CARTA ABERTA À DIREITA REAL


Tras as recentes eleições e as intermináveis análises do sucedido, assim como as numerosas predicções do que se vai a passar, um facto ressulta completamente claro. A constante incapazidade de qualquer partido para colheitar o apoio da incontestável maioria real deste país –uma maioria que se identifica claramente, embora de diferentes maneiras e a distintos níveis, com os três princípios básicos do judaísmo: a Terra de Israel, o Povo Judeu, e a Torá. Por esta razão, e a fim de poder aglutinar a esta maioria potencial, gostaria-me fazer uma proposta a Manhigut Yehudit (MY) e a Ichud Leumi (IL).


Simplesmente: juntade-vos e sumade esforços.


A minha intenção não é que formedes outro partido religioso de direita marginal, senão um partido cujo objectivo diâfano seja agrupar à maioria natural acima sinalada para que exerça a dirigência deste país. Qualquer outra coisa não paga o esforço. Certo que isto é o que Moshe Feiglin e MY pretendem fazer desde o Likud; sem embargo, para além das suas boas intenções, estám distanciando a muita gente válida incapaz de votar pelo Likud numa eleições. Mentres muitos de nós votamos nas primárias do Likud a fim de situar em bons postos aos candidatos de MY, à hora de acudir a uma convocatória nacional câmbia-che o conto. A dirigência do Likud, tanto agora como a meio praço, faz que essa seja uma opção inviável. Portanto, embora votar nas primárias do Likud fortaleceu a MY, muitos de nós estamos convencidos de que votar pelo Likud nas eleições nacionais só serve para apontalar o desejo do actual liderádego de entregar mais e mais terras judeas aos inimigos árabes.


Ainda mais, inclusso se hipoteticamente um dia Moshe Feiglin alcanzasse a dirigência do Likud, é seguro que gente como Netanyahu, Silvan Shalom, etc., simplesmente abandoariam o partido para formar o Likud bis ou Kadima bis, deixando a Feiglin com um partido muito mermado. Um partido pequeno que estaria integrado por gente muito válida, sim, mas depois de muitos anos de trabalho e perseverância isso não constituiria um consolo. Quiçá a minha análise seja errônea, mas não é maior o risco que se corre?


Alguém pode argumentar que nada fazeria a Feiglin mais feliz que lograr que todos os Bibis, Shaloms e Livnats marchassem do partido e deixassem a Feiglin à fronte dum pequeno Likud susceptível de ser reconstruído desde os seus critérios. Mas para que ter que passar por esse longo processo, que derivaria na conformação dum pequeno partido, quando um partido pequeno pode constituir-se em qualquer momento? Em segundo lugar, embora sendo certo que Bibi também trabalhou para reconstruir um pequeno e destroçado partido tras a marcha de Sharon para formar Kadima, existe uma grandíssima diferença: mentres Bibi é uma figura muito enraízada no establishment dirigente, com quase todo o aparelho do poder à sua disposição, Feiglin não. Esta é uma diferença cruzial que não deveria ser infravalorada.


A questão não é ridiculizar a Moshe Feiglin ou MY. Pessoalmente, acredito que Feiglin é um homem mais honesto que a maioria das figuras públicas de Israel. Igualmente importante, é o facto de que ele sabe que o único caminho para fazer-se com a dirigência do país é agrupando à ampla maioria mencionada mais arriba, e não se dirigindo a um seitor muito limitado da população.


Esse é, precisamente, o problema de Ichud Leumi. As pessoas que se têm comprometido com Ichud Leumi têm demonstrado que eles, e muitos dos que os apoiam, são encasilhados como “alguém limitado por uma mentalidade sectorial”. Os lemas de campanha focados no “Campo Laranja” e os “valores da comunidade da kipá”, assim como os anúncios eleitorais nos autobuses amosando a uma criança que chora mentres é evacuada do seu fogar em Gush Katif, foram muito sectoriais. Um ponto de vista limitado de tal maneira é incapaz de conectar com a grande maioria sinalada acima.


Portanto, a fim de cambiar o mapa político deste país e sintonizar com a maioria natural, é clave que MY e IL aúnem esforços. Duma banda, Moshe Feiglin e MY devem comprender que correm um grande risco com a sua permanente vinculação com o Likud, mentres, doutra banda, IL necessita admitir que a sua limitada visão não os conduzirá muito longe. Só unindo forças, junto com alguns outros que se poderiam aderir (antigos desencantados do Likud, antigos membros do Partido Nacional Religioso, etc.), com o objectivo claramente definido de conectar com a maioria real, poderá estabelecer-se um autêntico liderádego judeu neste país. O momento de fazê-lo é agora, a fim de estar preparados para as seguintes eleições dentro de dois ou três anos.



YOEL MELTZER



22 Adar 5769 / 18 Março 2009




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