NACIONALISMO RELIGIOSO JUDEU


Têm alguma razão os judeus seculares para sentir-se vinculados ao Povo Judeu? Não, nenhuma. Não existe razão para dizer-se judeu se não se é religioso. Pelo contrário, um primeiro faz-se religioso, e consequentemente associa-se com os judeus. E como chegamos a ser religiosos? Chegando à conclusão da improbabilidade de que a maravilhosa mente humana e o corpo se desenvolvessem por mutações devidas ao azar. Ou perguntando-nos: como é possível não apreçar o que chamamos evolução ao longo de toda a “história arqueológica”, senão apenas insignificantes adaptações ao meio? Ou considerando, em que se diferencia o Big Bang –quando não existia nem o espaço nem o tempo- da Criação?

Isso é em teoria. Na prática, muita gente primeiro asume a judeidade, e depois faz-se religiosa. Fazem-se judeus, como questão de nacionalismo, e posteriormente procuram uma ideologia que cimente tudo isso. O judaísmo oferece-lhes essa ideologia.

Por que adoptar o nacionalismo judeu e não outro qualquer? Porque os judeus são mais admiráveis, e mais éticos que qualquer outra nação. Mas, o que é mais importante: porque os judeus são diferentes. Muita gente quer ser diferente dos que os arrodeam, e a judeidade é uma teoria científica que estabelece essa diferença. Eu, por exemplo, nunca sentim atracção alguma pelas multidões cristãs que me arrodearam. Uma vez que uma pessoa de linagem judea abre os olhos e conclue que aqueles que o arrodeam são os descendentes directos daqueles que assassinaram aos seus familiares, que rechaçaram mover um só dedo para salvar aos seus irmãos do extermínio apenas há umas décadas, que aceitaram que os árabes massacraram aos seus irmãos em 1948 e 1967 –e que o matarão a ele próprio, se se apresenta a oportunidade-, faz-se-lhe muito dificil sentir-se vinculado a eles. Lamentavelmente, não existe uma hostilidade o suficientemente manifesta face os judeus nos EEUU –facto que leva a que muitos judeus esqueçam quem são realmente.

Eventualmente, os israelis seculares não têm mais remédio que abraçar a religião, embora seja num grau mínimo. Em qualquer outro contexto, seriam ladrões que roubaram a terra aos árabes. Se Abraham não comprara a terra em Hebron, se Jacob não tivesse conquistado Siquém, se D’us não nos tiver outorgado esta Terra –daquela, que direito teriam os judeus sobre Tel Aviv? Nesse caso, os judeus seculares teriam que admitir que são uns brutais e deshonestos conquistadores do território árabe, ou suplicar o perdão dos árabes a fim de que lhes permitissem estar em Israel, e assimilar-se com eles.

Por sorte, os seculares judeus podem optar pela terceira das possibilidades: a do seu direito à Terra baseado na religião.


OBADIAH SHOHER

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