O DILEMA DA KIPÁ



Quando um vai à guerra contra os inimigos igual que eles não amosarão piedade de ti, ti não deves ter piedade com eles.

Quando a ONU emprendeu a sua investigação sobre o bombardeo das instalações da UNRWA em Gaza, qual deveria ter sido a resposta de Israel? Nenhuma. Deixar que os bárbaros investiguem o que queiram; avondo teriam com saber como se escreve a palabra “investigação”.

Em vez disso, os judeus soem lançar-se desenfreadamente a demonstrar a sua rectitude. E cada vez que o fazemos, rematamos saíndo mal parados.

Há um século, Zeev Jabotinsky –que daquela aínda era Vladimir- arremeteu contra os o establishment judeu em Rússia que se achava sumido na preocupação pelo “assunto Beilis”: um judeu fora acusado de matar a uma criança cristã para fabricar matzot. Naquele momento, a maior preocupação dos judeus foi demonstrar que o judaísmo desaprovava as matzot contaminadas de sangue –e que, portanto, o incidente do que se lhes acusava não podia ter acontecido. Ante isso, Jabotinsky replicou: e que se passa se o rapaz cristão foi assassinado, em todo caso?

Os judeus temos direito aos nossos arranques de ira, assassinatos e mentiras. Devemos ser um facho de luz entre as nações, mas não uma mitificação ultraterrenal da nação dos sacerdotes. Somos seres humanos, e a humanidade também tem o seu lado escuro. É o que se denomina “liberdade de eleição”. Os judeus progres, que querem que sejamos como o resto dos povos, têm que me dar a razão neste ponto: podemos comportar-nos de forma parecidamente atroz.

É o que eu denomino o “dilema da kipá”. Resulta-me dificil levar kipá em dois contextos. Um é nos EEUU: os gentis que me arrodeam são tão “tolerantes” com a kipá, que me parece uma descortesia levá-la. Sabendo que me sinto muito judeu, tratam de amosar-se artificialmente receptivos, e reagem ante o signo externo da minha judeidade sentindo-se na necessidade de ser forçadamente atentos e comprensivos, até um ponto que raia com a histéria. Fazem-me sentir como um pacente de hospital arrodeado de atenções protocolárias levadas a um extremo empalagoso.

A outra situação, é quando não me comporto como se agarda de mim: quando esteve aprendendo a esquiar na França, não encaixava no patrão “olímpico”. Para dizê-lo honestamente, custou-me um esforço considerável não despojar-me da kipá.

Os judeus não têm por que ser perfeitos. Basta com que sejam normais, e isso inclui cometer as atrozidades consideradas normais. Sim, atacámos algumas instalações da ONU, e não tivemos escrúpulos em fazê-lo. É mais, em muitas zonas os soldados das IDF receberam instrucções de disparar sobre qualquer coisa que se movesse –gatos e árabes incluídos. E aínda mais, quando as IDF eram as IDF de verdade, soíamos matar aos prisoneiros de guerra –e em grandes quantidades. Não alguns extremistas de direita –dado que os mandos eram todos laboristas-, senão que a maioria dos soldados mataram numerosos prisoneiros de guerra sírios e egípcios. Podo justificar o assassinato por motivos religiosos ou por mera necessidade de supervivência, mas seria algo supérfluo. Sim, matámos prisoneiros de guerra, como o fazem todas as nações, incluíndo os norteamericanos, os australianos e os canadienses. Os egípcios pugeram o berro no céu depois de que um almibarado filme amosasse às IDF massacrando aos seus prisoneiros de guerra, e o establishment israeli arrastou-se implorando que se tratava dum filme, duma fantasia.

Bem. Pois agora não há nada de fantasioso nas minhas palavras: matámos muitíssimos prisoneiros de guerra egípcios, especialmente em 1967. Algo menos em 1973.

Para mim não supõe dilema moral algum.


OBADIAH SHOHER

1 comentarios:

Ben non está, pero os exipcios ben pouco poden falar do tema.

23/03/09, 18:20