DO MONTE CARMELO A ISLÂNDIA



Esta fascinante história começa nas pendentes do monte Carmelo. Durante a Guerra de Independência, as vilas árabes que se achavam neste área foram abandoadas -como todas as áreas onde os judeus goçavam de superioridade estratégica- e os seus habitantes passaram a ser refugiados. Hoje em dia, chamamos "palestinianos" àqueles refugiados. Comunidades agrárias e kibbutzim estabeleceram-se nas ruínas daquelas vilas árabes, convertindo-se nos fogares dos refugiados judeus -refugiados que chegaram aqui procedentes de Europa, tras o Holocausto, e do mundo árabe que expulsara aos judeus do seu seio.

Que tem sucedido desde então com ambos contingentes de refugiados?

Os refugiados judeus têm esquecido há muito tempo o seu estatuto de refugiados. O país que os absorbeu, o Estado judeu, tem-nos convertido na sua própria carne e sangue. Os campos de trânsito têm-se convertido em cidades, vilas e comunidades agrícolas, e tras uma década nem uma só pessoa seguia sendo um refugiado neste país.

Os refugiados árabes, porém, têm mantido o seu estatuto de refugiados. Os países aos que se trasladaram -países árabes- têm optado por não lhes outorgar a cidadania, nem direitos nem um futuro, e deixá-los como "refugiados" servindo como propaganda vivente e arma política a utilizar contra a legitimidade do Estado judeu. Os campos de refugiados têm-se convertido num gigantesco invernadeiro produtor de terror, uma extensão sem fim de ódioe incitação contra Israel, os EEUU e qualquer que não seja um muçulmão árabe.

A UNRWA é a agência cujo único mandato é cuidar dos refugiados árabes. Opondo-se à Comissão para os Refugiados da ONU, a entidade que supervisa a todos os refugiados do planeta, a UNRWA não está autorizada -nem intenta- a reabilitar aos refugiados, a naturalizá-los com os países nos que residem ou um terceiro país, ou a dar-lhes a oportunidade de viver uma vida diferente à de refugiados. Em vez de resolver o problema, a UNRWA agrava-o.

Esta é também a razão pela qual só os refugiados palestinianos que estám registrados na UNRWA preservam o seu estatuto de refugiados de geração em geração. Se o teu pai foi um refugiado, daquela ti passas a ser automaticamente definido como um refugiado, e outro tanto a tua descendência. Esta é uma definição insólita e inaceitável. Dacordo com a Comissão de Refugiados da ONU, refugiado é só aquele que foi expulsado do seu país devido a uma guerra. Os seus filhos serão trasladados a outro lugar tras um período de reabilitação. Dezenas de milhões de refugiados de todo o mundo têm sido reabilitados por este procedimento desde o final da 2ª Guerra Mundial -com a só excepção de um grupo nacional êtnico: os árabe-israelis, os refugiados palestinianos.

E assim chegamos a um martes do passado Agosto; a Comissão para os Refugiados da ONU anunciou que ia enviar 200 refugiados palestinianos a serem reabilitados em Escandinávia. Serão absorvidos pelos Governos de Suécia e Islândia e poderão começar uma nova vida para eles. Por que se lhes concedeu a estes 200 refugiados tal privilégio? Em que sentido são diferentes dos centos de milheiros apinhados em Gaza, esse imenso campo de refugiados?

A resposta é simples. Estes 200 refugiados nunca estiveram baixo o gardachuvas da UNRWA, porque estavam censados -quando ainda viviam no Monte Carmelo- no exército iraqui que participara na Guerra de Independência israeli de 1948.

Junto com as suas famílias, marcharam com o exército a Iraq. Não tiveram, portanto, estatuto de cidadãos ali, mas também não tinham que padecer à UNRWA. Hoje, que têm recuperado a condição de refugiados a causa da guerra dirigida pelos EEUU no solo iraquião, foram enquadrados directamente na lista de refugiados da Comissão para os Refugiados da ONU, que é, como dizíamos, a comissão da ONU para os refugiados "normais" -os que querem ser reabilitados, opostamente aos refugiados sob os auspícios da UNRWA, cujo estatuto de refugiado está destinado a ser perpétuo.

Os residentes de Jerem Maharal e Geva, no Monte Carmelo, podem respirar aliviados. Os árabes que viveram ali vários anos antes que eles já não regressarão, e nem sequer esperam fazê-lo a Jabalya ou Nahar El-Barid. Tomaram o avião rumbo a Escandinávia e, em vez de investir as suas energias como os seus irmãos em cultivar homens-bomba, provavelmente as invistam em estabelecer-se economicamente e em construir uma nova vida, sessenta anos depois.



BENNY ELON *

(7 Tishrei 5769 / 6 Outubro 2008)



* O Rabino Benny Elon é um dos dirigentes do Partido Moledet, integrado na lista União Nacional e membro da Knesset. É promotor da iniciativa para transferir aos refugiados árabes a Jordânia [para mais informação das suas iniciativas seguide a 1ª ligação da direita "The Jordanian Option".

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