RETIRADA E DERROTA


A conduta actual de Israel em Gaza trai-me à mente o citadíssimo aforismo de Albert Einstein: “A definição de loucura é continuar fazendo o mesmo e agardar resultados diferentes”.

Antes da “desconexão” israeli de Gaza em 2005, existia entre a gente a ampla crença, alimentada pelos mass média, os acadêmicos e a classe política, de que as comunidades judeas supunham uma pesada cárrega em matéria de seguridade para o Estado. Em 2003 o então Primeiro Ministro, Ariel Sharon, prometeu que a desconexão mitigaria a pressão sobre as IDF e incrementaria a seguridade para os residentes em Israel. Políticos, como o membro de Kadima Meer Shetrit (depois no Likud) desestimou à ligeira as predicções que afirmavam que as comunidades do Negev passariam a viver baixo ameaça: “Nunca tenho escuitado um argumento mais ridículo”, dizia.

Fica fóra de toda dúvida que eram as expectativas dos políticos israelis e os seus seqüazes o que ressultava “ridículo”. Longe de constituir uma cárrega para a seguridade, os vilipendiados “colonos” eram a autêntica salvagarda do sul de Israel. Agora muitos têm regressado aos seus destruídos fogares como membros das IDF. “Sinto uma coitelada no coração”, dizia um de eles, “agora está claro que quando vivia em Netzarim eu era parte do escudo do país”.

Os dirigentes israelis seguem sem ter aprendido nada. Durante estes dias de campanha, a Ministro de Assuntos Exteriores Tzipi Livni tem proclamado que Israel não tem intenção de ocupar Gaza, e o Ministro de Defesa Barak tem dito outro tanto.

Sim, a operação militar de Gaza tem sido levada de melhor forma que a desastrosa incursão no Líbano em 2006 (quando as unidades de combate até careciam de mapas da área). Mas a carência de objectivos firmes e de persistência em alcançar os objectivos declarados, tem feito que Israel perda e que Hamas ganhe a guerra. Israel afirma que o seu propósito era deter o lançamento de mísseis sobre o seu território, e rematar com o contrabando de armas e terroristas procedentes de Egipto. A única maneira de garantir esses objectivos é o controlo territorial israeli do lugar de onde parte a ameaça. Como sinalou o sempre incisivo Thomas Sowell: “Os israelis ofereceram territórios a câmbio de paz, mas nunca têm conquerido essa paz, assim que deveriam recuperar o território”. Ou como fixo Steven Plaut: “Existem coisas piores no mundo que a ocupação, e a experiência dos últimos anos tgem demonstrado quanto pior são as conseqüências que derivam de rematar com a ocupação israeli”.

Mas o Governo israeli nem sequer tem tomado a precaução de fazer-se com o controlo do corredor Philadelphi entre Gaza e Egipto, através do qual as armas têm fluído tanto pela superfície como por um elaborado sistema de túneis. Israel entregou o controlo do corredor tras 48 horas de incesante pressão de Condoleezza Rice em Novembro de 2005. Os observadores da União Europeia supostamente íam vigiar esse ponto para evitar o contrabando de armas procedente de Egipto. Inúteis como sempre, marcharam em quanto Hamas se fixo com o poder em Gaza. Agora fala-se de novo de observadores internacionais (baixo os auspícios dos quais, Hezbolá –cujo desarme estavam chamados a supervisar- tem triplicado o seu arsenal e tomado o controlo efectivo do sul do Líbano).

Fala-se de confiança em Egipto. Perdão? Não leva Egipto “controlando” a sua fronteira com Gaza desde 2005? Esta vez, assegura-se-nos, será diferente. Fala-se de construir um foso e/ou barreira com dois valados e despregar vários milheiros de soldados egípcios para “garantir” o fim do contrabando –o que, por certo, debilita um dos poucos logros do tratado de paz egípcio/israeli, despregando tropas egípcias no Sinai, que fazerão pouco menos que nada por evitar o contrabando de armas.

Ao cabo, Hamas poderá proclamar que tem sido a clara vencedora. O seu objectivo a curto praço é rematar o bloqueio e outras restricções na mobilidade de bens e pessoas imposta por Israel. As concessões israelis nestas matérias serão o produto final das “negociações”.

Loucura? Os loucos não são responsáveis dos seus actos. Mais bem, o que temos aquí é um Governo criminalmente negligente.




HERBERT ZWEIBON *


* Herbert Zweibon é o presidente de Americans For a Safe Israel (AFSI), e pertence a várias organizações sionistas.

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