A HISTÓRIA DE ELLA ABUKASIS





Escrevim este artigo no primeiro aniversário do assassinato de Ella. Hoje cumprem-se quatro anos da sua morte. Agradeço a HaSh’m que me honrasse com o prazer de conhecê-la e dar-lhe aulas. Aprendim eu muito mais de ela do que ela puido aprender de mim. Que o Altíssimo vengue o seu sangue.


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Tendes conhecido alguma vez um anjo? Eu sim. Tivem o prazer de impartir aulas a um durante três anos, e o seu nome era Ella Abukasis (que D’us vengue a sua morte).


Ella veu à nossa ulpana em Netivot desde a vizinha Sderot, porque queria se convertir numa pessoa mais religiosa (estudara numa escola elemental e sentia que não recebera resposta às suas muitas perguntas sobre religião e judaísmo).


Ella tinha o mais maravilhoso dos sorrisos –como uma antorcha que brilasse intensamente. Nos cinco anos que estudou na nossa escola, jamais a vim irritada, contrariada ou enfadada, nem uma só vez. Todo o mundo adourava-a. Era o sonho de qualquer professor, uma estudante exemplar: altamente inteligente, altamente motivada, extremadamente boa pessoa e querida por todos. Também era extremadamente atractiva, mas isso era só como a guinda à sua destacável beleza interior.


Inclusso a eleição do seu projecto de bagrut [equivalente ao nosso título de bacharelato] reflexava o seu carácter. Eligira escrever sobre Patch Adams, o doutor pioneiro no uso terapéutico de paiasos e clowns nos hospitais, e de tratar aos pacentes como pessoas e não como meros enfermos. (Os que não tenhades visto a Robin Williams no filme “Patch Adams” estades cominados a fazê-lo: é fantástico e ademais foi real!).


Outro exemplo da extraordinária equanimidade de Ella amosa-o o seguinte: o seu professor de inglês cometera um erro; Ella apresentara-se um venres pela manhã –o mesmo mes no que seria assassinada- a fazer o seu bargut invernal. Desgraçadamente, por um erro, não se encarregara um questionário para ela. Em vez de enfadar-se (como eu teria feito), ela tranquilamente consolou ao professor de inglês com estas palavras: “Não há problema!, como dizem os rabinos, ‘Os retrassos sempre são para bem!’, farei este módulo nas vacações de verão, se D’us quere”. Desgraçadamente, ela já não estaria com nós no mes de Junho.


Ella era a líder do seu grupo, na secção Bnei Akiva. No Shabat, quando foi cruelmente destroçada por um Qassam, em 2005, à temprana idade de 17, vinha de falar com os seus janijot [alunos] sobre a importância da modéstia nas jóvenes. De caminho a casa com o seu irmão e outro dos nossos alunos, Michal, escuitou o ruído dum míssil aproximando-se. Sem pensar em ela própria, empujou ao seu irmão pequeno ao solo e botou-se-lhe acima para protegê-lo. Um troço de metralha incrustou-se no seu cerebro e uns dias depois devolvia o seu espírito puro ao céu.


Este ano, no dia do 60º aniversário da Independência de Israel –Yom Ha’atzmaute-, o irmão de Ella, Tamir, para salvar ao qual ela se sacrificou tão bravamente, encendeu orgulhoso uma das 13 “masuote” [antorchas] que representam às 13 tribos de Am Yisrael.


Como está escrito no Shir Ha’Shirim [Cantar dos Cantares], “D’us baixa ao seu jardim a recolher rosas”. Os rabinos explicam que isto é uma alegoria pelo facto de que D’us, amiúde, leva-se aos melhores indivíduos que há no mundo. Eu agradeço-lhe que me concedesse a honra de que Ella passasse pela minha vida. Conquistou os corações de todos os que a conheceram, e um anaco do meu pertencerá-lhe por sempre.




BATYA MEDAD


11 Shevat 5769 / 5 Fevereiro 2009





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