O JOGO DA HONESTIDADE

Os reformistas pelo menos são honestos. Não exigem nada aos seus feligreses, os “judeus” podem violar todos e cada um dos mandamentos e, assim e tudo, ter garantido um assento nas sinagogas reformistas. A Torá para eles é um conto, a observância –voluntária, de todos os judeus- algo bom; não existe o mal. Os rabinos ortodoxos são superficialmente estritos. Os judeus devem observar milheiros de preceptos, que afortunadamente também incluim os mandamentos. Mas é isto certo? Os ortodoxos têm elevados objectivos, mas conformam-se com logros mais modestos. A observância é obrigatória, mais se se viola tacitamente não se passa nada. Observar as minuciosas regras rabínicas é mais importante que os próprios Mandamentos. É singelo controlar se apagas as luzes o Shabat, mas custoso observar o “não roubarás” e os demais mandamentos de orde moral. Os bons judeus ortodoxos entregam a Terra dos judeus aos árabes e submetem-se aos Governos ántisemitas de Israel. Os honestos reformistas têm abandoado abertamente toda traça de judaísmo, os ortodoxos também, mas de maneira mais hipócrita.

Ambos socavam à juventude judea. As escolas hebreas são fábricas de ántisemitas. A gente jovem é honesta e sensível. Eles contemplam a vacuidade reformista e a hipocresia ortodoxa e optam por rechaçá-las. Como vam poder as jóvenes crianças associar o relato de serem o povo escolhido com o exercício da igualdade entre todos os humanos? Se os judeus não se diferenciam dos negros, a que vem tanta história? Se, doutra banda, a Terra foi-nos Prometida, de que vai isso do “processo de paz”? As crianças não são parvas nem imbéceis: se Israel negocia o seu território, daquela será devido a que este depende mais da ONU que da palabra de D’us. Se os gays são admitidos nas sinagogas, daquela significa que os mandamentos os fixam os rabinos em vez de D’us. Que sentido teria ser observantes?

Os preceptos que as escolas hebreas não são capazes de aniquilar no ensino das crianças, os seus pais encarregam-se de fazê-lo. Shabat? Porco? Oração? Eh, que estamos no século XXI, esquecede esses atavismos. Não vos têm ensinado na escola que isso só são tradições passadas de moda? Sim, nós respeitamos a tradição. Ah, mas não a observamos. Porque, somos modernos ou que?

As crianças ódiam a mentira e não aceitam as explicações liosas da variante de bondade-de-sermos-judeus-não-judeus. As escolas, as sinagogas, e os pais demonstram que o judaísmo é uma grande mentira, ou talvez muitas pequenas mentiras. As crianças despreçam esse judaísmo. Toda uma geração será assimilada. Os rabinos promovem a ficção de que os rapazes de mãe judea são judeus; a todos os efectos isso é uma monumental mentira. Poucas mulheres judeas desposadas com gentis são capazes de que os seus filhos sejam judeus; a maioria assimilam-se velozmente. Uma geração de falsos judeus ou de não-judeus, escolhede vós a denominação.

É singelo inculcar valores judeus às crianças: simplesmente sendo honestos com elas. Os adolescentes do Betar de Jabotinsky não utilizavam ascensores adaptados ao Shabat, mas pegavam tiros contra os britânicos e os árabes. A gente jovem é muito receptiva às ideias –mas só às ideias com sentido. À Torá e ao Sionismo, mas não a Shulan Aruj [Nota: código de leis rabínicas elaborado pelo Rabbi Yosef Caro e vigente até hoje em dia]. Ao judaísmo consistente que discorre através duma linha firme desde o assassinato dos egípcios às mãos de Moisês até a conquista de Canaan por Josué e o extermínio dos amalequitas, até a guerra fundamentalista dos Macabeus e a revolta de Bar Kochba até os nossos dias. As crianças comprendem as verdades sem doblezes: “Esta é a nossa Terra, e não a dos árabes”, “Os judeus não são ateus de esquerda” –sempre e quando os pais e a sociedade não se adiquem infatigavelmente a desacreditar a ideia de judeidade, claro está.

Alguns dirám que isso é inculcar ódio nas crianças. Eu denomino-o predicar a verdade.


OBADIAH SHOHER


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