A SANGUE E FOGO

Contra eles esta-te presto até a última das tuas forças, incluíndo a ânisa de btalha, para levar o terror ao coração dos inimigos, os inimigos de D’us e os teus inimigos” (Corám, 8:60).

A todos nos tem passado de entrar tranquilamente numa cafetaria e encontrar-nos com um pobre homem na rua esmolando pelo seu sustento, assaltados momentaneamente pelo dessassossego, continuamos o caminho e entramos no local.

A vida não é justa. Alguns nascem ricos, e alguns pobres; alguns são inteligentes, e outros limitados; poucos são os apostos, a maioria são feos. Com as nações passa-se o mesmo, não existem segundo o patrão dum mundo justo ideal. Muitas grandes nações têm rematado no sumidero da história; a antiga Pérsia, Grecia e Roma têm desaparecido para sempre, sendo reempraçadas por diferentes culturas. De Canaan a Melos, de Austrália aos EEUU, despiadadas hordas de advenedizos mais avançados têm despraçado aos nativos originários. Todos os Estados têm-se fundado sobre o sangue aborigem; a história não conhece outra maneira. Que outra coisa senão o medo a serem exterminados poderia fazer que os nativos acatassem o poder dos recém chegados? Que poderia levar aos netos dos aborigens a esquecer a antiga liberdade de viver na sua terra sem estrangeiros? A liberdade é um impulso muito poderoso. É algo inclusso innato; não é objecto de aprendizagem. Inclusso as tribos primitivas anelavam a liberdade –a liberdade respeito aos colonizadores.

Os EEUU tiveram que exterminar aos índios “peles vermelhos”, a fim de evoluir numa nação grande e segura; os superviventes foram confinados em reservas, intoxicados com alcool, subornados com promesas de benestar, e isolados mediante legislações tribais. Se os EEUU tivessem tolerado as suas múltiples tribos de índios, estas teriam constituído a maioria. A utilidade marginal dos ingressos ra maior para os pobres índios que para os colonizadores, e os índios estavam acostumados a aturar famílias muito mais numerosas que os brancos. Isso mesmo é o que se passa actualmente em Israel.

Os abandeirados da coexistência pacífica esquecem amiúde um pequeno detalhe: perguntar a sua opinião aos árabes. Estariam dacordo em compartir a sua terra com os colonizadores judeus? Aceitariam o benestar económico a câmbio das suas aspirações nacionais? Seguiriam subscrevendo a monogâmia fitícia segundo a qual Israel concede o rango a três das suas quatro mulheres de “mães solteiras” e subsidiando-as em conseqüência?

Os bolcheviques não representavam nem o 0’01 % da população russa quando iniciaram a sua revolução. Poucos eram os alemães que se uniram aos názis em 1929. Hamas representa a duras penas o 1 % da população de Gaza. Os números não importam: a determinação sim. E os nacionalistas palestinianos estám muito determinados a limpar o seu país de israelis.

Os judeus estavam perfeitamente integrados na sociedade espanhola em 1492, na sociedade russa em 1905, e na sociedade alemã em 1933. Na década dos anos vinte, os religiosos judeus mantinham uma relação tão boa com os seus vizinhos árabes e nem asomo de estabelecer um Estado judeu- que até rechaçavam a protecção da Haganá em Tiberias, Tzfat, Hebron e Jerusalém. Aquela relação, porém, cambiou em questão de segundos. Os europeus e os árabes massacraram aos judeus, que não tinham aspirações políticas; considerade, pois, quanto mais dispostos estarão os árabes agora a rebelar-se contra os colonizadores judeus. Os ataques rutinários contra judeus acometidos pelos “árabe-israelis”, o desdém face a legislação israeli evidenciada nas massivas construcções ilegais e a evasão fiscal, e o apoio dos árabe-israelis à OLP amosam a ponta do iceberg do ódio oculto baixo a superfície do que digam as reportagens dos mass media. A população árabe-israeli está experimentando um aumento demográfico na sua faixa juvenil; dentro de dez anos, massas de jóvenes desempregados, improdutivos, olharam face os seus vizinhos judeus com codícia.

Rechaçados nos seus refúgios europeus, insultados pelo predomínio dhimmi, e carentes de qualquer ética do trabalho, os árabes não podem ser integrados na sociedade israeli. Aínda pior, o Governo provoca-os permanentemente subsidiando a sua conformidade e tolerando a sua conduta absolutamente degradada. A receita está clara: Israel debe ser forte e os seus árabes manter-se quedos. Mas, para que necessitamos uns vizinhos assim? A calma forçada é a actitude que se agarda dos inimigos ou criminais, não dos bons vizinhos. Os árabe-israelis são uma quinta coluna que deve ser mantida a raia através do medo. Sendo assim, por que não os expulsar directamente e viver em paz? A assumpção de ter que aplicar a força constantemente é algo insuportável. Já na actualidade, muitas áreas de assentamentos árabes em Israel estám fóra da jurisdicção legal e policial israeli. Lod, uma vila a poucas milhas do único aeroporto significativo de Israel, é um ilustrativo exemplo. Os distritos árabes de Lod estám vedados aos funcionários dos tribunais israelis, e a polícia só se atreve a entrar ali em veículos blindados. Muitas vilas e povos árabes da Glilea são semelhantemente autónomos da justiça israeli: da evasão fiscal, passando pelo tráfico de drogas até o contrabando de armas, estás para além do sistema judicial israeli. Os árabes sentem-se legitimados a montar algaradas inclusso em Jerusalém; mentres a polícia israeli aplica-se com brutalidade contra os manifestantes judeus, amiúde arrasando os seus bairros (como acontece em Mea Shearim), os árabes recebem um trato exquisito. Os tribunais israelis fazem recair sentenças muito mais duras sobre os judeus que sobre os árabes. Os ancianos árabe-israelis, lembrando os dias de 1948 e 1967, sentem um medo razoável ante a mão dura dos judeus, mas a nova geração carece dessa experiência e identifica a debilidade do gigante de palha israeli. Os árabes aceitam a partição judea do seu território só como uma solução temporal. Qualquer afirmação em contrário deixemo-la para o papel molhado dos “tratados de paz”.

A coexistência pacífica com os árabes seria algo precioso. Mágoa que nenhum Estado se tenha constituído jamais pacificamente por massas de recém chegados que convivem com os aborigens. A violência é indispensável para construir um Estado. A violência deve ser empregada na proporção mínima possível. Imaginade que os názis alemães tivessem alcançado o seu objectivo de homogeneidade razial expulsando aos judeus a Palestina; a matança sistemática teria resultado politicamente inecessária. Daí que o Holocausto seja um crime genocida mais que um efecto não desejado duma cruel estratégia política. Israel pode lograr o seu objectivo de ser um Estado Judeu (não mixto) transferindo aos árabes palestinianos trinta milhas a Jord^nia –uma crueldade assumível segundo os estándards do que é um Estado. Os procedimentos mais ténues não funcionarão. Historicamente, a expulsão dos aborigens só tem sido exitosa tras campanhas de extermínio a grande escala, que têm reduzido a níveis insignificantes o desejo e capazidade de resistir.

A Torá segue sendo algo aplicável porque a natureza humana segue sendo a mesma. Alexandre o Magno teria ficado abraiado inicialmente pelos tanques Merkava, mas imediatamente teria reconhecido a semelhança com a sua cavalaria. As armas câmbiam, mas o rosto da guerra é o mesmo desde os primeiros enfrontamentos entre nómadas e sedentários na noite dos tempos. As instrucções que recebeu Josué para enfrontar-se aos canaanitas ecoam na política desenvolvida por Ben Gurion –e topam, por certo, com exactamente a mesma actitude dos muçulmãos de jurar vingança obrigatória. Para os árabes, os judeus que renegam da vingança contra os palestinianos pelos seus actos terroristas são uns cobardes impresentáveis, que não merecem paz nem amizade. Os judeus assimilados despreçam a sua história, mas os árabes respeitam a sua enormemente.

Nenhum Estado moderno se tem conformado por vias distintas a todos os que os precederam, e nenhuma guerra tem discorrido por outros derroteiros. Os idealistas dizem que “outro caminho é possível”; incomprensivelmente os centenares de gerações que nos têm precedido não acharam esse caminho. Os judeus não são ratas de laboratório com as que experimentar. Deixade que sejam outros os que intentem estabelecer o seu Estado pacificamente. Nós preferimos o tradicional, provado, e único caminho face o Estado próprio: o sangue dos nossos inimigos.


OBADIAH SHOHER

25 Iyar 5769 / 21 Maio 2009

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