-no só quando se refere ao sistema parlamentar israeli de representação proporcional, que ele julga a raíz do problema. Correctamente apreça que “umas novas eleições não remediarão este cancro agás que vaiam acompanhadas de uma série de reformas estruturais que mitiguem a debilidade de um sistema proporcional puro, possibilitando que o Governo seja quem governe, e readjuste o balanço entre funcionários electos e não electos”

Deveria ter acrescentado que a representação proporcional conduze a gabinetes governamentais de multipartido, o qual não é só uma causa básica da corrupção, senão tambem da impossibilidade para o Governo de governar; isto é, de procurar políticas nacionais coerentes, consistentes, decididas, e de longa duração.

Deveria ter acrescentado também que a representação proporcional dá pé a uma multiplicidade de partidos que condiciona a capazidade do Governo –quer dizer, do gabinete ministerial- de fomentar a unidade nacional judea, assim como o orgulho nacional judeu.

Portanto, é o sistema político fragmentador de Israel –e, sobretudo, a tendência a potenciar egos distintos do gabinete governamental multipartido- o que provoca o despreço da opinião pública face os políticos com respecto aos magnates e mandos policiais.

A conclusão é óbvia: Israel necessita um Executivo Unitário, ou um Sistema Presidencialista de Governo, onde o gabinete não consista –como se tem passado com todos os gabinetes israelis anteriores- num conglomerado de líderes de partidos rivais movidos por interesses pessoais ou partidistas.

Desgraçadamente, o professor Rubenstein abstem-se de estabelecer esta conclusão, embora assumamos que não está distante no seu pensamento. Permitide-me recomendar dois dos meus lvros: “Arte judeu de governar, por se cai Israel” e “O mito da democracia israeli: face uma Israel autenticamente judea”. Neles esboço reformas institucionais que incrementariam a possibilidade de que Diógenes achar um homem honesto.



PAUL EIDELBERG

(9 Elul 5768 / 9 Setembro 2008)

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