CARTER OUTRA VOLTA


Três anos depois, Jimmy Carter aínda não se tem desculpado pelo inapropriado uso da palavra “apartheid” para descrever o muro de seguridade -que tem evitado de modo efectivo que os suicidas de Hamas assassinem e mutilem iraelis em restaurantes e discotecas. Nega-se a reconhecer que esta medida tem salvado incontáveis vidas humanas.


Isto não deveria constituir uma surpresa. Como no seu livro anterior, “Palestina: paz, não apartheid”, Carter nega-e a encarar de forma objectiva o conflito árabe-israeli no seu novo “Podemos lograr a paz na Terra Sagrada”. Ignora o facto de que uma maioria dos palestinianos segue rechaçando aceitar a existência do Estado de Israel, insistindo em que a paz só chegará se Jerusalém accede às exigências dos palestinianos. Como Israel não quere seguir unilateralmente os passos que propõe Carter, “Podemos lograr a paz na Terra Sagrada” é uma arenga de 180 páginas contra o Estado judeu.


Parte do problema é o facto de que Carter no seu dia foi um homem que gozou de sona como mediador de paz –nomeadamente, era o Presidente quando se asinaram os Acordos de Camp David entre Israel e Egipto em 1978-, mas agora está absolutamente marginado pelos agentes de poder no Meio Leste. Se um é capaz de obviar as permanentes críticas contra a política de defesa israeli, o livrinho lê-se como o tedioso e deprimente diário político dum anciano que nem sequer é capaz de lembrar quando e onde começou o seu declive como pessoeiro público.


O próprio Carter reconhece que muitos políticos de primeira linha israeli já nem o recebem durante as suas “missões de investigação” na zona. De modo semelhante, os agentes da Adminuistração Bush também passavam amplamente de ele. Todos os palestinianos, sem embargo, têm o número do móvil de Carter; e têm-no sublinhado em fosforito para assegurar-se de que se ocupe de regurgitar o seu discurso mediante livros que procuram a provocação pura e dura nos EEUU.


Abraçando cegamente o discurso palestiniano, Carter faz um fraco favor à complexidade e objectividade histórica sobre o conflito israeli-palestiniano. O seu último livro contém muitos mais erros e inexactitudes que páginas.


Carter afirma erroneamente, por exemplo, que Hamas pretende “expulsar a Israel da Terra Santa utilizando a violência, só se é necessário”. Se Carter se tiver detido a lêr a sua carta fundacional, saberia que Hamas contempla a Yihad como um imperativo para destruir Israel e reempraçá-la por uma “Palestina Islâmica”. Para Hamas não existe esse “só se é necessário”. A guerra contra Israel é a sua razão de ser.


Carter também sinala erroneamente que a eleição de Binyamin Netanyahu como Primeiro Ministro em 1996 “supujo o fim do Processo de Paz”. De facto, Netanyahu asinou o Memorandum de Wye Plantationem 1998, perpetuando o Processo de Oslo aé o fim da década.


Erra quando afirma que Israel se aferrava “com punho de ferro a Gaza em 2008” –quando de facto se retirara unilateralmente em 2005.


Carter escreve que os palestinianos “regressaram pacificamente aos seus fogares com os bens que possuiam” tras rebassar o muro de separação entre Egipto e Gaza em 2008. De facto, o que os palestinianos troujeram foi uma imensa quantidade de projectis de longo alcanço, mísseis ánti-tanque, mísseis ánti-aéreos e material para a fabricação de foguetes. As forças de seguridade egípcias também interceitaram cinturões para palestinianos suicidas na península do Sinai, que íam ser utilizados contra o turismo israeli e occidental nos resorts das zonas de praia em Egipto.


Carter, que visitou à organização terrorista Hamas –contra o desejo exprsso do Departamento de Estado- afirma que Hamas aceita ao dirigente da facção Fatah, Mahmoud Abbas, como “portavoz de todos os palestinianos”. Dalguma forma inexplicável, Carter esquece a guerra civil existente entre Hamas e Fatah. Inclusso, que Hamas levou a cabo um golpe de Estado brutalmente violento contra afacção de Abbas na faixa de Gaza durante 2007.


Este tipo de “erros”, junto com uma interminável colecção de graves distorsões e mentiras, foi o que levou ao distinguido professor da Universidade Emory, Kenneth Stein, a renunciar ao seu posto no Carter Center tras vários anos de serviços quando se publicou “Palestina: paz, não apartheid”.


Dacordo com uma recensão de Stein, publicada no Middle East Quarterly, “Carter põe a ideologia e a opinião por riba dos factos”. Acto seguido, Stein enumera uma interminável relação de “erros de bulto por comissão ou omissão”.


Em ressumidas contas, Carter volve fazer mais do mesmo.


Inexplicavelmente, Carter assegura que ele “não está envolvido em rifirafes partidistas” –quando de facto foi um dos superdelegados do Partido Demócrata que mais activamente propugnou a candidatura de Barack Obama, e que mais vigorosamente se opujo à toma em consideração de Hillary Clinton como vice-presidenta de Obama. Actualmente é também membro perpétuo e honorário do comitê de AAEE do Partido Demócrata, organismo encarregado de promover que os afiliados do PD no estrangeiro participem nas primárias e votem pelo candidato democrata.


Uma vez que o leitor é capaz de transitar 173 páginas atestadas de erros e porqueria, Carter reserva-nos a sua peza mestra: o Plano de Paz que orgulhosamente nos oferece na portada do livro. Não revela nem o mais leve assomo de pensamento. Limita-se a empastar o que outros (sem éxito algum) têm proposto no passado, tomando aca e acolá parágrafos da proposta saudi de 2002 –um plano muito querido pelos palestinianos, porque apenas supunha concesão alguma da sua banda. O plano saudi exige concessões e retiradas israelis a câmbio da possibilidade de que os países árabes “quiçá” cheguem a aceitar a Israel, embora não um Estado judeu.


As propostas de Carter não conduzirão, sem dúvida alguma, a um “processo de paz na Terra Santa”. O seu livro limita-se a repetir como uma cotorra as piores e mais intransigentes posições dos palestinianos, e não ofecere nada que suponha um terreno de achegamento em comum.


JONATHAN SCHANZER*


Fonte: The Jerusalem Post



* Jonathan Schanzer é director do Jewish Policy Center, e autor da obra “Hamas versus Fatah: a luta por Palestina”.


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