Depois de milênios de exílio, os judeus não estám acostumados à soberania. Os judeus colheram o mau hábito de apelar à pol´cia: para proteger o seu ghetto, antes, e para proteger o seu Estado, agora. Assim, o lobby israeli inclina-se dócil para recolher apoios internacionais às sanções contra Irão. Por se acaso alguém o tem esquecido: Irão vive baixo sanções desde há 29 anos, quer dizer, desde a sua Revolução Islâmica. O cacarejado terceiro paquete de sanções é um semsentido tão grande como os dois anteriores: congelarão algumas contas bancárias já vazias e imponherão proibições de viajar àqueles que podem viajar baixo qualquer nome que escolham. Para além disso, as sanções são ilegais: por que deveria Irão, como membro do Tratado de Não Proliferação, ser castigada por adquirir tecnologia nuclear civil se os EEUU reconheceram oficialmente que Irão não possue um programa nuclear de uso militar? Num mundo interconectado as sanções nunca são eficientes, especialmente as sanções à importação: Irão pode transbordar as suas importações através dos Emiratos Árabes Unidos, Síria ou qualquer outro país, e utilizar os bancos dos Emiratos e as redes de câmbio monetário para transacções financieiras. As únicas sanções efectivas contra Irão seriam as sanções à exportação, proibindo a adquisição de petróleo procedente desse país, mas a ninguém lhes importam tanto os judeus como para pagar um preço extra nas estações de serviço.
Efectivamente, por que deveria ninguém preocupar-se pelos judeus? Algum judeu que lê livros sobre o Holocausto interessa-se, honestamente, pelos ziganos assassinados nos lager? Por que deveria uma companhia francesa abstener-se de fazer um negócio rápido mediante transacções com Irão? Nós, os judeus, não tivemos problema em cooperar com Sudáfrica no desenvolvimento de armas nucleares, ou em ajudar às ditaduras latinoamericanas a trair em jaque às suas populações. Se Rússia vende missis a Síria, e os EEUU armas avançadas a Arábia Saudi, por que Siemens não deveria construir uma rede de telecos em Irão? Para além disso, se Siemens não o faz, fará-o Samsung, ou alguma das telecos emergentes do Leste de Europa.
Os judeus podem apelar ao Holocausto, à compassião, a sentimentos humanos básicos –e inclusso lograr que os governos occidentais apoiem sobre o papel essas noções; mas, ao cabo, os governos sabem que não têm obrigas fiduciárias com os judeus. De facto, a maioria dos seus súbditos inclusso disfrutariam se os judeus fossem achicharrados por uma ráfaga nuclear.
Outros países não têm necessidade de temer um Irão nuclear. Não há maneira de que Irão realice um ataque nuclear contra os EEUU, Rússia, França ou Egipto – tanto pelo temor de uma resposta aplastante, como porque não tem razões para os atacar. Os contos para não durmir de Irão vendendo armas nucleares a terroristas internacionais são estupidezes: Irão nem sequer permitiu que Hezbollah utilizasse missis de Zelzal-2 na guerra do Líbano de 2006. Os únicos países que têm boas razões para temer um Irão nuclearizado são Israel e o Iraque.
As sanções contra Irão são o clássico exemplo de “diplomácia tranquila”, a quintaessência da política de Judenrat que invariavelmente tem fracassado: não serviu para evitar os pogromos na Rússia zarista, nem moveu aos aliados a salvar aos judeus europeus, nem a libertar aos judeus na URSS. A diplomácia tranquila requere o cerebro de um Bismarck e a talha moral de Alemanha. Os judeus chamariam desesperados nas portas.
Israel pode bombardear Irão, sofrer as consequências, e ré-estabelecer o seu pretígio e capazidade de persuassão internacional durante outros vinte ou trinta anos. Ou bem delegar nas potenças estrangeiras para que fagam um trabalho que não têm porque fazer, e não ser tomada em consideração, arrodeada de Estados árabes que eventualmente podam deixá-la fritida.
O problema maior, contudo, não é Irão, senão as armas nucleares dos islamistas paquistanis e os comunistas de Corea do Norde.
OBADIAH SHOHER
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