Aparantemente existem muitos tipos de Judaísmo e Cristanismo, amiúde superpostos. Por exemplo, existem pessoas que acreditam ser religiosos judeus que desacatam o Shabat, e cristãos que o observam. O Judaísmo Reformista segue muitas das práticas do cristanismo protestante. O tema da resurrecção de Jesus é praticamente insignificante. Suponde por um momento que os judeus aceitassem a resurrecção como um facto histórico. Que seria o seguinte? Como cambiaria isso a nossa vida? Abandoaríamos os Mandamentos? Não. Jesus dixo à multidão que obrassem segundo o que ensinavam os fariseus –e isso inclue a Lei oral codificada no Talmud. Estaríamos dispostos a seguir um feixe de arbitrárias regras apostólicas? Mas Santiago só ordeou abster-se do sangue, nada dixo do assassinato nem do roubo. Devemos asumir que não estám proibidos no Cristanismo? Debe afectar-nos a regra da reciprocidade positiva? E como? Os bons cristãos massacraram aos bons judeus. Amar-se uns aos outros é algo demassaido impreciso como para ser levado à prática. Israel não convive só com a Lei Básica, como não o fazem os EEUU com a Declaração de Direitos. A gente necessita instrucções mais detalhadas. No Judaísmo esse papel o jogam os Mandamentos. As pequenas comunidades dos primeiros cristãos podiam abandoar a Lei; os seus membros estavam unidos e podiam amar-se os uns aos outros, para além da image que nos legou Paulo nas suas cartas sobre comunidades descontentas. Uma vez que se expandiu o Cristanismo, os seus legisladores voltaram a recuperar arbitrariamente alguns dos Mandamentos. Os cristãos rechaçam, quando menos, um dos Dez Mandamentos: o Shabat, mas aceitam os secundários, como são a proibição da usura e a homosexualidade.


A autêntica diferença entre as duas religiões é de orde prática. O Judaísmo é prático, mentres que o Cristanismo é idealista. O ensino socializado do Judaísmo basea-se na reciprocidade negativa, “Não fagas ao teu vizinho o que a ti te ressultaria odioso”. Os cristãos modificaram esse precepto um pouco, fazendo-o impraticável. Reciprocidade positiva, “Trata ao teu vizinho como a ti próprio” (impraticável, sobretudo, quando “o teu vizinho” significa “todo o mundo”). Impraticável. Não podemos alimentar a todo o mundo antes de sentar-nos a comer nós, nem podemos atender às necessidades de todo o mundo antes de comprar bens não essenciais para nós próprios. O idealismo soa muito bem, mas não é tão bom. A gente que não pode praticar as regras, remata por abandoá-las. Necessitam racionalizar o falho. O enunciado da reciprocidade positiva não pode ser imaginado como algo errôneo, e então o que se faz é considerar que o errôneo são os seus objectivos. A gente não amada passa a ser demonizada: fixade-vos, inclusso os bons cristão são incapazes de amá-los. O ódio face o estrangeiro é a outra cara do amor universal. Os cristãos não podem amar aos judeus que rechaçam a sua doutrina; daí que, em conseqüência, muitos realmente ódiem aos judeus.


O idealismo cristão tem acarreado muitos problemas para os judeus. O idealismo esquerdista do amor e a boa fê ante os inimigos também.



OBADIAH SHOHER


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