O PROCESSO DE PAZ COMEÇOU NO HOLOCAUSTO



As tentativas mundiais no processo de paz só podem ser comprendidas no contexto histórico. Por sim próprias seriam ininteligíveis. Por que a comunidade internacional está tão empenhada na consecução dos direitos nacionais de uma não-nação de três milhões de pessoas? A Occidente importa-lhe um caralho a luta pela indepêndencia de centos de movimentos de libertação nacional que andam pelo mundo adiante, inclusso quando se refere a nações incontestáveis tanto histórica, lingüística ou razialmente. Nem lhe importa demassiado a Occidente que um país ocupe o território de outro: o paradigma da democracia anexiounou-se no seu dia a terça parte de México; Rússia, Polônia, Checoeslováquia e França anexionaram-se territórios alemães. A ninguém lhe importa demassiado a supressão das minorias –especialmente quando são hostis: não é preciso recorrer ao conhecido exemplo de Rússia e os chechenos, quando a própria França apenas há uns poucos anos que legalizou os nomes em bretão. Inclusso é dificil apreçar o interesse de Occieente pela liberdade religiosa em lugares como Arábia Saudi.

Será, talvez, porque a Israel só se lhe exigem concessões supérfluas? Pelo contrário, o plano da Folha de Ruta demanda a Israel a cessão do Monte do Templo, Jerusalém e Judea. Se existem sobre a faz da Terra territórios judeus, sem dúvida são esses. Seria como se Rússia houvesse de abandoar o Kremlin ou os EEUU a Casa Branca. Será, quiçá, porque algumas dorosas concessões são normais historicamente? Não para os vencedores. Não existe um só exemplo na história mundial em que um país seja atacado, ganhe a guerra, conquiste territórios do seu inimigo, e depois os devolva como “acto de boa vontade”. Israel tem sido atacada meia dúzia de vezes ao longo de seis décadas; apoderar-se do território inimigo é uma retribuição historicamente normal.

Existe algum benefício para Israel aceitando as concessões, por pequenas que sejam? Não, são concessões claramente suicidas. Nenhum Estado pode subsistir com uma distância entre as suas fronteiras de tão só 8 milhas, asediado por trescentos milhões de inimigos.

A actitude internacional face Israel clarifica-se em quanto observamos as “exigências” auxiliares. Israel debe combater com “bons modos”, enviar aos seus rapazes ao combate urbano, e uma vez ali quase pedir por adiantado a afiliação dos terroristas antes de disparar. Israel tem que ser progressista –quer dizer, abandoar o judaísmo, que exige uma moral estrita. Israel tem que estar aberta à influência exterior, e portanto tão só renunciar ao estilo de vida judeu. Israel tem que ser democrática: falando claro, permitir que os votantes árabes subvertam o Estado judeu. Israel tem que ser tolerante com as minorias e aceitar aos árabes como um terço da sua população. Que ficará do Estado judeu quando se implementem todos esses ultimátums?

Ainda mais. Os EEUU, o nosso mais próximo aliado, proibe que ataquemos Iran –que já terá armamento nuclear o ano próximo. A Administração USA está, portanto, conforme com um Iran nuclearizado que pretende pôr a Israel fóra do mapa. Este não é um sucesso isolado: os EEUU condearam a Israel por bombardear o reactor nuclear iraqui. Em 1967, a actitude era apocalíptica; os judeus cavaram dúzias de milheiros de tumbas e estavam preparados para a aniquilação total, mas os EEUU nos advertiram contra o ataque preventivo; igual sucedeu em 1973. Dois anos depois do Holocausto, os EEUU e a Grande Bretanha não deram os seus votos na ONU para estabelecer um Estado judeu. Quando o Estado se estabeleceu de todas as maneiras, procederam ao embargo na venda de armas.

As enquisas sinalam que existe um ánti-semitismo moderado nos EEUU arredor de 1937, aproximativamente um 15%. Nos termos das enquisas actuais, tratava-se de autênticos ánti-semitas, e se nos remitimos a gente que despreça-se aos judeus multipliquemos a cifra por dois. Não é surprendente, pois, qe as enquisas sinalaram um elevado auge do ánti-semitismo em 1939-1941, quando os jornais reflectiam a repressão ánti-semita em Alemanha e Áustria. Os norteamericãos de a pé consideravam que o ánti-semitismo era uma matéria submetível a discussão e socialmente aceitável. Durante a guerra, as enquisas situaram rapidamente aos judeus como o grupo que provocava uma maior aversão nos EEUU, muito por cima dos cidadãos de orige alemã ou japonesa.

Em 1944, os alemãos figeram uma oferta para libertar arredor de um milhão de judeus; os Aliados rechaçaram negociar. Quando as organizações judeas começaram a recaudar fundos para pagar o rescate, os Aliados informaram que as suas fronteiras permaneceriam fechadas. Os judeus foram enviados a Auschwitz.

Durante o Holocausto, os EEUU, Grande Bretanha e Rússia emitiam programação diária na rádio dentro dos territórios ocupados. Milhões de pessoas escuitavam cada palabra. Nem uma só vez advertiram aos judeus para que fogissem, nem lhes informaram das massacres. Stalin conhecia os planos de extermínio desde o primeiro dia, Roosevelt e Churchilll pelo menos desde Janeiro de 1942 –e provavelmente antes. Os seus serviços de inteligência interceptavam as transmissões alemãs de rádio com o número exacto de judeus assassinados, mas não avisavam aos judeus para que fogissem. Deste modo, quando os judeus subiam aos comboios que os conduziam a Auschwitz, este nome não lhes dizia nada.

Antes da guerra, quando os alemães e os austríacos reprimiram atrozmente aos judeus, a Grande Bretanha agiu tomando medidas muito semelhantes: ao igual que Alemanha e Áustria, Grande Bretanha proibiu aos judeus adquirir terras –no fogar nacional judeu, encomendado a Grande Bretanha pela Liga das Nações. O Livro Branco de 1939 renegava formalmente da Declaração Balfour e dos termos do Mandato, limitando a imigração judea a um contagotas –sujeito à aprovação árabe- e bloqueava o accesso dos judeus ao único lugar no mundo ao que podiam fogir.

O mundo livre reuniu-se na Conferência de Evian para encontrar um sítio aos refugiados judeus. Nessa época, a imigração aos EEUU funcionava por uma quota legalmente estabelecida, sem considerações de orde moral, a lei permitia 100.000 imigrantes mais por ano. Então, os EEUU e Grande Bretanha anunciaram que não admitiriam “refugiados”, um eufemismo para denominar aos indesejáveis judeus. A Grande Bretanha renegou da sua obriga de estabelecer um fogar nacional judeu em Palestina justo quando mais necessário era, e dificultou a imigração ao nosso próprio país: uma explicação hilarante foi que os árabes estavam desgostados com os judeus que chegavam –como se a Grande Bretanha lhe importar o mais mínimo a opinião dos camponeses palestinianos. Não havia sítio para os judeus em nenhuma parte do vasto Império britânico, também não. Outros países seguiram o exemplo. Os alemães captaram a mensagem: os seus adversários não queriam aos judeus em nenhum sítio.

O Holocausto foi uma besta com quatro cabeças: EEUU, Grande Bretanha e Rússia tiveram o seu papel.

O processo de paz é outro dos significados do Holocausto.


OBADIAH SHOHER

8 Tevet 5769 / 4 Janeiro 2009

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