NOVOS KASTNERS, NOVO HOLOCAUSTO


A educação sobre o Holocausto entre os gentis é contraproduzente. A maioria de eles não se apresentariam voluntários para assassinar judeus ou pressionar em tal sentido. Mas se se vem empurrados por um regime ánti-semita, quase todos se unirão ao crime a pesar de qualquer educação sobre o Holocausto.
A educação passa muito da violenta minoria de furibundos ánti-judeus. De facto, as fotos do Holocausto e os seus relatos pressumivelmente fortalezem o sentimento ántisemita porque os judeus são apresentados como animais, e de forma semelhante são sacrificados.
A educação sobre o Holocausto é tacticamente perjudicial porque o Holocausto supõe um ponto de referência do sofrimento judeu. Qualquer coisa que não chegue ao limite da aniquilação será considerada como tolerável para os judeus. O mundo "educado no Holocausto", conseqüentemente, exige a Israel concessões sem precedente aos inimigos: o facto de que não sejam de momento aniquilados é considerado suficientemente bom tratando-se de judeus.
A reacção do mundo à agardada aniquilação de Israel em 1948, 1967, ou pelo Iran nuclearizado amosam quam futil é a educação sobre o Holocausto: como em 1942, o mundo contempla aos predestinados judeus com indiferente curiosidade.
Os judeus israelis que ridiculizam às vítimas do Holocausto por ir como anhos ao matadeiro, fazeriam bem em observar-se a sim próprios: vivem em Judenrat, dirigidos pelos Kastners * do nosso tempo. Mentres Iran ultima os detalhes da sua bomba nuclear, os judeus sentam-se em coffee-shops em vez de obrigar ao seu Governo a que bombardee ao inimigo. Os Kastners, como antes, lamentam ver morrer aos seus judeus, mas não querem arruinar as suas relações com os criminais cúmplices occidentais organizando uma marcha contra a ONU, assaltando a Casa Branca, ou publicando anúncios ánti-Iran a toda página nos jornais estadounidenses.
Israel actualmente está tão predestinada como o estava o ghetto polaco. Quizá finalmente Iran não nos bombardee –embora estará preparada para poder fazê-lo. Qual foi a reacção dos EEUU ante o Holocausto? Ajuda económica massiva a Alemanha. Os países occidentais não deixarão de mercar petróleo iraniano quando nos deixem fóra da existência.
Fundamentalmente, as nucleares iranianas supõem o fim do poder dissuasório nuclear de Israel. A partir desse momento absolutamente nada será capaz de evitar que Síria lanze milheiros de missis sobre as cidades israelis: Iran entraria imediatamente em jogo ameaçando a Israel com repressálias nucleares se se nos ocurrir bombardear cidades sírias. Para que resulte ainda mais bonito, Iran exigirá que Israel limite as suas operações de castigo contra as tropas sírias, mentres eles seguirão assassinando aos nossos civis. A partir do momento em que Iran abasteça de defesa nuclear à fronte síria, Israel já não poderá empregar nunca mais a defesa estratégica. A defesa terá que ser táctica, limitada às fronteiras israelis. Iran aceitará de melhor grau que ataquemos aos tanques sírios invasores antes que à população. A defesa israeli ficará reduzida a uma ínfima área indefendível.
As nucleares iranianas, para além disso, darão o pistoletaço de saída à carreira de armamento nuclear. Egipto e Arábia Saudi não podem permitir que Iran domine o Meio Leste. Será mais fázil para eles obter instalações nucleares: Arábia Saudi, de facto, provavelmente já possue armazenadas cabezas atómicas pakistanis, e o tratado de paz protege a Egipto das medidas preventivas israelis. Pelo de pronto, Mubarak prefere a ajuda dos EEUU que um programa doméstico de desenvolvimento nuclear, mas um governo de corte islamista escolheria sem dúvida o cenário oposto, especialmente quando –uma vez que Egipto estivesse nuclearizada- os EEUU incrementassem a ajuda para controlar indirectamente o país. Uma vez que esses dois países se unam ao clube nuclear, Síria não poderá ficar atrás. Irak, pela sua banda, terá que fazer contrapeso ao nuclearizado Iran. Jordânia necessitará ajuda contra uma Síria nuclear. Oman não pode sustentar um Egipto nuclear. Líbia, Marrocos e Algéria correm face programas nucleares avançados. Em poucos anos, o inteiro Meio Leste estará atestado de armamento nuclear, e parte de ele controlado, de certo, pelos terroristas.
Os judeus poderiam contrarrestar fazilmente esse cenário aprovando uma lei que autorizasse a imediata aniquilação de todos os muçulmãos mediante duascentas ojivas nucleares em resposta a um ataque não convencional desde qualquer sítio. Mas não é realista pensar que isso vaia acontecer. Tras um fungo nuclear sobre Tel Aviv, o Governo israeli tiraria-se dos cabelos ante a incapazidade para atribuir a um país em concreto a autoria do ataque terrorista. Inclusso se o país for conhecido, os judeus que duvidam actualmente se desmantelar ou não as casas refúgio dos terroristas, não semelha provável que vaiam a empregar repressálias nucleares. A demencial política israeli de submetimento ao insignificante inimigo palestiniano tem liquidado a sua credibilidade nuclear.
Não existe possibilidade alguma de que o Governo de Livni e Barak ataquem Iran. Barak foi a única voz contrária ao ataque israeli a Síria. Ele é muito mais um político corrupto e um suspeitoso homem de negócios que o comando que no seu dia foi. Livni, indecisa como sempre, não poderá enfrontar-se às objecções de Barak. Ela própria não se atreveria a contradizer a orde dos EEUU de aceitarmos mansamente a aniquilação. O medo dos Kastners não é de índole racional: Iran é incalculavelmente mais débil do que o era Egipto em 1967 e 1973. Militarmente falando, atacar Iran é pão comido para Israel. Porém, os Kastners olham para os estadounidenses e os europeus procurando a sua opinião. Mas a sua opinião é bem conhecida, durante décadas se não séculos: fecharam as suas fronteiras aos refugiados judeus que fogiam do Holocausto, negaram-se a rescatar aos judeus dos alemães, e o campo da morte foi o único lugar dos arredores de Auschwitz não bombardeado pelas forças aliadas.
Havia uma pequena possibilidade de que Olmert ordeasse o ataque contra Iran. Os israelis –de esquerdas, direita e do médio- luziram-se ré-empraçando-o pela incompetente Tzipi.
Serão necessários dois séculos para que os índizes de radiactividade na Terra Prometida voltem aos níveis de normalidade.

OBADIAH SHOHER

14 Kislev 5769 / 11 Dezembro 2008

* [*Rudolf Kasztner foi o dirigente duma pequena organização judea húngara denominada "Vaada", durante a ocupação názi de Hungria na 2ª GM. Kasztner negociou com o líder das SS, Adolf Eichmann, a saída do país dum pequeno contingente de judeus a câmbio de dinheiro, oiro e diamantes -no que passaria a ser conhecido como "O comboio de Kasztner".
Tras a guerra Kasztner trasladou-se a Israel onde remataria sendo julgado por colaboracionismo com os názis. Morreu em 1957, tiroteado por Zeev Eckstein, um supervivente do Holocausto].

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