PAZ, PARA QUE?

A paz com o muçulmãos seria fantástica, mas Israel nunca poderá coexistir pacificamente no meio do ocêano de muçulmãos. É uma questão de xenofóbia, inveja, Islám –não porque os israelis tenham nada contra os palestinianos. Variante dos árabes despreçada por todos os árabes, em qualquer caso. Israel é o inimigo perfeito para os muçulmãos: diferente, forte, de apariência débil, moral. A beligerância não se deve a Jerusalém ou o West Bank: os muçulmãos odiavam aos judeus muito antes de que conquistássemos ambos lugares. Os árabes palestinianos rechaçaram a oferta de Barak do 98% do território que reclamavam para construir o seu Estado. Abu Mazen aceita agora uma oferta semelhante como trampolim para continuar atacando a Israel –algo inquestionavelmente claro e pormenorizadamente desenvolvido na Carta Fundacional da OLP. O terrorismo palestiniano tem-se disparado desde o começo do “processo de paz”, e nomeadamente a partir da desconexão de Israel em Gaza. Os árabes vem perto a vitória e intensificam os seus esforços contra o Estado judeu.

As garantias de seguridade dos EEUU que acompanham os tratados de paz carecem de valor. Israel acreditou nelas para rematar a guerra de 1956 com Egipto, mas os EEUU não impediram a mobilização desse país em 1967, nem evitaram o despregue de forças da ONU no Sinai tras a retirada, e toleraram o envio do exército do seu aliado jordano para pôr-se às ordes do mando egípcio. O Governo israeli exagera desmesuradamente a ajuda estadounidense para assim justificar a sua submissão aos caprichos das Administrações dos EEUU. Os norteamericanos retiraram o seu voto na ONU para estabelecer o Estado de Israel em 1948 e embargaram o envio de armas, combatendo assim contra o nascente Estado judeu. Os EEUU abriram também as suas portas a 100.000 palestinianos que fogiram da recém nascida Israel, tras fracassar no seu intento de destrui-la. Dez anos antes, os EEUU rechaçaram assimesmo a entrada de refugiados judeus procedentes de Europa. Os EEUU bloquearam a capazidade de represália israeli contra Egipto em 1956 (post factum), o ataque preventivo em 1967 (sem éxito) e em 1973 (com éxito). Os EEUU defenderam a Kuwait contra Irak, mas esteve preparada em 1956 e 1967 para despregar as suas tropas no Sinai e defender a Egipto contra Israel. Kissinger accedeu a apoiar a Israel em 1973 só para contrarrestar a influência soviética no Meio Leste. A ajuda estadounidense a Israel é insignificante considerando o seu Produto Interior Bruto. Os EEUU proporcionam praticamente a mesma ajuda a Egipto e à Autoridade Palestiniana –neste último caso, uma escandalosa quantidade se temos em conta o PIB palestiniano per capita. Os EEUU vendem mais armamento a Arábia Saudi que a Israel, e gasta mais dinheiro na guerra de Irak que a ajuda acumulada a Israel ao longo de décadas. A conquista de Gaza por Hamas é o resultado directo do seu trunfo nas eleições promovidas pelos EEUU, assim como a guerra do Líbano tras a eleição democrática de Hezbolá. A Administração USA pressiona para estabelecer uma democracia em Egipto, que trairia ao poder à Irmandade Islâmica, e em Pakistão, onde os islamistas venceriam e passariam a ter o controlo sobre o botão nuclear.

Os EEUU necessitam o processo de paz para justificar-se ante os muçulmãos. Uma postura imperial e arrogante seria muito mais solvente. Israel estaria melhor sem a ajuda dos EEUU, e sem a pressão, portanto, do suicida processo de paz. Nunca haverá paz entre o Estado judeu e os muçulmãos, embora só for porque a soberania sobre este território é um mandato doutrinal no Islám. Os muçulmãos honestos só podem aceitar a Israel temporlmente, como questão transitória. Israel não está para nada motivada num tratado de paz: esse tratado não deteria a carreira armamentística (os EEUU e a URSS também estavam em “paz” durante a carreira armamentística da Guerra Fria) nem proporcionaria normalidade (não há normalização com Egipto tras trinta anos de paz). O conflito palestiniano é insignificante: as IDF têm esmagado as insurrecções palestinianas várias vezes, e não teriam problema em volver ao fazer. Só pedimos que os EEUU deixem de incitar aos palestinianos. Que não os provoquem com promesas de estatalidade: as concessões envalentonam aos árabes para que elevem o agir terrorista, não lhes proporciona um exemplo de boa vontade a imitar. Que mirem para outro lado mentres os judeus construem o seu Estado do modo em que têm feito todas as nações.

Os tratados de paz entre Israel e Palestina não ressolverão nada. Os exércitos israeli e egípcio têm crescido aínda mais tras o tratado de paz –quando menos, em termos de orzamento- devido à desconfiança mútua. A incitação ánti-israeli aumenta em Egipto, não existe normalização, e o ódio vai-se acumulando, pavimentando o caminho para uma guerra de grande escala. Iran, e provavelmente Irak, não estarão dispostas à paz com Israel para além de qual seja a situação respeito aos palestinianos. O Líbano dominado por Hezbolá poderia cesar nas suas hostilidades com Israel, mas é improvável que asinem um tratado formal de paz. Em Palestina, a facção mais influínte –a entente Hamas/Irmandade Islâmica- aceita uma trégua só como medida táctica, e Fatah não será capaz de manter as suas promesas de paz eterna com Israel demassiado tempo. O tratado de paz é mais que perigoso para Israel, tanto em termos ideológicos como militares. Uma Israel que abandoe Judea e Samaria perderia toda legitimidade religiosa e histórica. A paz não converte a Israel num sítio seguro, senão numa faixa indefendível de 8 milhas de ancho, demassiado estreita como para que qualquer sistema de defesa antimísseis seja operativo.

Os judeus chegamos à Terra de Israel por razões religiosas, históricas e nacionais que só podem ser levadas à prática num Estado judeu de tamanho razoável e que inclua Jerusalém, Hebron e Judea. Por muito que anelemos a paz entre Israel e os muçulmãos, não a lograremos até que as coisas se tenham assentado ao longo dos próximos séculos.


OBADIAH SHOHER


26 Nisan 5769 / 20 Abril 2009


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