SOBRE A CEGUEIRA MORAL


A passada revolta de Acre foi a típica confrontação das cidades mixtas judeu-árabes, como Jerusalém, Nazareth e Lod. Mentres os sonhadores esquerdistas falam de coexistência pacífica, as gentes que vivem no terreno não se suportam mutuamente. Mais especificamente, uma porcentagem de gente de cada banda está radicalmente contra a outra.

A democracia é uma ficção: as massas são dirigidas em qualquer direcção por um punhado de activistas avezados. O rebanho de votantes desembaraça-se da responsabilidade paraa que tem sido chamado. Deixa-se conduzir às mais absurdas guerras, aceita o roubo governamental mediante a inflacção, e submete-se a qualquer decisão que os grupos de poder lhe imponham mediante o poder do Estado. Pouco importa que o 95% dos árabe-israelis pudessem viver em paz com os judeus; o cinco por cento restante faz o trabalho sujo.

O cometido governamental consiste em anular aos exaltados de forma eficaz. Esta é a maneira em que os EEUU trataram com os comunistas radicais e os negros criminais. Nada alenta tanto a conduta ánti-social como a ausência de um castigo exemplar. Os judeus, especialmente, deveriam ter aprendido esta lição: durante séculos as massas nos atacaram quando tiveram a certeza de que o Governo não moveria um dedo. Inclusso uma leve oposição policial era capaz de deter os pogromos imediatamente. Este enfoque tem funcionado em Israel durante décadas: dirigidos com luva de ferro, os árabes eram simpáticos para os judeus. A relaxação posterior a 1990 incitou a sua revolta.

Não é nada surprendente que a polícia de Haifa não estivesse preparada para os distúrbios. Os árabes que os provocaram, já intencionadamente já movidos pela maior das estupidezes, agiram em solitário ou no meio dum reduzidíssimo círculo de conspiradores. Só um árabe incitou à multidão através dos altavozes da mesquita, o qual não sugire que houvesse uma grande organização detrás. Normalmente, as revoltas a grande escala dos árabes são promovidas de forma oficial pelos oradores das mesquitas ou os dirigentes do Movimento Islâmico.

A polícia, conforme a isto, não foi avisada. Mas também não era necessário. Uns quantos agentes disparando ao ar teriam dispersado à muchedumbre, especialmente de terem anunciado que a suposta vítima árabe estava viva e desgraçadamente a salvo. Disparar pelotas de goma contra a multidão ainda teria sido mais efectivo. Mas levou-lhes duas horas chegar a pesar de que as estradas estavam vazias e suficientes polícias estavam em alerta durante o Yom Kippur. A própria ausência da polícia provocou aos árabes a desatar a sua violência.

As coisas ainda foram a pior quando os contingentes que figeram acto de presença rechaçaram disparar contra a massa de maleantes. A polícia não quere cair nas fauzes dos tribunais esquerdistas, sendo perseguidos por disparar contra árabes que “só” arrasaram propriedades judeas, dado que não acharam judeus pelas ruas. Os árabes interpretaram logicamente a inacção policial como um visto bom tácito e procederam à algarada.

A resposta dos judeus foi pintoresca. O vizindário de Ben Gurion em Acre não é uma comunidade especialmente jovem, mas ainda ficam judeus armados ali; muitos tomaram o permiso de Yom Kippur no exército. Porém, nem uma só arma foi utilizada ante a potencialmente perigosa massa árabe. Em vez disso, os judeus fecharam-se nas suas casas como soiam fazer durante os pogromos. A todos os efectos, os árabes anotaram-se uma vitória.

Quando a violência árabe remitiu, os judeus cobraram vingança contra algumas vivendas e negócios árabes isolados da área.

Em tanto ter expulsado aos ocupas árabes do homogêneo vizindário judeu teria sido uma ideia muito decente –e nada teria a ver com a defesa nem uma vingança significativa-, os autores, residentes nos vizindários árabes de Acre, saíram ilesos.

Ainda mais, resulta vergonhoso que os oficiais do Governo chamassem a ambas partes a pôr fim à violência, condeando-os por igual. Num Estado judeu, os judeus e os árabes, por definição, não são iguais. Olmert pode apresentar disculpas ao Movimento Islâmico Hamas todas as vezes que o deseje, mas não resulta errôneo que os árabes devam sofrer desigualdades num Estado judeu. Poderiam disfrutar de igualdade em Jordânia e Líbano –no caso de que pudesse ser garantida. Mentres os árabes sigam sendo residentes legais deste país, devem goçar de direitos pessoais e à propriedade –nesse, e só nesse, sentido são iguais aos judeus. Mas não é possível a igualdade política porque o Estado é judeu. Ainda mais, nem sequer têm direito equitativo à violência.

Num Estado judeu, os judeus têm direito a estar enfadados se os árabes se aglomeram no seu vizindário, e podem opôr-se aos ocupas árabes sem maior dano à sua integridade física ou propriedades. Os árabes carecem deste direito porque no nosso Estado os judeus podem assentar-se onde lhes pete.

Não há igualdade de violência entre os judeus que querem a sua terra e os árabes que querem a terra limpa de judeus. A confrontação tem como trasfundo as grandes guerras e inumeráveis pogromos que os árabes têm perpetrado contra os judeus. Se os árabes exigem direitos para os descendentes dos refugiados de 1948, deveriam admitir também as responsabilidades dos descendentes dos matarifes de 1948. Cada árabe residente no Estado de Israel tem um ascendente que assassinou e mutilou judeus. Naquela guerra o 2% dos judeus foi assassinado e o 10% ferido; isso vem sendo dez vezes as perdas que sofriram os EEUU na 2ª Guerra Mundial. Os árabes palestinianos já se adicavam a assassinar e mutilar judeus quando o Estado de Israel nem sequer estava planificado, a meiados do século XIX. A violência actual está enraizada na violência árabe dos passados cento cinqüenta anos.

Aos esquerdistas encanta-lhes prescindir das raízes. Os judeus desarraigados, desprovistos de judaísmo, volveram-se sionistas. A guerra árabe contra os judeus, desprovista das suas raízes, derivou em violência gangsteril, da que ambas partes levam a culpa. Suprimir as raízes é endêmico da esquerda porque possibilita experimentos de limpeça. O esquerdismo basea-se na planificação racional de coisas inerentemente irracionais como a economia, as sociedades, ou as relações exteriores. Mas como é possível explicar racionalmente os séculos de luta pela supervivência dos judeus? Como se pode construir uma sociedade árabe-judea quando essa sociedade está tingida de vermelho com o sangue judeu derramado pelos árabes?

Esquecede por um instante a mareante imoralidade de esquecer os gritos de vingança dos judeus mortos ou de perdoar um sangue derramado que não é o nosso. Qualquer solução árabe-judea que descarte a história passada nasce morta –mas se observamos adequadamente o curso da história, não há solução possível.

Os idiotas dizem que o passado não deve condicionar o futuro. Sim que o faz. Não existe mais futuro que o que se edifica sobre o passado.

A igualdade é outra forma de denominar à cegueira.



OBADIAH SHOHER

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