SHABAT SHALOM



Por amor de Sião não calarei,

e por amor a Jerusalém não estarei tranquilo

até que reluça a sua justiça como um resplandor

e arda a sua salvação como um facho.

(Isaías 62:1)


Depois de milênios de exílio, os judeus não estám acostumados à soberania. Os judeus colheram o mau hábito de apelar à pol´cia: para proteger o seu ghetto, antes, e para proteger o seu Estado, agora. Assim, o lobby israeli inclina-se dócil para recolher apoios internacionais às sanções contra Irão. Por se acaso alguém o tem esquecido: Irão vive baixo sanções desde há 29 anos, quer dizer, desde a sua Revolução Islâmica. O cacarejado terceiro paquete de sanções é um semsentido tão grande como os dois anteriores: congelarão algumas contas bancárias já vazias e imponherão proibições de viajar àqueles que podem viajar baixo qualquer nome que escolham. Para além disso, as sanções são ilegais: por que deveria Irão, como membro do Tratado de Não Proliferação, ser castigada por adquirir tecnologia nuclear civil se os EEUU reconheceram oficialmente que Irão não possue um programa nuclear de uso militar? Num mundo interconectado as sanções nunca são eficientes, especialmente as sanções à importação: Irão pode transbordar as suas importações através dos Emiratos Árabes Unidos, Síria ou qualquer outro país, e utilizar os bancos dos Emiratos e as redes de câmbio monetário para transacções financieiras. As únicas sanções efectivas contra Irão seriam as sanções à exportação, proibindo a adquisição de petróleo procedente desse país, mas a ninguém lhes importam tanto os judeus como para pagar um preço extra nas estações de serviço.

Efectivamente, por que deveria ninguém preocupar-se pelos judeus? Algum judeu que lê livros sobre o Holocausto interessa-se, honestamente, pelos ziganos assassinados nos lager? Por que deveria uma companhia francesa abstener-se de fazer um negócio rápido mediante transacções com Irão? Nós, os judeus, não tivemos problema em cooperar com Sudáfrica no desenvolvimento de armas nucleares, ou em ajudar às ditaduras latinoamericanas a trair em jaque às suas populações. Se Rússia vende missis a Síria, e os EEUU armas avançadas a Arábia Saudi, por que Siemens não deveria construir uma rede de telecos em Irão? Para além disso, se Siemens não o faz, fará-o Samsung, ou alguma das telecos emergentes do Leste de Europa.

Os judeus podem apelar ao Holocausto, à compassião, a sentimentos humanos básicos –e inclusso lograr que os governos occidentais apoiem sobre o papel essas noções; mas, ao cabo, os governos sabem que não têm obrigas fiduciárias com os judeus. De facto, a maioria dos seus súbditos inclusso disfrutariam se os judeus fossem achicharrados por uma ráfaga nuclear.

Outros países não têm necessidade de temer um Irão nuclear. Não há maneira de que Irão realice um ataque nuclear contra os EEUU, Rússia, França ou Egipto – tanto pelo temor de uma resposta aplastante, como porque não tem razões para os atacar. Os contos para não durmir de Irão vendendo armas nucleares a terroristas internacionais são estupidezes: Irão nem sequer permitiu que Hezbollah utilizasse missis de Zelzal-2 na guerra do Líbano de 2006. Os únicos países que têm boas razões para temer um Irão nuclearizado são Israel e o Iraque.

As sanções contra Irão são o clássico exemplo de “diplomácia tranquila”, a quintaessência da política de Judenrat que invariavelmente tem fracassado: não serviu para evitar os pogromos na Rússia zarista, nem moveu aos aliados a salvar aos judeus europeus, nem a libertar aos judeus na URSS. A diplomácia tranquila requere o cerebro de um Bismarck e a talha moral de Alemanha. Os judeus chamariam desesperados nas portas.

Israel pode bombardear Irão, sofrer as consequências, e ré-estabelecer o seu pretígio e capazidade de persuassão internacional durante outros vinte ou trinta anos. Ou bem delegar nas potenças estrangeiras para que fagam um trabalho que não têm porque fazer, e não ser tomada em consideração, arrodeada de Estados árabes que eventualmente podam deixá-la fritida.

O problema maior, contudo, não é Irão, senão as armas nucleares dos islamistas paquistanis e os comunistas de Corea do Norde.


OBADIAH SHOHER


Querido mundo,

Semelha que es dificil de comprazer.

Entendo que estejas molesto connosco, os judeus, sobretudo desde que temos o nosso próprio Estado, Israel. E ainda mais, entendo que podas estar enfadado e até furioso. Não é nada novo, porque cada certo tempo semelhas incomodado e molesto pela nossa culpa, estejamos onde for e figermos o que for.

Hoje molesta-che a repressão dos palestiniãos, embora seja para capturar ou castigar terroristas. Antes, foi a destrucção do reactor nuclear do tirano e genocida Saddam Hussein em Bagdad; também te sentiste molesto pela nossa vitória na guerra do Yom Kippur. Todos foram ataques defesivos, ti sabe-lo bem. Israel é tão minúsculo que não pode permitir-se o lujo de perder uma só guerra; seria a última, seria o seu fim. Mas, por algum motivo que desconheço –igual que tantas vezes antes- também te sentiste molesto.

Aparentemente, os trunfos e a vida dos judeus incomodan-te enormemente. Como já che comentei, desde muito antes da existência do Estado de Israel, o povo judeu tem-che molestado. E podemos retroceder num longo caminho de perturbações. Citarei apenas algumas para não cansar-che demassiado.

Molestámos aos senhores feudais da Idade Meia, que nos acusavam de ser os causantes de todos os andácios e desgraças que assolavam aos seus pobres súbditos. Molestámos aos Cruzados, que na sua viagem para libertar Terra Santa estavam tão desgostados com os judeus que assassinaram quantos puderam no seu santo caminho.

Já no século XV molestámos aos Reis de Espanha, que nos mataram por milheiros obrigando a nos converter à fê verdadeira, sob pena de fogueira; não satisfeitos com isso, expulsaram-nos do seu território –isso que chegáramos ali antes que eles.

Durante séculos perturbámos à Igreja Católica de Roma, que fez o possível para aniquilar-nos através da Santa Inquisição. Acusava-nos de rituais bárbaros e de sermos o povo deicida.

Também molestámos a Martin Lutero, quem no seu chamado para queimar as sinagogas com os judeus dentro, amosou um admirável espírito de missericórdia cristã.

Molestámos a todos os governantes de Europa, que nos acuravam de ser os causantes cada vez que se dava uma crise social ou económica, e assim foi durante séculos.

Nós molestámos ao povo alemão que eligiu por maioria a Adolfo Hitler, e ao povo austríaco que celebrou a sua entrada em Viena. Também molestámos às nações eslavas, a Polônia, a Hungria, etc., já que todos eles entregaram-nos aos verdugos názis para sermos conduzidos às câmaras de gas, como se não fossemos os seus cidadãos.

Antes de tudo isto, molestámos aos zares de Rússia e aos cossacos, que massacraram milheiros de judeus entre 1649-49 –alguns quantos mais, anos antes, e alguns quantos mais, anos depois.

Também conseguimos molestar a Stáline, pois nas suas purgas e gulags desfixo-se de vários milheiros de nós, com os mais variados argumentos.

E como estamos molestos por molestar-che, querido mundo, é que decidímos deixar-te (é um dizer) e estabelecer um Estado judeu.

A razão é que, ao termos vivido em diferentes latitudes e países, sentimos que te irritamos e perturbamos; ainda quando alguns de nós abandoam a nossa cultura e tradições, seguimos disturbando-te. Os judeus que se convertiam à fê verdadeira, antes de depois do Decreto de Expulsão de 1492, os conversos, não deixavam de ser objecto de discriminação, maltrato, ataques e assassinatos. Também as câmaras de gas estavam cheas de alemães que se criam livres da sua judeidade, e que se inteiravam do contrário mentres os levavam como a gando nos comboios que avançavam face os campos de extermínio.

Os países aliados, a pesar de que os seus aviões podiam bombardear com precisão pontes e cuarteis inimigos, ignoraram a existência dos campos de concentração e os fornos crematórios.

Por tudo isto, decidimos voltar a construir um Estado, no mesmo sítio onde a maioria fumos expulsos há 1900 anos pelo Império Romano, ao qual se vê que também molestámos.

Mentres tanto, temos-che dado homens e mulheres extraordinários, filósofos, artistas, científicos. Muitos de eles, com as suas investigações e trabalhos, marcaram um antes e um depois nas suas matérias e assuntos, já sabes: Baruch Spinoza, Maimónides, Heine, Kafka, Mahler, Sabin, Milstein, Gershwin, Levi-Strauss, Mailer, Arendt, etc. E sendo algo assim como o 0’02% da tua população, temos-che dado mais do 20% dos premiados com o Nóbel. Quando a guerra civil espanhola, para luitar contra o fascismo e a tirania, acudiram 40.000 brigadistas de todo o mundo: 7.000 de eles eram judeus, umaproporção realmente chamativa.

Aparentemente, querido mundo, ti es muito dificil de comprazer.

Depois de termos passado por múltiples perseguições e matanças, pela Inquisição, os pogromos, o Holocausto, e tendo decidido viver no nosso pequeno Estado (apenas mais grande que a província de Madrid, a de Tucumán, ou o Estado de New Jersey), semelha que seguimos molestando.

Ti estás molesto pela nossa resposta aos palestiniãos, e até desculpas os seus terríveis assassinatos com homens-bomba, ou que sacrifiquem às suas crianças colocando-as na linha de fogo. Nunca antes te amosaras tão indulgente nem interessado pela sorte de ninguém como pela de eles, ainda quando os islamistas do Sudão tenham matado mais de 800.000 pessoas no processo de islamização desse país, ou quando os habirtantes de Timor Leste eram atacados. Ou quando os franceses massacravam à resistência em Algéria. Ou pelos rapazes de Serra Leona, que morrem matando todos os dias. Ou pelos centos de milheiros de vítimas em Camboya. A ti, mundo, não te interessa que não tenham Estado próprio os cachemires, os tamil, os corsos, os kurdos, os neocaledónios, os ibos, os aymara, os saharauis, os sioux, os ziganos ou os kelpers. Dos centos de nações sem Estado, só os palestiniãos têm despertado a tua solidariedade incondicional. Onde estavam manifestando-se os teus cidadãos pela liberdade do povo tibetão? Quantas manifestações houvo pelo que se passou na Praça de Tienanmen? E pelos de Cashemir? Onde estava toda esta gente? Ninguém move um só dedo pelos milheiros de povos sem Estado em todo o mundo, povos que agora são aniquilados ou assassinados como o povo kurdo ou os armênios. Ti nesses casos quase não dizes nada.

Mas os palestiniãos interessam-che agora., porque quando Jordânia matou a milheiros de eles e quando foram expulsados do Líbano, também não disseste grande coisa.. E quando Kuwait expulsou a cem mil palestiniãos do seu país ninguém dixo nada. Por que esta solidariedade com o povo palestinião quando se enfronta a Israel? Nunca ti, querido mundo, tes estado tão solidário como com os palestiniãos, ainda estando dirigidos por um reconhecido terrorista que dirigiu uma das administrações mais corruptas, capaz de desviar para contas particulares os fundos com os que os ajudavas generosamente.

Por que, querido mundo, inventas massacres onde houvo combates, como em Jenin, e os teus prestigiosos intelectuais comparam o genocídio de milhões de pessoas indefesas e pacíficos cidadãos de pleno direito – o Holocausto- com enfrontamentos num levantamento armado que em dois anos tem causado mais de 1.000 vítimas israelis? Tes aceitado uma comparação do incomparável.

Apenas dis nada quando reventam a embaixada israeli na Argentina, ou a sé da AMIA com mais de 100 vítimas, ou quando na França destroçam sinagogas, agredem a colegiais ou profanam os cimitérios judeus. Ou quando estoiram a sinagoga de Tunísia, ou quando num hotel de Natânia voam pelo ar meio cento de pessoas durante uma das nossas celebrações mais queridas. Ou quando destroçam escolares e amas de casa nos autobuses e mercados populares de Israel.

Ti estás muito enfadado porque não renunciamos às terras recuperadas em 1967, às que accedimos venzendo com o nosso sangue a agressão de todo o mundo árabe. Moscova, Washington, Europa, os árabes moderados e os árabes radicais, todos molestos com a nossa vitória.

Bom, querido mundo, pom-te por um momento na pele de um judeu corrente de Israel, e di-me como te sentirias.

Entre 1920-1929 não existia esse problema dos territórios “ocupados” de 1967 que impediram a paz entre árabes e judeus, não havia Estado judeu para disturbar a ninguém, não obstante o qual, estes mesmos palestiniãos assassinaram a centos de judeus em Jerusalém, Jaffa, Safed e Hebrão, localidade na que num só dia foram assassinados 67 judeus em 1929.

Acasso pudo dever-se à sua fúria pela “agressão israeli” de 1967? E por que 510 judeus, homens, mulheres e crianças, foram assassinados em distúrbios árabes entre 1936-39? Foi porque os árabes se sentiram molestos pelo de 1967? Impossível, não sim?

E quando ti, mundo, propugeste um plano de partição no 1947 que teria dado lugar a dois Estados limitrofes, um árabe e outro judeu, os árabes responderam com um rotundo “não!”, foram à guerra e mataram 6.000 judeus porque previam os acontecimentos de 1967?

Por que não se escuitou a tua queixa, a tua moléstia, naquele momento? Os pobres palestiniãos, que nunca até a criação do Estado de Israel, identificaram-se como tais, que nunca pretenderam ter um Estado até essa data, são os mesmos que hoje matam judeus com explossivos, são parte do mesmo povo que incitou a botar-nos ao mar.

O mesmo ódio, a mesma falsidade, o mesmo berro: “itbaj-al-iahud!” (“massacremos aos judeus”) que ouvimos hoje foram escuitados ontem.

O mesmo povo, o mesmo sonho: destruir Israel.

Querido mundo, ti ficache passivo. Não disseste nada, permaneceche à espera, no 1948, quando sete países lançaram uma guerra que a Liga Árabe (formada por países governados por sanguinários ditadores) ourgulhosa e convencida da sua possível vitória comparou com as massacres mongólicas. Ti estiveste à espera, sem dizer nada, quando Nasser em 1967 incitou selvagemente ao mundo árabe a botar-nos ao mar.

Seguimos-che molestando, querido mundo; todas aquelas perseguições, vexações e matanças, todo aquele velho ánti-semitismo toma hoje a forma de ánti-sionismo; subjaz a mesma judeofóbia de sempre.

Ti, querido mundo, estarás encolhido de hombros ou quiçá à espera quando amanhá Israel se enfronte à sua possível extinção outra vez.

Mas não o duvides, faremos todo o possível para permanecer vivos na nossa própria terra, fazendo o que faga falha para isso. Se isto te molesta muito, mundo, pensa em quantas vezes no passado ti nos tes molestado e disturbado.

De qualquer modo, mundo, se te molestamos, aquí –em Israel- há um judeu a quem não lhe importa.


RAV. MEIR KAHANE (1988)

ESCOLHAMOS A ÍNDIA


Os árabes na Idade Meia desenvolveram aceitavelmente a ciência. Depois os europeus figeram outro tanto, embora mais devagar, e os americãos e os japoneses tomaram o relevo. Agora os índios (certas castas) são criativos, numerosos, e relativamente aplicados. Muitos de eles emigram, alguns regressam, muitos ficam na Índia. China não pode ir demassiado para além porque a cultura confuciã não estimula a criatividade, só faz ênfase no trabalho diligente. Índia é a melhor candidata para chegar a ser a próxima súper-potença. Sem embargo, padece o mesmo problema que Israel: a falha de clusters competitivos. Ambos países possuem excelentes cerebros que aceitam a subcontratação estrangeira, mas carecemos de infraestruturas: excelentes universidades, empressas financeiras, regulações que favoreçam os negócios, e indústrias de apoio para a comercialização. Não está claro, e sem dúvida é improvável, que a Índia possa desenvolver clusters competitivos em vez de seguir sendo uma fonte de alta tecnologia em mãos estrangeiras. Mas se o logra seria magnífico para Israel, já que a Índia também padece graves problemas com o islamismo, com o terrorismo, tem rezelos face EEUU e a Grande Bretanha , e historicamente nunca foi ánti-semita, a pesar de que os seus líderes socialistas e alguns nacionalistas promoveram esse tipo de sentimentos.

China não se convertirá numa súper-potença tanto pela falha de criatividade derivada da sua cultura confuciã, como pela sua gigantesca população que impede uma pressão à alça sobre os salários, imprescindível para o avanço em tecnologias. As castas intelectualmente aproveitáveis na Índia são relativamente escassas, mentres que na China têm-se acumulado já uns imensos excedentes financeiros dos seus cidadãos que não são ré-distribuídos. China, para além disso, poderia ser um país aliado de Israel; mas os chineses, porém, são enormemente pragmáticos, e preferirão decantar-se face regimes islamistas reácios a nós, especialmente àqueles que não se neguem rotundamente a que Israel abasteça a China com tecnologia militar.

O razoável para Israel é orientar a sua política internacional face a Índia, a pesar das objecções dos chineses e dos EEUU.


OBADIAH SHOHER

(27 Tammuz 5768 / 29 Julho 2008)

UM HERÓI COMO OS DEMAIS


Há uns dias Baruch Goldstein teria celebrado o seu 50 cumpreanos. Dou a sua vida na “Massacre da Cova dos Patriarcas”, em Hebrão. O 25 de Fevereiro de 1994, Baruch entrou no santuário judeu convertido em mesquita pelos árabes e matou 29 árabes, ferindo a outros 150. Um herói para alguns, um colono enlouquecido para outros, permanece na história do povo judeu.

Os árabes desarmaram a Baruch e o lincharam imediatamente. Vários israelis têm ido a prisão por um crime similar, por disparar a terroristas ou prisioneiros de guerra tras desarmá-los. A acção de vingança, não a loucura passageira, dos árabes exige persecução criminal. A polícia dixo que a gravação de vídeo-vigilância estava averiada, e as testemunhas foram ignoradas. Figesse o que for, Baruch Goldstein foi assassinado, e a sua morte nunca foi investigada. Assassinar judeus é socialmente aceitável em Israel.

Os meios de comunicação israelis emprenderam uma campanha de desprestígio contra o falecido. Foi descrito como um pária emocionalmente inestável, um psicópata de extrema direita, um doutor kahanista que se negava a tratar aos gentis, um assassino a sangue frio de seguidores do Islão. Nenhuma dessas imputações era certa. Baruch agiu para deter o extremo perigo no que se achavam os judeus de Hebrão antes da Páscua. Depois da morte de Baruch –embora o governo israeli o condeou e absolveu à turba que protagonizou o linchamento- os distúrbios árabes estoiraram. Cinco judeus e alguns árabes foram assassinados. Os distúrbios imediatos demonstram que Baruch agiu ante um perigo real e não imaginário. O exército israeli foi incapaz de conter aos palestiniãos durante a Páscua. Baruch tomou a justiça pela sua mão.

Baruch também se vingou dos árabes pelos numerosos assassinatos de judeus na área de Hebrão. Ele interpretou o “olho por olho” como uma orientação prática, e não como um anticuado barbarismo religioso ou uma doutrina de compensação económica. A Torah não dá cabida ao libelo ánti-semita de que os judeus aceitam dinheiro a câmbio de sangue judeu. “Olho por olho” significa que os árabes debem morrer pelos judeus que eles têm assassinado. As nações são julgadas colectivamente: em Sodoma, Nineveh, Afeganistão ou Palestina.

Baruch poderia ter sido mais clarividente e disparar aos árabes num autobus, não numa mesquita. Israel honra a Shlomo ben Yosef, o primeiro que tiroteou um autobus árabe em 1938, em vingança pelos assassinatos árabes de judeus. Os palestiniãos não voltaram atacar fieis judeus em Israel depois da massacre do Muro Oeste em 1928; matar árabes numa mesquita diluiu a mensagem de Baruch com inecesárias interferências religiosas.

Os heróis oficiais judeus, como Abraham Stern e Menahem Begin, responderam o assassinato de judeus com violência terrorista. O assassinato aleatório de civis árabes demonstrou ser uma táctica eficiente; substancialmente, puxo fim a uma longa década de atentados árabes em cadeia, pogromos, e cotidianos assassinatos de judeus.

Condear a Baruch Goldstein é hipócrita. Centos de civis morreram devido às ordes de Olmert no Líbano. A carência de estratégia levou a assassinatos histéricos em Gaza para deter o bombardeio de Sderot. Os governos israeli e os occidentais, que aniquilam a dezenas de civis sem motivo, injustificavelmente e inecessariamente, não têm direito a condear a Baruch Goldstein, um exemplo de judeu honesto disposto a combater contra os árabes hostis.



OBADIAH SHOHER




[A Cova de Machpela é o sítio onde estám enterrados Abraham, Isaac e Jacob. Este lugar foi adquirido por Abraham. A Cova é o segundo empraçamento sagrado dos judeus. Os insensatos governantes de Israel entregaram aos árabes a maior parte da Cova de Machpela, a pesar de que estes massacraram à comunidade judea na própria cidade de Hebron].

Yigal Amir, embora de facto não matou a Rabin, tem-se convertido num herói porque alçou uma pistola contra um destacadíssimo traidor, o criminal do Altalena. Gostaria-me pensar que o Dr. Baruch Goldstein se encaminhara aquele dia ao lugar sagrado dos judeus, profanado pelos árabes, exigindo vingança e evitando o anunciado pogrom. Desgraçadamente, não tenho a certeça. O Dr. Goldstein era um bom judeu e uma pessoa maravilhosa, mas quiçá não era um herói nacional. Foi uma vítima.

O relato oficial é simples: em Purim de 1994, o tolo partidário de Kahane colheu a sua escopeta, entrou na mesquita, e abriu fogo contra os congregados. Não importa que o sítio, em primeiro lugar, não fosse uma mesquita. Não importa que os árabes fossem tiroteados cum arma distinta da que empunhava o Dr. Goldstein. E, certamente, não importa que matasse a 154 árabes com 140 balas.

O absurdo da hipótese oficial fixo-se transparente de imediato: uma pessoa adorável, um abnegado doutor, dispara a uns muçulmãos a sangue frio. O Governo ventila um libelo segundo o qual o Dr. Goldstein, um doutor armado, toleou até o ponto de inclusso desobedecer as ordens dos seus superiores e declarar que só reconhecia a autoridade de RAMBAM* e Kahane, rechaçando também atender aos gentis. Esses embustes foram propagados a pesar de que os superiores de Goldstein os negaram de imediato, e de que fosse um doutor distinguido pela sua excelência médica e ter tratado a infinidade de não judeus.

A multidão árabe linchou ao Dr.Goldstein tras desarmá-lo. O Procurador Geral israeli negou-se a enjuizar aos criminais, a maioria dos quais eram bem conhecidos e alardeavam do assassinato. Em qualquer outro caso, quando um judeu abre fogo contra um terrorista árabe tras desarmá-lo, o judeu é sentenciado a uma prolongada estância em prisão, inclusso se tem actuado sob enajenação mental. Como todo o mundo dize, os árabes não são tratados em pé de igualdade no Estado de Israel. Têm trato preferente.

Imediatamente depois de assassinar ao Dr. Goldstein, a multidão árabe dispujo-se a perpetrar um pogrom a grande escala em Hebron, com nove judeus e uns quantos árabes assassinados nos enfrontamentos posteriores. O pogrom, dirigido por Hamas, foi premeditado, preparado com antelação aos incidentes, como alguns já vinham avisando. O dia anterior, a turba palestina amotinara-se na Cova, e instantes antes do incidente cantavam “Massacremos aos judeus”, tal e como o informe Shamgar admite. Actuando às ordes do Maior Stellman, as IDF surprendentemente pôm em liberdade ao palestinião que incitara o pogrom. Para além da grande tensão e o manifesto ânimo de emprender um pogrom, as IDF e a Polícia de Fronteiras não reclamaram reforços, deixando só um punhado de gardas na Cova. A massacre contra os judeus mascava-se, e o Governo israeli condescendia, como se a massacre fosse a rematar com a problemática presença judea em Hebron, como se passara em 1929.

O relato oficial acusa ao Dr. Baruch Goldstein de abrir fogo contra os árabes. Qualquer pessoa normal –e isto não inclui aos progres da Comissão Shamgar- perguntaria-se como pudo o doutor acertar 154 brancos entre os árabes, incluíndo 29 mortos, com só 140 balas. Afirma-se que entrou na Cova com 4 carregadores de 35 projectis cada um, para um rifle Galil. Disparando entre a densa multidão de palestiniãos, é impossível que alcançasse a 154 de eles. É impossível que tivesse tempo de vaziar um só carregador. É muito dificil matar de um só disparo em tão apuradas circunstâncias. Inclusso admitindo todas essas incongruências, é fisicamente impossível matar 154 árabes com 140 balas.

Os árabes assassinaram ao Dr. Baruch Goldstein quando tratava de ré-carregar o seu fusil –de facto um dos 4 carregadores aparecer ainda sem montar-, reduzindo o número de projectis a 105. É absolutamente inverosímil que cada bala ferira a vários árabes atravessando os seus corpos.

Disparando 4 carregadores em modo de fogo contínuo não teria producido tamanhe número de baixas, e teria-se atascado o fusil. Disparando 105 ou 140 balas em modo sémi-automático teria levado um tempo muito considerável, proporcionando aos gardas que estavam a uns metros de distância suficiente tempo de reagir, e aos árabes de fugir.

Inclusso o melhor francotirador não pode garantir 154 brancos actuando só com um rifle, com presas, e no meio duma densa multidão. E o Dr.Goldstein não era um bom tirador. Nem antes nem depois de ele, em centos de acções terroristas ao longo do mundo, ninguém tem logrado tamanhe récord. Nenhum tirador profissional se lhe aproxima. Só no Estado totalitário israeli, com controlo dos média, pessoas com o cerebro lavado podem acreditar tamanha estupidez. A modo de comparação, os árabes que causaram 19 baixas na yeshiva de Merkaz HaRav, Março de 2008, empregaram umas 600 balas.

Outro cenário é mais crível, apoiando-nos no peso das evidências: o doutor Goldstein apareceu quando os palestiniãos já começaram a revolta que prepararam durante meses. O doutor foi a primeira vítima judea da multidão árabe. Os soldados judeus de garda dispararam ao gentio árabe, logrando as impressionantes 154 baixas. Mas naqueles momentos de “processo de paz”, a camarilha dos Peres-Beilin-Rabin não podiam permitir-se um quadro com árabes massacrando judeus em Hebrão, assim que inventaram a historieta da “massacre” do Dr. Goldstein. Deste modo, os posteriores distúrbios árabes estavam “justificados” em vez de serem apresentados como um novo pogrom árabe. Como benefício extra, Peres-Beilin-Rabin proscrevem o Partido Kach, a única força que podia deter o suicida “processo de paz”. O Governo israeli utilizou o facto de que o Dr. Goldstein pertencesse ao Kach para ilegalizar o Partido (e menos mal que não ilegalizaram a profissão médica, dado que também era doutor).

Nas audiências da Comissão Shamgar, dois soldados israelis de serviço aquela manhá (Kobi e Niv) testificaram que o Dr. Goldstein entrara na Cova portando o seu rifle estándar M-16, não o Galil utilizado para os disparos. Em declarações separadas, afirmaram que viram entrar outra pessoa na Cova com o rifle Galid. A Comissão rechaçou as suas testemunhas.

A procura do misterioso homem do rifle Galil entrando na Cova, saltando-se os postos de garda, só pode conduzir a um lugar: o Shabak, os serviços secretos israelis. Da mesma maneira que inculparam a Yigal Amir e assessinaram a Rabin, enviaram ao seu homem a disparar contra a multidão árabe. O objectivo era tremendo: rematar com a presença judea em Hebrão (aspecto irrenunciável para os zelotes judeus) e com a única oposição política real, o Kach (Netanyahu, essa farça de oposição, transferiu Hebron à jurisdicção árabe).

Permanece sem aclarar como o Dr. Goldstein entrou na Cova, repleta de muçulmãos, sem que ninguém advertisse em ele nada extranho. Não é improvável que fosse assassinado na Cova e o seu corpo posteriormente levado ao Pasilho de Isaac. Muitos palestiniãos declararam que viram ao doutor Goldstein disparando, mas inclusso a Comissão Shamgar fixo constar graves contradicções nas testemunhas árabes. A Comissão conjeturou que o Dr. Goldstein accedeu pela ruta Yosefia; mas as suas pegadas estám ausentes nesse cenário.

Convintemente para a Comissão Shamgar as câmaras de videovigilância do lugar não funcionaram esse dia.

Os governantes israelis tinham um enorme interesse em eliminar ao Dr. Goldstein. Tras a morte do Rav. Meir Kahane, o Dr. Goldstein convertera-se no vínculo entre várias facções isoladas do kahanismo. Tras o seu assassinato, o Rav. Binyamin Kahane convertiu-se em líder do Kach, sendo também assassinado aparentemente por árabes; mas o facto de que o ejecutor “accidentalmente” acertasse com os 62 disparos só no assento dianteiro do seu carro- sem roçar aos seus filhos, sentados nos assentos trasseiros- tem um cheiro inconfundível a francotiradores israelis. Anos mais tarde, as IDF arrestaram ao presunto assassino, mas dado que já arrastava vários crimes no seu historial, não deveu ser muito dificil fazer-lhe aceitar a responsabilidade pelo assassinato do Rav. Benyamin.

Ainda depois, o líder e um activista da Liga de Defesa Judea nos EEUU, Irv Rubin e Earl Kruger, foram assassinados (“suicidaram-se”) em dois incidentes isolados dentro de prisões de alta seguridade. A JDL era o último vestígio do movimento de Kahane. Os aparelhos israelis desfigeram-se do Kach.

À marge de tudo isto, matar árabes na Cova dos Patriarcas não difere demassiado dos antigos acontecimentos que celebramos na festa de Purim.



OBADIAH SHOHER


* Nota de Simon Bar Kochba: RAMBAM é o acrônimo de Maimónides, Rabi Moisés Ben Maimon.


É um absurdo comparar Irão com a Alemanha názi. O elemento mais importante do nazismo foi a sua continuidade: desenvolveram com anterioridade toda uma rede de políticas tendentes a um objectivo pré-determinado. Durante séculos a sociedade alemã foi ánti-semita, militarista, disciplinada, expansionista, supremacista e xenófoba. Os alemães combateram entre eles próprios e contra outros povos europeus. O nacionalismo estava deliberadamente acentuado com o claro propósito da unificação alemã, e encaixava com as actitudes capitais de supremacía e xenofóbia. Desde tempo imemorial, os alemães foram disciplinados e implacáveis soldados. Os suíços e os danesses, por exemplo, eram militaristas também, mas tinham superado com creces a etapa de construcção nacional, que era ainda muito recente no caso da Alemanha názi, e são portanto povos pacíficos. França, Ucrânia, Sérbia, e a maioria dos demais países europeus puideram ter iniciado o Holocausto tal como figeram os alemães; Ucrânia, de facto, intentou-no nos começos do século XX, e França colaborou muito eficazmente com os alemães no desenvolvimento do Holocausto. Escassos alemães estiveram activamente vinculados ao genocídio, mas muitíssimos estavam dacordo; idêntico patrão é aplicável a França, Itália, e outros países. O ánti-semitismo é endêmico à cultura cristã e observável em Europa. Em América, o ánti-semitismo nunca tem sido alentado oficialmente, e os americãos, embora não gostem dos judeus, é muito improvável que tivessem levado adiante o genocídio.

Nada do sinalado tem a ver com Irão. Este país carece ao longo da sua história de incitações ánti-semitas ou das perseguições próprias de Alemanha e Europa em geral. A maioria dos judeus iraniãos emigraram, mas movidos por motivos nacionalistas (Israel) ou na procura de oportunidades económicas (América). Aqueles que permaneceram em Irão não foram perseguidos. É uma imbecilidade comparar a situação iraniã com a sistemática e brutal opressão dos judeus na Síria moderna, onde eram acertadamente percebidos como a quinta coluna de Israel, ao igual que sucedia na Alemanha. Ainda no século XIX, os judeus alemães careciam de plena cidadania e os partidos políticos opunham-se veementemente a que se lhes concedessem plenos direitos civis. Os jornais alemães publicavam de maneira rutinária artigos e vinhetas ánti-semitas –algo impensável no Irão, onde têm traçada uma diâfana linha entre Sionismo e Judaísmo, e inclusso a propaganda ánti-sionista não se assemelha nem remotamente à fúria ánti-semita de Alemanha. Contrariamente ao Irão, a cultura alemã é inerentemente ánti-semita, com a breve excepção da República de Weimar. Alemanha foi ánti-semita no século XIV, no XX e no XXI.

Não é descabelado sugerir que Irão, para além da tolerância face os judeus, poderia aniquilar um Estado sionista. Mas dada a trajectória de Irão é extremadamente improvável. Irão nunca foi expansionista na sua história recente. Nunca iniciou uma confrontação. Inclusso no caso das Ilhas Tunbs, Irão seguiu minuciosamente a via diplomática até que a Sharia exigiu invadir as Ilhas Tunbs de maneira que o emir pudesse entregá-las ante a ameaça dum exército irresistível, salvando assim a cara. Os operativos iraniãos no Líbano não se assemelharam em absoluto à contundente intervenção de Síria. Certo é que Irão apoia os movimentos de resistência no Líbano e Palestina, mas Israel também apoia aos kurdos. Quase todos os Estados apoiam a algumas guerrilhas forâneas para extender a sua influência.

Mas se Irão é tão boa, porque os árabes estám histéricos com o seu programa nuclear? Pois singelamente porque Irão quere promover um império chiíta. A influência chiíta nos Estados sunnis garante o malestar civil e socava os governos locais. Os árabes tendem a alinhar-se com o forte, e um Irão nuclear incrementaria a popularidade dum Islão chiíta. Egipto não terá durante muito mais tempo as mãos livres para arbitrar as disputas internas dos árabes, e a totalidade do balanço de poder cambiará. Os árabes, porém, acomodam-se imediatamente às novas situações, e assim Egipto e Arábia Saudi começaram nos últimos tempos a reforçar as suas relações com Irão.

Irão utilizará o seu armamento nuclear para abastecer a Síria e o Líbano dum escudo defensivo, mas não bombardeará Israel. Pelo contrário que os alemães, o exército iranião é deficiente e não poderia desenvolver uma guerra de posições. Os míssis balísticos iraniãos são susceptíveis de serem fazilmente interceptados pela defesa aérea israeli e não alcançariam objectivos vitais. As sanções e a ineficiência supõem uma sangria para a economia iraniã, e os iraniãos não podem ser secretamente militarizados como o foram os alemãos. O liderádego iranião é muito conservador e exerce um controlo sobre Ahmadinejad radicalmente oposto ao que podia exercer o Parlamento alemão sobre os názis.

Dito isto, nada é seguro. Irão atacou o Iraque com armas químicas e sofreu repressálias a câmbio.Enviou soldados adolescentes a limpar os campos de minas. Perdeu um incalculável número de soldados numa inútil (a pesar de ser defensiva) guerra com o Iraque. Irão poderia responder os ataques israelis contra as suas instalações nucleares com armas químicas e radiológicas, ignorando as consequências. Actualmente, não deveria haver consequências, dado que Israel não pode soster uma guerra prolongada com Irão, um país muito grande e lonjano. Um intercâmbio de míssis é o cenário mais provável. A classe dirigente israeli sublima a ameaça dum Irão nuclear para encobrir a incapazidade de lidiar com a autêntica, crível e imensa ameaça nuclear de Pakistão e Corea do Norde, que de forma praticamente segura passarão armas aos regimes árabes e terroristas.

A existência real de um programa nuclear iranião é incerta. Se os EEUU tivessem evidências positivas desse programa militar, Bush teria actuado tras ter sido posta em tea de juíço a sua política ánti-iraniã pela CIA. Quando menos em dois informes dirigidos à IAEA com a intenção de reforçar o apoio internacional às sanções, a administração dos EEUU não pudo aportar evidências substanciais de que Irão esteja acometendo estudos nucleares de uso militar. Israel ofereceu aos EEUU todas as provas que possue das actividades ilegais de Irão, mas aparentemente não bastou para convencer à CIA, a IAEA, e o corpo diplomático. Luitando pelo apoio internacional contra Irão, Israel estaria fazendo pública cada mínima prova: dizendo que tal ou qual programa está sendo desenvolvido em tal e qual lugar põe num perigo tremendo aos serviços de espionagem. O certo, não obstante, é que Irão está desenvolvendo induvidavelmente um programa militar nuclear, e nós estamos de braços cruzados.

Irão é uma ameaça que devemos contemplar. Não tem, sem embargo, nada a ver com a Alemanha názi.


OBADIAH SHOHER


A fê não nos obriga a pôr em prova a Deus, como figeram os judeus em Meribah*, embora não sempre nos satisfaça. Mais bem, adoitamos agardar que nalgum momento Deus nos ofereça uma testemunha que aproveitar. Os progres acreditam na reforma das sociedades a grande escala; nós, os autenticamente liberais, devemos procurar a mais mínima oportunidade para promover os objectivos que se apoiam na nossa fê.

Não é culpa de Begin ou Sharon. Os judeus não acreditam já na zarza ardente. E sem um mínimo grau de fê o projecto de Israel está condeado ao fracasso. Os judeus seculares não acreditam que a terra nos pertença. Os judeus ultraortodoxos, pela sua banda, envolvidos confortavelmente nos seus talits fecham os olhos ao mundo exterior.

A fê duns poucos é a última barreira para a assimilação de todos. Já no século XVIII –e provavelmente muito antes- as comunidades judias de Rússia propugnavam a liberalização religiosa. Poucos viviam dacordo com as rígidas leis do Shulchan Aruch, e na maioria dos casos a observância era superficial. Como lembra Sholom Aleichem, grande escritor judeu, a sua avoa reprendia ao seu pai por irreverente, a pesar de que exibia longos tirabuções. As comunidades conservaram o judaísmo graças ao imenso poder espiritual de um punhado de rabinos. Em que consistia esse poder? Creio sabê-lo porque tenho conhecido uns quantos desses rabinos que transformaram a muitos judeus seculares, inclusso ateus, em pessoas profundamente religiosas tras charlar com eles durante um par de horas sobre temas diversos. É a fê. Se a causa ideologicamente vazia dos agitadores comunistas foi contagiosa, a fê é-o infinitamente mais. As pessoas não são só corpos, mas também mentes; não só indivíduos, senão colectividades. Numa era de desenvolvimento a passos agigantados, onde os novos valores derrubam-se quase tão cedo como aparecem, as pessoas procuram coisas simples e estáveis. A fê é directa, estável, e proporciona um sentido excelente da identidade comum. Nenhuma dose extra de brilhantes teorias educativas e seminários no judaísmo convertirá aos judeus em Judeus. Por muito que a maioria dos rabinos –de facto, quase todos eles- tenham perdido a capazidade de persuadir aos seus discípulos, porque eles próprios não estám persuadidos. Não acreditam já nas simples verdades que Deus revelou fisicamente no Monte Sinai, no sacrifício de animais com fogo, nem animam aos judeus a combatir pela Terra Prometida. Muitos de eles nem sequer acreditam em Deus como ser inteligente que atende as nossas pregárias.

O comum é inerentemente irracional. Nenhum argumento racional pode animar à gente a luitar junto com outros, cujos ancestros também eram judeus, com o débil argumento da terra em perigo no meio de um ocêano de inimigos muçulmãos. A análise racional provavelmente convida a fugir, ou não acudir. Nenhuma quantidade de argumentos racionais, livros e discursos teria provocado que os indefensos judeus actuassem como Judeus. Só o toque pessoal da fê pode fazê-lo, só o contacto pessoal com os muito escassos autênticos rabinos. Cada ano que se passa, há menos disponhíveis; a nova generação já não produce esse tipo de olhadas, esses rostos brilhando pela fê.

A salvação só chegará pela fê.


OBADIAH SHOHER

(25 Tammuz 5768 / 28 Julho 2008)



• Nota de Simon Bar Kochba: Meribah, junto com Massah, aparece citada no Livro do Éxodo dos israelis, quando ante a falha de água o povo pediu a Moisés que pugesse a prova o poder de Yahveh. Moisés golpeou com o seu caiado uma roca e começou a brotar água.

• O Shulchan Aruch, era a principal codificação da lei judia derivada do Talmud; foi compilada pelo Rabbi Joseph Caro no século XVI.

A VIDA NÃO É PRIMORDIAL


Como temos chegado a esta situação na que um Gilad Shalit vivo é pior para Israel que um Shalit morto? O rapaz nada tem a ver com o problema, mas o Governo tem criado um autêntico dilema orwellião. Um soldado judeu morto mais, um cabo, é algo lamentável mas, sinceramente, um incidente passageiro. Os soldados morrem; é desgarrador quando se trata dum soldado judeu, mas dalguma maneira temo-nos acostumado. Mas se Shalit está vivo, os média israelis criam a percepção de que muitos judeus mais serão assassinados. A maioria dos israelis são sensatos; uma minoria –para além do círculo de familiares e amigos- quere uma repatriação a qualquer preço. Mas Shalit tem-se convertido num produto mediático nas mãos duns média que praticam uma compassião interessada. Eu não acredito que a ninguém nos média israelis, com a imoral reputação de que goçam, lhes importe um rábano Shalit; mas as lágrimas de cocodrilo sobre ele vendem muitos jornais. E aquí é onde intervém o Governo. Este razoou correctamente que os média o aclamariam se trai a Shalit de volta, e que faria a vista gorda ao facto de libertar a um milheiro de terroristas a câmbio. Os relatos do regresso de Shalit prolongariam-se durante meses, mentres o intercâmbio por prissioneiros seria uma questão de factos consumados e esquecida rapidamente. Inclusso se alguma página direitosa em internet lembrar que os terroristas têm volto ao talho, a assassinar judeus, a corrente mediática dominante silenciaria o problema.

O assunto Shalit planteja um descarnado dilema moral: é preferível que um inocente soladado (¿) sofra a que um milheiros de terroristas convictos sejam insuficientemente castigados? Inclusso os mais indulgentes dos cristãos estariam dacordo em que uma proporção de 1:1000 provavelmente seja excessiva. De facto, é muito mais que isso: o intercâmbio de prisioneiros envia a dezenas de milheiros de terroristas a mensagem explícita de que eles, também, serão canjeados. Para além de deixar sem castigo aos já convictos, o intercâmbio anima a outros a incorrer em delitos semelhantes. Portanto não é, na realidade, uma questão de trocar um judeu vivo na memória dos centos de mortos; é obter um judeu vivo a costa de incrementar as possibilidades de muitos judeus mortos no futuro.

Quiçá não vos goste, mas Hamas serviu-se da legalidade internacional quando capturou a Shalit. Inclusso entre os judeus progres, o professor Walzer, um eminente estudoso da teoria moral da guerra, reconhece que os soldados não são inocentes. Uma vez que empunham as armas, convertem-se em objectivos legais para os seus inimigos. Israel estava em guerra com Hamas no momento da captura. Na medida em que o West Bank está “ocupado”, e não libertado e anexionado, a guerra continua. Um país deveria estar tolo para considerar o troco de uma pessoa não inocente a câmbio de um milheiro de convictos.

Israel jamais toma tantas medidas para proteger aos seus soldados como para recuperar aos capturados. Os soldados mortos não constituim um problema político, mas os média laiam-se se se trata daqueles que continuam capturados. Assim que queremos trair a Shalit de volta; magnífico. Qual é o problema? Israel tem avondo experiência. Nos dias do sionismo tipo Selvagem Oeste, os judeus capturavam jordanos e sírios para intercambiá-los pelos presos de guerra israelis. Fagamo-lo de novo: entremos no West Bank, assaltemos qualquer obra de beneficiência de Hamas e sequestremos aos seus oficiais; repitamo-lo cinquenta vezes, e depois ofereçamo-los a câmbio de Shalit. Se isso não basta, bombardeemos até derrubar cada edifício da Autoridade Palestina em Gaza. Se também não funciona este truco, assassinemos a uns quantos dos mais famosos mecenas de Hamas em Egipto.; algo proveitoso, em qualquer caso. E sigamos assim, com medidas de sentido comum.


OBADIAH SHOHER


Três cidades têm um lugar enorme e exclussivo na antiga história do nosso povo: Sikhem, Hebrão e Jerusalém. No Livro do Gênese (Bereshit) diz-se-nos que Terach tomou ao seu filho Abraham, o seu sobrinho Lot e a sua nora Sara, a esposa de Abraham, e abandonou Ur Kasdim com destino a Canaam. O percorrido levou-nos a Haran e habitaram ali. Terach morreu em Haran.

A seguir, o Todopoderoso dixo a Abraham: “Marcha da tua terra, do teu lugar de nascimento e da casa do teu pai e dirige-te à terra que te amosarei…e Abraham fixo o que lhe foi dito pelo Eterno…e levou com ele a Sara, a mulher de Abraham e deixou Ur Kasdim caminho de Canaam. E Abraham cruzou o território caminho de Sikhem…e o Eterno apereceu-se-lhe e dixo: “À tua descendência darei esta terra”. Abraham construiu ali um altar ao Esterno, que se lhe aparecera, e continuou a sua viagem face o sul…e Abraham levantou um campamento e se estabeleceram nas planícies de Mamre, que estám em Hebrão, e construiu outro altar ao Todopoderoso” (Gênese, 12).

A história dos hebreus começa em Hebrão. Em Hebrão surgiu a primeira força armada, que batalhou contra quatro grandes reis, porque capturaram ao sobrinho de Abraham, Lot, e tomaram as suas propriedades. Cuando isto chegou a ouvidos de Abraham, em Hebrão, imediatamente movilizou a 318 dos seus seguidores e perseguiu aos quatro reis para além de Dan, no norde, onde os atacou ao cair a noite e os destruiu, recuperando todas as propriedades e ao seu sobrinho Lot, a sua mulher e o resto dos cautivos. Esta foi a primeira guerra na história dos judeus, e rematou não com uma simples vitória, mas também com uma demonstração da amplitude de espíritou de Abraham…

Quando Sara morreu em Hebrão, à idade de cento e vinte sete anos, Abraham dirigiu-se ao hititas para que lhe concederam uma parcela onde enterrá-la. Depois de árduas negociaciões, Abraham pagou quatrocentos shekels de prata a Efron pela sua leira e as árvores que arrodeam o seu contorno, fazendo-a sua. E quando Abraham morreu, 38 anos depois, foi enterrado pelos seus filhos Isaac e Ismael na gruta que Abraham mercara aos hititas.

Antes de que Jacob morrer em Egipto, depois de ir até ali para ver ao seu filho José, fixo que os seus filhos lhe prometeram enterrá-lo onde os seus pais “em Hebrão, na gruta, no campo de Efron o hitita, onde descansam os restos de Abraham e a sua mulher Sara, Isaac e a sua esposa Rebeca e onde eu enterrei a Leah” (Gênese, 49:29,31). E isso é o que José e os seus irmãos figeram. É, portanto, evidente que os três Patriarcas e as três Matriarcas do povo judeu foram enterrados na gruta de Machpela.

Porém, a importância de Hebrão não radica só no seu papel nas vidas dos Patriarcas e Matriarcas da nossa nação. Depois de Saúl, o primeiro rei de Israel que caiu blandendo a espada na guerra com os filisteus, para não cair cautivo, David reempraçou-no como rei. David perguntou ao Esterno: “Devo ir a uma das cidades de Judea?” E o Eterno contestou: “Vai!” E David dixo: “A qual devo ir?” E Deus contestou: “A Hebrão”. E David obedeceu, e os habitantes de Judea chegaram e proclamaram-no Rei de Judea (Samuel II, 2-4). Finalmente, depois da morte de Abner, o comandante do exército de Saúl e de todas as tribos de Israel achegou-se a David em Hebrão e proclamou: “Velaqui, carne e sangue teu somos. Noutro tempo, quando Saúl reinava sobre nós, eras ti quem traia elevava a Israel. E Yahveh tem dito “Ti liderarás ao meu povo, Israel, e chegarás a ser o caudilho de Israel”. Vinheram todos os ancianos de Israel a Hebrão, e o rei David pactou aliança com eles em Hebrão sobre todo Israel” (Samuel II, 5:1-3). Daí surgiu em Hebrão a mais grande dinastia real que Israel tiver jamais.

A cidade de Jerusalém – que chegou a ser com a passagem do tempo, desde a coroação de David até os nossos dias, não simplesmente a mais preçada e Santa das Cidades de Eretz Yisrael, senão uma das mais reverenciadas cidades no mundo inteiro- não é mencionada em nenhum dos cinco livros da Torah. Ainda mais, depois do Reino de David, que conquistou a cidade de Jerusalém de mãos dos Jebusitas e a converteu em capital eterna de Israel, o seu filho, o rei Salomão, construiu o Templo (HaMikdash) em ela. Tras a morte de Salomão o povo israeli coroou ao seu filho Rechavam, não em Jerusalém, mas em Sikhem. E dos 40 anos do reinado de David, sete e meio tiveram lugar em Hebrão, mentres Jerusalém, embora não mencionada em toda a Torah, foi constituída pelo rei de reis israeli em Cidade Santa.

Sem embargo, não esqueçades: os começos do mais grande rei de Israel está em Hebrão, a cidade à que acudiu o primeiro hebreu oitocentos anos antes do Rei David, e cometeríamos um grande e terrível erro se deixassemos de assentar-nos em Hebrão, vizinha e precursora de Jerusalém, com um grande assentamento de judeus, em constante crecimento e expansão, imediatamente. Isto constituirá uma benção também para os vizinhos árabes. Hebrão é digna de ser a irmá de Jerusalém.


DAVID BEN GURION
(18 Shvat 5730 / 25 Janeiro 1970)