Um professor da Universidade de Bar Ilan, autêntico experto em temas antigos, investigou o valor equivalente de milheiros de moedas de prata tempo atrás. Concluiu que o preço que o nosso patriarca Abraham pagou por Ma'arat HaMachpela, as covas onde os Patriarcas e Matriarcas estám enterrados, foi de quatrocentos shekels de prata, aproximativamente –ao câmbio actual- uns 750.000 $. Quer dizer, algo menos do que Morris Abraham * e o seu pai Mickey pagaram por Beit HaShalom em Hebron.
Beit HaShalom, (a “Casa da Paz”, em espanhol) é uma estrutura enorme, de 40.000 pés quadrados, que se alça justo acima da estrada principal que une Hebron e Kiryat Arba. Quando se soubo que o proprietário árabe do edifício, há uns cinco anos, o ía pôr em venda, e chegou aos ouvidos da família Abraham, fechou-se o trato.
Bom, não completamente. Levou uns quantos anos até a actualidade completar a transacção. Que os judeus adquiram propriedades dos árabes em Hebron não é algo que aconteça cotidianamente, e não resulta fázil de levar a cabo. É um assunto que requere, entre outras coisas, uma tremenda quantidade de dinheiro, excelentes advogados, dispor de muito tempo, nervos de platino e, sobretudo, uma imensa quantidade de ajuda divina.
Graças a D’s, chegou todo junto, e arredor de 20 meses atrás, tendo recebido a luz verde dos asistentes jurídicos, os residentes da comunidade judea de Hebron trasladaram-se.
Não foi fázil. Literalmente desde o momento em que nos trasladamos, já havia alguém intentando que marchassemos. Estavam os que diziam que roubáramos o edifício ao proprietário árabe. Outros que diziam que não lhes importava se o conqueríramos legalmente ou não. Os judeus não podem estar em Hebron. Ponto. Botade-os fóra!
Porém, contamos com uma multidão que nos apoiou. Antetudo, o edifício foi adquirido legalmente. Num momento dado, a comunidade proporcionou uma gravação de vídeo com o árabe contando o dinheiro que vinha de receber. (Quando mais tarde negou o trato durante a investigação policial, e a polícia amosou-lhe o vídeo, exclamou, “posteriormente anulei o acordo e devolvim-lhes o dinheiro!”).
O mando geral da IDF em Hebron estava frenético, dado que o edifício está situado numa posição sumamente estratégica, dominando desde arriba todo Kiryat Arba, justo no cruze de estradas, e a maioria de Hebron. Uma primeira investigação policial dos documentos corroborou que eram autênticos. Os documentos eram autênticos.
Mas o peso dos factos não significa demassiado em Israel. Um tribunal declarou que havia suficientes evidências para denegar que fôssemos desalojados, mas também interrogantes avondo como para aconselhar que “tudo seguisse igual”. Assim que se decretou um status quo. Podemos ficar, mas sem realizar modificação alguma no edifício. Isso significaria, por exemplo, que não se podem instalar janelas nos ocos vazios das paredes. Nem proporcionar ao edifício subministro da rede eléctrica de Hebron. Em vista do qual, mentres o inverno se aproxima, os inquilinos deverão preparar-se para passar um pouco de frio. Funcionava um pequeño generador, dotando uma mínima quantidade de energia eléctrica para que as estufas segam funcionando. Mas uma casa sem janelas, durante uma treboada de neve, é como uma folha numa ventisca. As grandes lonas de plástico, em lugar de cristais, não servem para cumprir o cometido.
Por último, no meio de uma treboada de neve, e como resultado da massiva pressão pública, os ministros do gabinete começaram a petar na mesa do Ministro de Defesa Ehud Barak, exigindo que o Governo autorizasse a colocação de janelas de maneira imediata. A pressão funcionou, e finalmente colocaram-se. Contudo, proibiram instalar persianas ou postigos; já seria demassiado. Mas às janelas deu-se-lhes o visto bom.
A esquerda, longe de renunciar na sua inquina, intensificou os esforços para expulsar aos residentes judeus do edifício. De súpeto, a polícia decidiu que muitos dos documentos de venda estavam falsificados, negando-se, sem embargo, a revelar quais concretamente. Finalmente o tribunal obrigou a permitir que a comunidade tenha uma oportunidade de defender-se e não terão mais remédio que concretar que documentos estavam baixo suspeita. A comunidade, através dum antigo oficial de polícia, experto em assuntos desta índole, disipou fazilmente qualquer dúvida sobre a autenticidade dos papeis.
Numa recente audiência na Corte Suprema, os juízes (dois dos membros mais esquerdistas do tribunal junto com um juíz árabe, asignados ao caso), acussaram à comunidade de “arrebatar o edifício pela força” aos seu proprietário árabe. Como resposta, a comunidade ofereceu aos magistrados uma surprendente prova: a gravação de áudio do proprietário árabe dizendo, em linguagem coloquial, que vendia o solar e a câmbio recebia também uma grande compensação pelo edifício. Para além disso, declarava que se achava sob uma grande pressão das forças de inteligência da Autoridade Palestiniana para “modificar o relato”.
A semana passada a Corte Suprema anunciou a sua decisão: ignorar os factos do caso, impedir que se volva contra os seus interesses políticos. Anunciaram que não se sentiam vinculados pela decisão do Governo anterior de expulsar do edifício aos residentes até que a questão da propriedade se decidisse num tribunal inferior. Davam à gente que vive ali 72 horas para abandoar por vontade própria. De não o fazer de maneira voluntária, o governo teria, daquela, permisso legal para expulsá-los.
Mentres escrevo estas linhas, novas famílias e muitos jóvenes estám despraçando-se a Beit HaShalom, a fim de reforçar a presença judea no edifício, que pertence claramente à comunidade dos judeus de Hebron. Uma família –Nahum e Revital Almagor, e a sua filha de 15 anos- vinheram desde Brooklyn para participar na luta pelo edifício.
A semana passada, um juíz retirado, Uri Struzman, criticou acidamente o proceder da Corte Suprema, qualificando-a de política e de farça. Outro juíz retirado da Corte Suprema, Ya’akov Turkal, dixo que a decisão da Corte não ecigia que as famílias fossem desalojadas do edifício, senão que o Governo os poderia desalojar, se assim o desejava. Noutras palavras, que a decisão de expulsão fica nas mãos do Ministro de Defesa Ehud Barak e do Primeiro Ministro Ehud Olmert.
Pelo momento, as numerosas famílias do edifício: homens, mulheres e crianças, estám desejosos de plantar cara a um frio inverno; (agardamos que o custe de acondicionar Beit HaShalom para este inverno ascenda a 150.000 $ -dinheiro que a comunidade actualmente não tem- mas não têm intenção alguma de abandoar o seu amado fogar, Beit HaShalom, o edifício que Morris Abraham deu ao povo judeu de Hebron. Uma representação municipal de homens e mulheres de Hebron e Kiryat Arba, e outros activistas, têm anunciado que o grupo não iniciará nenhum tipo de actos violentos contras as forças de seguridade israelis, mas que no caso de que intentem expulsá-los oferecerão uma resistência feroz. Porém, o nível de violência será determinado pelas forças de expulsão. O membro da Knesset, Uri Ariel, falando numa assembleia de emergência com a comunidade a semana passada, diante de mais de um milheiro de pessoas, afirmou rotundamente que se os residentes são atacados e golpeados, têm o direito de legítima autodefesa.
O passado Shabat perto de 25.000 pessoas visitaram Hebron, para escuitar o relato da Torá que conta como Abraham Avinu adquiriu as Covas de Machpelah 3.800 anos atrás. Muitas dessas pessoas também visitaram Beit HaShalom, manifestando o seu apoio e ânimo. Que adequado que uma família chamada Abraham adquira um edifício por quase o mesmo preço que Abraham Avinu pagou por Ma'arat HaMachpela, um troço de propriedade a pouco mais de cinco minutos da primeira terra adquirida pelos judeus no território de Eretz Yisrael.


DAVID WILDER
Kislev 1 5769 / 28 Novembro 2008

* Morris Abraham é um empressário judeu-americano de 40 anos membro da comunidade judea de New York. O seu avó residia em Hebron durante a massacre árabe de 1929.

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