DIREITA MINIMALISTA


A esquerda israeli é conseqüente no seu nihilismo: democracia atea em vez de Judaísmo, desarme ideológico nos aspectos mais sensíveis para converter-se num referente dalguns direitistas indecisos, e derrotismo no terreno da seguridade para que Israel tenha que delegar nas potenças estrangeiras gentis e bailar ao seu som. Portanto os esquerdistas, basicamente, não necessitam fazer nada: alcançam os seus objectivos simplesmente deixando às coisas seguir a corrente. Normalmente, deveria ser ao revês: a direita é conservadora e tende à inacção, mentres que a esquerda procura câmbios. A direita israeli tem que modificar o profundamente afiançado sistema progressista. A única forma de lográ-lo é abandoar o seu errôneo conservadurismo e adoptar posições mais radicais, a apariência daqueles que querem cambiar o seu Estado. Tomemos, por exemplo, aos Macabeus. Fundamentalistas religiosos e conservadores extremos, optaram pelo radicalismo absoluto e iniciaram uma brutal guerra civil que alguns judeus ignorantes celebram actualmente em Hanuká.


Mas observade essa falsa direita que ganhou as eleições israelis. Não é preciso demonstrar que as aspirações do Likud são tão esquerdistas como as do Meretz. Netanyahu subscreve o processo de paz com matizes insignificantes. Em certo sentido, é mais pro-palestiniano que o Meretz: mentres os ultra-esquerdistas só pretendem a desconexão dos territórios, Netanyahu pretende ajudá-los também no seu desenvolvimento económico.


Mirade a Lieberman. O seu lema “Sem lealdade, não há cidadania” foi inventado por um consultor publicitário; o lema inicial de Lieberman era muito mais moderado, “Sem serviço nacional, não há seguridade nacional”. Em todo caso, nenhuma das duas formulações tem possibilidade de prosperar na Knesset, devido a que as circunscripções dos ánti-sionistas partidos ultraortodoxos não acudem ao serviço militar e negariam-se ao juramento de lealdade. Sem os partidos ultraortodoxos, a direita não poderia reunir os suficientes votos para fazer prosperar a lei. As possibilidades de que Kadima fosse a pôr em perigo o apoio que recebe entre os árabes votando uma lei assim são escassas.


No que se refere ao intercâmbio de populações, o programa de Lieberman é insustentável no marco legal internacional: Israel e Palestina não podem asinar um acordo que prive aos palestinianos israelis da sua cidadania; a cidadania não pode ser confiscada sumariamente. Eu sou a pessoa que mais passa da legalidade internacional quando entra em contradicção com os objectivos judeus, mas se Lieberman está presto a provocar uma grande protesta internacional retirando aos árabes israelis a sua cidadania, por que não deixa que a protesta seja um pouco mais estridente e expulsa aos árabes trinta milhas mais aló, até Jordânia?


Lieberman jura que manterá o Monte do Templo e os Altos do Golan baixo jurisdicção israeli. Muito bem. Mas, que tem isso a ver com ser de direita? Se Síria não ataca Israel não é poque careça duma cabeça de praia no Golan, senão pelo pânico à repressália israeli. Os Altos do Golan não são críticos para Israel em termos religiosos ou militares. Simplesmente resulta bom e justo para Israel tê-los anexionado tras três guerras contra Síria; mas o objectivo da anexão não tem nada a ver com ser ou não de direita. De facto, os esquerdistas da Knesset apoiaram no seu dia a lei de anexão.


Manter sob jurisdicção judea o Monte do Templo é um juramento laudável, mas supõe ser de direita? Para que serve preservar esse lugar como humilhação permanente para os judeus que rezam abaixo, no Muro, mentres os Muçulmãos campam por todo o Monte? Um autêntico direitista –e sem dúvida qualquer judeu normal- deveria derrubar o santuário que corrompe o sítio do Terceiro Templo.


Estes falsos direitistas fazem um chamamento a preservar a judeidade de Israel? A que de Israel?! Que é o que faz ao nosso Estado ser judeu? Quando os árabes constituam a metade da população que leis vam promulgar para manter a judeidade do Estado? Um santuário muçulmão ocupa o Monte do Templo, os árabes rebosam por Judea, Samaria e o Pequeno Israel, a língua árabe é oficial, os não-judeus constituim um terço da população, o judaísmo está radicalmente exorcizado de qualquer assunto estatal, os judeus são assassinados em maior número que em qualquer outra parte do mundo e o Governo aínda lhes dá um trato mais violento e severo que aos árabes.


Só tras o vazio político que deixou a ilegalização do Kach, é pensável que partidos como Likud e Yisrael Beiteinu sejam considerados como de direita. Na realidade, representam uma tímida posição centrista disposta a preservar algumas trazas de judeidade, mentres abjuram do substancial. Se surgisse um autêntico dirigente de direita, os votantes decatariam-se de que Netanyahu e Lieberman são simplesmente a versão um chisco mais agressiva de Barak e Livni.


A autêntica agenda da direita é singela:


1. O Estado israeli basea-se no Judaísmo. Portanto, nada de trabalho retribuído em Shabat, levadura em Pesaj, e homosexuais em qualquer época do ano. O Estado não tem porque ser ultraortodoxo, mas tudo o que a Torá mande explicitamente debe ser feito.


2. Para além dos judeus, só os conversos [gerim] poderão viver em Israel. Aos paganos (os thailandeses, por exemplo) nem sequer se lhes permitirá permanecer aquí como trabalhadores ou turistas.


3. As fronteiras israelis abarcam desde Suez a Litani [sul do Líbano], e desde o Mediterrâneo ao Éufrates. Não reclamamos essas fronteiras, mas tudo o que nos vejamos obrigados a conquistar será nosso para sempre.


E reconstruamos o Templo.



OBADIAH SHOHER


23 Adar 5769 / 19 Março 2009


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