CHEGOU A HORA DO ATAQUE ISRAELI?

A amaça nuclear iraniana não foi questionada em momento algum da sua recente campanha eleitoral, mas tras a trifulca post-eleitoral houvo quem quixo ver a possibilidade duma espécie de câmbio de régime. Algo que semelha afastado num futuro próximo ou, quando menos, antes de que Iran remate de apontalar a sua capazidade de desenvolver armas nucleares.

Em conseqüência, a falha de opções mais plausíveis, a lógica dum ataque preventivo israeli faz-se inexorável. Israel avanza nessa direcção, embora não o faga o Presidente Obama.

Este segue empenhado no “co promisso” (um termo particularmente evocador nas circunstâncias actuais) com o vigente régime de Iran. O passado joves, o Departamento de Estado confirmou que a sua Secretária, Hilary Clinton, falou com os seus homólogos russo e chinês sobre as possibilidades de “voltar sentar a Iran na mesa de negociações arredor dos assuntos que preocupam à comunidade internacional”. Esse é precisamente o ponto de vista do Ministros de AAEE russo, Sergei Lavrov, tal como o reflexou no comunicado do G-8 ao dia seguinte do seu cúmio. O senador John Kerry acredita que os sucessos “desagradáveis” ocorridos tras as recentes eleições retrasarão a continuação das conversas apenas umas semanas.

Fontes da Administração Obama opinam (de modo anônimo) que Iran está mais impacente por negociar que antes das eleições a fim de lograr “aceitação” por parte da comunidade internacional. Algumas filtrações indicam que as negociações deveriam dar os seus frutos coincidindo com a apertura da Assembleia Geral da ONU a finais de Setembro, mentres que outras sinalam que haverá que agardar a finais de ano para observar progressos. Este incerto cenário parte do presuposto de que o regime de Teheran está preocupado por lograr “aceitação” ou que está, em certo modo, avergonhado pela forma em que se tem conduzido com a oposição interna. Ambos presupostos são mais que duvidosos.

Obama intentará, sem embargo, iniciar as negociações bilaterais com Iran, a pesar de que o tempo corre na sua contra segundo a agenda filtrada aos mass media. Tem dois grandes problemas que afrontar. Primeiro, Iran não vai negociar de boa fê. Não o tem feito com a União Europeia durante os seis últimos anos, e não o vai começar fazer agora. Como dixo Clinton o passado martes, Iran tem “um crescente vazio de credibilidade” devido ao seu fraude eleitoral. Segundo, dado o progresso nuclear iraniano, inclusso no caso de que se levassem a cabo as mais fortes das sanções com que Obama tem ameazado, não serão suficientes como para disuadir a Iran da fabricação de armamento e os sistemas de lanzamento, que se tem esforzado em ultimar durante os últimos 20 anos. O tempo restante é pequeno, e as sanções há muito que têm demonstrado a sua ineficázia.

Só aqueles mais teologicamente entregados à via da negociação acreditam aínda que Iran renunciará de plano ao seu programa nuclear. Desgraçadamente, a Administração Obama tem um “Plano B”, que permitiria a Iran gozar dum programa de energia nuclear para usos civis ”pacíficos”, de estar disposta a “renunciar” publicamente ao objectivo do arsenal nuclear. Obama definiria tamanhe acordo como um “éxito”, embora na prática diferiria em pouco do que Iran já está fazendo e dizendo actualmente. Um programa “pacífico” de enriquecimento de urânio, reactores “pacíficos” como o de Bushehr e projectos “pacíficos” como de construcção de uma planta de água pesada que está em marcha na localidade de Arak, deixam a Iran com uma capazidade de manobra intacta para produzir armas atómicas em quanto o desejem. E qualquer que acredite que o Corpo da Garda Revolucionária abandoará os programas de armamento e mísseis balísticos, seguro que também é capaz de acreditar que nas eleições do 12 de Junho não houvo fraude.

Em ressumo, os fraudulentos comícios e as suas tumultuosas seqüelas tem deixado ao descoberto dramaticamente os erros estratégicos e tácticos do plano de jogo de Obama. Com um câmbio de régime descartado para o próximo crítico período do programa nuclear iraniano, a decisão israeli de utilizar a forza é mais apremiante e está mais que justificada. Dado que pouco há que a diplomácia poida fazer no estreito marge de tempo que baralhamos, carece de sentido agardar por umas negociações que chegarão fóra de prazo. De facto, dada a evidência do que Obama considera um “éxito”, qualquer processo de negociação só representa uma trampa perigosíssima para Israel.

Aqueles que se opõem a que Iran tenha armas nucleares só têm a opção de utilizar a forza militar contra as instalações nucleares. Simultaneamente, os recentes acontecimentos em Iran fazilitariam uma campanha pública de despregue diplomático que fosse encaminhada a explicar aos iranianos que um ataque dessas características iria dirigido contra o régime, e não contra o povo iraniano -algo que sempre tem sido assim, mas no que cumpre pôr ênfase nas actuais circunstâncias, agora que a brecha entre a revolução islamista de 1979 e a cidadania iraniana é maior que nunca. Uma acção militar contra o programa nuclear iraniano, com o objectivo acrescentado de derrubar o régime, poderia ser levado a cabo conjuntamente com a oposição interna consistentemente.

Não sendo assim, preparemo-nos para uma Iran com armamento nuclear, que alguns –incluídos os conselheiros de Obama- seguem acreditando que pode ser detido ou disuadido pelas boas. Essa é uma hipótese que não meresce a pena comprovar no terreno dos factos. O custe do estarmos equivocados seria fatal.


JOHN BOLTON

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