A PASTILHA


Conta o amigo Méndez Ferrín que Vicente Risco dava por certo que os judeus na Baixa Idade Meia secuestravam rapazes cristãos (Ricardo de Pontoise, Dominguito del Val, ou "El Santo Niño de la Guardia") para lhes infligir nos tenros corpos os tormentos da passião de Cristo e fazê-los morrer.

Na Galiza de hoje, temos pessoeiros e notáveis no campo da cultura (veja-se aos cúmplizes da Asociación de Escritores en Língua Galega, que calaram ante a agressão ánti-semita contra o encarregado da área de cultura na Comarca de Vigo no BNG) e outros no âmbito político e institucional, que não distam demassiado, ao que se vê, das considerações do velho Risco.

No Pleno do Parlamento de Galiza celebrado ontem, dia 1 de Outubro, o portavoz da organização názi Bloque Nacionalista Galego, Carlos Aymerich –destacado membro numerário da secta ultracatólica Opus Dei, que já se tem destacado pelas suas ferozes intervenções ánti-semitas no actual período de sessões- fixo um coerente alarde do que é a sua educação nos dogmas ultracatólicos da Inquisição e na ideologia názi da eugenésia, ao convidar a que se lhe suministrasse “a pastilha” a duas das deputadas do Partido Popular de maior idade. Também aludiu aos seus “códigos genéticos” para desqualificá-las.

O Partido Nacional Socialista Alemão de 1933 levava no seu programa, com o que concordaria o BNG a teor das manifestações do senhor Aymerich, as seguintes propostas, entre outras:
Activismo pró-direitos dos animais
Espiritualidade pagana
Confiscação da riqueça
Gasto elevado em adoutrinamento/educação pública
Abominação do livre mercado
Postos de trabalho garantidos de por vida (funcionariado)
Implantação do aborto.
Implantação da eutanâsia.
Implantação da eugenésia.
Impulso da Lei sobre «Gemeinschaftsfremde» («extranhos à comunidade»)


Víctor Farias, no seu sobrecolhedor estudo sobre as andanças nos anos moços de Salvador Allende pelos arrabaldos do nacional-socialismo, documenta a querência deste tipo de sujeitos, que com o tempo acabam embarrancando em partidos de corte estalinista (é interessante, neste sentido, repassar o livro de Alain de Benoist “Comunismo e nazismo”), pela eutanásia, eugenésia e, em geral, a engenharia social na sua vertente mais criminal. De facto, Salvador Allende rematou sendo um adiantado propagandista da URSS e apoiando a “luta revolucionária”, que naquele contexto era o eufemismo para nomear à luta armada, e “la revolución de empanadas y vino tinto” –mais concomitâncias com o ideário do BNG.

Ao igual que Allende, que considerava que os judeus estavam programados
geneticamente para ser uns delinquentes, Aymerich tem um longo historial -só superado, quiçá, pela fília ayatólica de Paco Rodríguez- de ataques contra os judeus e tudo o que lhe soe como ameaça para a Galiza Judenrat que pretende implantar.


Ante a convocatória eleitoral daqui a uns meses, o que nos deve interessar realmente no programa do BNG, para além de AVE’s, planificação lingüística, plano de estradas, etc., é se têm pensado incluir no seu programa -para além da já segura apertura de consulados em Teherão e Gaza City- a implantação no sistema do SERGAS da eugenésia para anciãos e indesejáveis sociais (judeus e pró-judeus, sinaladamente).


Eu perguntaria-lho encantada a Carlos Aymerich. Mas sei que por muito menos manda que te administrem a “pastilha”.



SOPHIA L. FREIRE


(2 Tishrei 5769 / 2 Outubro 2008)

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