O Presidente iranião Mahmoud Ahmadineyad falou ante a Assembleia Geral da ONU o Martes, umas horas depois do Presidente Bush. O contraste foi palpável. Ahmadineyad exprimiu um desafio permanente ao Conselho de Seguridade da ONU e à Agência Internacional da Energia Atômica, insistindo em que Irão continuará, e inclusso acelerará, o seu programa nuclear. Bush, pelo contrário, fixo repasso de perto de seix anos de fracasso intentando deter a carreira de Irão face esse objectivo.

Irão está mais perto que nunca de lograr o seu ansiado objectivo de obter armamento atómico. Por que tem trunfado Irão e os EEUU fracassado nesta refrega? Que se nos diz das opções reais do nosso próximo Presidente, nesta situação imcrementalmente perigosa? Será Irão uma peça central no primeiro debate presidencial?

Em primeiro lugar, negociar com Irão não freará o seu programa de armas nucleares. O Senador Barack Obama afirmou que ele está disposto a falar com delinquentes de Estado como Ahmadineyad “sem condições prévias”, apresentando isto como uma nova ideia. Mas, de facto, Grande Bretanha, França e Alemanha (“Os UE-3”) têm estado fazendo isto exactamente durante cinco anos. Desde o começo até o fim, têm intentado suplantar aos EEUU, e nem assim Irão tem amosado a mais mínima mostra de suspender o seu programa nuclear.

A negociação é como todos os actos humanos: tem custes e benefícios. A história dos esforços europeus pom de relevo um custe significativo de negociar com um aspirante a potença nuclear: o tempo. O factor tempo está quase sempre da banda do que desafia, porque lhe permite implementar o trabalho necessário para chegar a dominar o ciclo nuclear completo. O efecto rede dos cinco anos de negociações do UE-3 é que Irão está cinco anos mais perto de lograr a libertação da arma nuclear. Não podemos tolerar continuar por este caminho.

Em segundo termo, Europa ainda não apreça plenamente os riscos de um Irão dotado de armamento nuclear, nem tem traças de ir tomar as medidas necessárias para evitá-lo. Europa não se ve autenticamente implicada em parte devido à controvérsia sobre Iraq, mas também a causa da enraizada mentalidade na União Europeia de que os seus membros estám de volta de tudo, e instalados numa zona de seguridade que se manterá na medida em que o outro não seja objecto de“provocações”.

Esta falsa percepção da seguridade socava a disposição da União Europeia a tomar medidas mais firmes que a simples diplomácia, tais como sanções económicas mais duras, e muito menos contemplar a possibilidade do uso da força. Assim, qualquer impacto que as sanções poidam ter suposto para Irão aplicadas de modo tão leve e timorato, só lhe têm afectado no nível das apariências mais que no da realidade.

Terceiro, o Conselho de Seguridade não ressolverá jamais o problema de Irão. Rússia, e numa menor medida China, têm deixado claro que blocarão qualquer sanção significativa no Conselho. Isto é o que se passou nas primeiras três ressoluções de sanção, onde a intransigência de Rússia erosionou aos UE-3 até o ponto de que remataram por aceitar só o que Rússia estava de antemão disposta a permitir, e assim poder “cantar vitória”, apesar de que só umas insignificantes ressoluções sancionadoras foram adoptadas.

Rússia tem um enorme interesse em proteger a Irão de sanções significativas do Conselho de Seguridade. Moscova agarda vender combustível nuclear, e construir várias plantas de energia nuclear a maiores da que já tem completada em Bushehr, e ve a Irão como um mercado propício para a venda de armas convencionais. De modo semelhante, em China as grandes e crecentes demandas de energia fazem de Irão um sócio atractivo para um subministro assegurado de petróleo e gas natural, assim como um mercado potencial. Todos estes e outros interesses garantem que o papel que está desempenhando o Conselho de Seguridade nas negociações com Irão seja obviável, no melhor dos casos.

O 20 de Janeiro, o Presidente McCain ou o Presidente Obama terá só duas opções, se tem a vontade de desarmar a este regime ilegal. Uma é um câmbio de regime em Teherão, mediante o apoio ao crecente descontento interno com os ayatolas. A outra é o uso da força contra o programa nuclear iranião.

Ambas opções são complexas, arriscadas e altamente dificultosas. Desgraçadamente, a outra única alternativa –um Irão dotado de armas nucleares- é ainda pior. Preparado ou não, o nosso novo Presidente terá que tomar determinações decisivas e transcendentais.



JOHN BOLTON *

(26 Elul 5768 / 26 Setembro 2008)


* John Bolton foi Embaixador dos EEUU na ONU. Deixou o cárrego por discrepância políticas. Bolton manifestara-se abertamente proclive a usar uma política de força em dois cenários: Corea do Norte e Irão, assim como a apoiar militarmente a Israel na guerra contra Hezbolá.

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