Quando Israel opta por emprender uma acção mais incisiva e vigorosa para deter os ataques terroristas, começamos a escuitar os lastimosos coros de condeia contra aqueles que só pensam em defender-se e os lamentos de solidariedade com os que atacam, os pobres palestinianos massacrados.

Entre as principais acusações e condeias existe uma que é um tópico que sempre se coloca em primeira linha, a falha de proporcionalidade entre a reacção israeli e a acção que a provoca. É uma brincadeira pesada.

O conceito matemático de proporcionalidade exprime-se mediante uma igualdade entre dois rátios:

a/b = c/d

Inclusso na linguagem coloquial não falamos de proporcionalidade mentres não se comparem dois rátios. Quando dizemos, por exemplo, que o peso de uma pessoa é (ou não) proporcional à sua estatura, significa que o cociente de dividir peso por altura é (ou não) igual ao que se toma como modelo para à gente da sua idade. Sem este modelo seria impossível falar de proporcionalidade.

Ressulta óbvio que esse modelo não existe quando pertence ao âmbito de rematar uns ataques mortíferos e sistemáticos. A humanidade ainda não tem chegado a estabelecer tal modelo, a pesar da sua longa história de conflitos e guerras. Até as maiores organizações internacionais são incapazes de evitar os ataques terroristas. É preciso deter aos seus agentes, a todo custe. O contrário seria continuar matando até a aniquilação total. Ninguém pode exigir um sacrifício tal a um povo inteiro em nome de preservar uma imaginária e indefinível proporcionalidade.

Mas vejamos qual teria de ser a reacção israeli, a fim de ser proporcional ao ataque terrorista, como a comunidade internacional exige.

Consideremos a relação entre a medida da intensidade dessa reacção –que denominaremos “y”, e a intensidade do ataque terrorista, representado a tal efecto por “x”. Sem um modelo que utilizar como referência para fazer a comparação, compararemos o rátio ressultante entre a mesma “x” e “z” –definida esta como o valor da intensidade da acção israeli que, por definição, teria dado lugar ao ataque terrorista. A proporcionalidade exprimiria-se pela igualdade entre estes dois rátios:

y/x = x/z , ergo: y = x²/z

Mas como o assalto foi arbitrário e não se correspondia a nenhuma acção que pudesse ser a causa, temos que z = 0, donde temos que concluir que

y = ∞

Ou, em linguagem coloquial: se queremos manter a proporcionalidade, a intensidade da resposta a um ataque não provocado deve ser ilimitada.

Longa vida à Proporcionalidade!



PAULO DOS SANTOS FERREIRA

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