É o Estado de Israel uma república bananeira? Semelha que a esquerda israeli assim acredita.
Tras a vitória de Barack Obama nas eleições presidenciais dos EEUU, os partidos políticos israelis Kadima e Laborista proclamaram imediatamente que o portavoz do Likud, Binyamin Netanyahu, “é demassiado Republicano” para colaborar com Obama e, portanto, não resultará eligido Primeiro Ministro.
A líder de Kadima e Ministra de Assuntos Exteriores, Tzipi Livni, dixo que Netanyahu situaria a Israel numa “esquina” diplomaticamente falando.
O membro da Knesset pelo Partido Laborista, Ophir Paz-Pines, dixo que Obama “intentaria avançar no processo de paz desde o primeiro dia”, mas que “Netanyahu diria não ao Plano de paz Saudi, negando-se a dividir Jerusalém e a evacuar o Golan”.
[O Plano Saudi, alumeado no 2002, propõe uma retirada completa de Israel de todos os territórios disputados, incluíndo Jerusalém Leste e o Golan, a câmbio de um amplo reconhecimento de Israel pelo mundo árabe. O Plano tem sido recentemente refrendado pelo Presidente de Israel e antigo portavoz do Laborismo, Simon Peres].
“Velaí por que é tão importante que o bloco de centro-esquerda ganhe as eleições”, acrescentou Paz-Pines.
Em ressumo, a mensagem de Kadima-Laboristas aos votantes israelis é que devem escolher um líder que respalde ao Presidente dos EEUU nas grandes decisões de seguridade que tenham a ver com o Estado de Israel.
A valorização da esquerda respeito os objectivos de Barack Obama para a região tem o seu mérito.
Obama sinalou em Fevereiro que a sua política para o Meio Leste não se alinharia com a do Likud. A dissensão de Obama consistia em que que “existe uma pressão da comunidade pro-israeli no sentido de que a menos que eu adopte um alinhamento inquestionavelmente pro-Likud, sou um ánti-israeli”
O antigo Presidente Jimmy Carter dixo recentemente na CNN que Obama intentaria “uma nova aproximação” e “prometeu-me pessoalmente...que não deixaria passar nem um mes, uma vez ressulte eligido, para começar a trabalhar no processo de paz”.
Carter contrapuxo isto com [a posição] dos “dois anteriores Presidentes que agardaram até o último ano do mandato para activar o processo de paz”.
O britânico “Sunday Times” informou que durante um mítim em Ramalah no mes de Julho, Obama dixo que Israel estaria “tolo” se rechaçar o Plano Saudi (o Conselheiro de Obama para o Meio Leste, porém, dixo que isto é falso).
Para além de tudo isso, o facto de que Obama vaia pressionar a Israel não é uma ocurrência descabelada. A natureza opressiva da crise económica e a responsabilidade de ser Presidente pode alterar a agenda de Obama. Adicionalmente, um líder firme e convencido de Israel (como Netanyahu) pode ser capaz de convencer a Obama das exigências judeas.
Mas inclusso se Barack Obama tem projectos para Israel isso não deveria significar que o Primeiro Ministro israeli os tenha que secundar.
EEUU e Israel enfrontam-se ao mesmo inimigo árabe islamo-fascista, mas a situação das duas nações e, portanto, alguns dos seus interesses são amplamente diferentes.
Israel é um pequeno país com uma pequena quantidade de recursos no coração da batalha. Cada concessão israeli aos seus inimigos ameaça a vida dos cidadãos israelis.
Longe do cenário do conflito, a ameaça à que se enfrontam os EEUU é relativamente inexistente, se a comparamos com a que padece Israel. Para muitos, os terríveis ataques do 11-S semelham o típico sucesso que acaece uma vez na vida e que (é de agardar) não se voltará repetir.
Como ressultado disso, os estadounidenses não percibem de forma imediata os efectos do apaciguamento. Isto significa que, quando menos em certos aspectos, a tentação de fazer concessões para eles é maior.
Amiúde essa tentação traduze-se em pressionar a Israel.
Antes da 2ª Guerra Mundial, os dirigentes britânicos estavam decididos a apaciguar a Hitler concedendo-lhe o afastado território dos Sudetes. Hoje em dia, muitos políticos estadounidenses, especialmente no Departamento de Estado, exigem firmemente concessões israelis aos árabes.
Embora os EEUU são oficialmente aliados de Israel, con demassiada freqüência aspiram a oferecer uma image “equânime” no conflito árabe-israeli, sopesando por igual as reclamações e exigências de árabes e judeus.
Desde a captura por parte de Israel em 1967 dos territórios historicamente judeus de Judea, Samaria, Gaza e o Golan -que são historicamente judeus e cujo controlo é imprescindível para a seguridade de Israel-, os EEUU têm propugnado insistentemente o abandono desses territórios por parte de Israel.
Esse tipo de concessão –ao igual que os Acordos de Oslo, a oferta de Ehud Barak a Arafat em 2000 e a Desconexão de Gaza- sempre remata redundando em mais terror, guerra, e maiores ameaças para a existência de Israel.
Embora a ajuda dos EEUU seja muito beneficiosa, não pode proteger aos cidadãos de Israel do terror desatado pelas concessões israelis ou ré-empraçar as fronteiras defendíveis.
Portanto, é imprescindível que Israel resista a pressão dos EEUU de ceder território, armas e dinheiro aos inimigos de Israel.
O bloco Kadima-Laborismo percibe também de forma distorsonada o apreço do povo dos EEUU por Israel e que foi o que levou a Obama à vitória.
Em todas as grandes enquisas das recentes eleições presidencias dos EEUU, os cidadãos viram a John McCain –um seguidor da política exterior de Bush- como o melhor candidato para a seguridade nacional.
De modo adicional, Obama viu-se obrigado a repetir até a saciedade as suas credenciais pro-israelis.
Desgraçadamente para McCain, outros factores –a crise económica dos EEUU, a oportunidade histórica de eligir um Presidente negro, a idade de McCain, a inicial falha de entusiasmo que McCain gerou entre os conservadores devido ao seu centrismo, a capazidade oratória de Obama, a histórica suma de fundos que agrupou Obama e o tempo de presença nos mass media que com isso logrou- tiveram mais peso que o tema da seguridade nacional durante a campanha.
As eleições de 2004 foram mais um referendo sobre a política exterior de resposta bélica e pro-israeli de Bush que outra coisa –e, de facto, os Republicanos ganharam.
Tudo isto significa que os estadounidenses querem a Israel e comprendem a racional disconformidade de Israel em fazer concessões aos seus inimigos. Este é o motivo pelo que o “demassiado Republicano” Netanyahu destaca brilhantemente quando, no seu perfeito inglês, expõe a situação de Israel à audiência dos EEUU.
O debate sobre a deferência israeli respeito duma potença mais forte é anterior à própria fundação do Estado de Israel. É um debate que caracteriza a totalidade da história do Sionismo, desde a Declaração Balfour de 1917 até a Declaração de Independência de 1948.
As duas bandas no debate estavam representadas pelo Presidente da Organização Sionista Mundial, Chaim Weizmann, que foi o primeiro Presidente do Estado de Israel, e Zeev Jabotinsky, o fundador da Legião Judea, a Haganah, e muitas outras organizações sionistas e sobre cujo pensamento se fundou mais adiante o partido Likud.
Tanto Jabotinsky como Weizmann tinham uma profunda fê na Grande Bretanha. Mas Weismann e os seus seguidores do partido Laborista, como David Ben Gurion, acreditavam que o apoio britânico era essencial a toda costa.
Mentres os judeus de Europa estavam sofrindo persecução social e económica de maneira massiva, Weizmann e Ben Gurion não tiveram a coragem de protestar contra as concessões britânicas aos árabes.
Estas concessões revestiram a forma de desarmar à judaria ante a violência árabe, e impedir a migração dos judeus a Palestina.
A forma de entender o Sionismo de Jabotinsky baseava-se, porém, na sua crença na liberdade de expressão, o activismo político e a fê na Grande Bretanha como nação. O seu eslogam era que “o silêncio é indecente, conduze à perda de vidas e o derramamento de sangue”. Jabotinsky acreditava que os judeus tinham que expôr publicamente as suas demandas.
Jabotinsky exigiu nos anos 30 que, quando menos um milhão e meio de judeus fossem evacuados de Europa a Palestina num período de uma década.
Mas Weizmann, partidário do pacto e a diplomácia secreta, ressultou vencedor.
Aplacando aos britânicos, que à sua vez se adicavam a aplacar aos árabes, Weizmann e Ben Gurion atacavam a Jabotinsky pela sua falha de disciplina. Chegaram inclusso ao ponto de negar que o estabelecimento de um Estado judeu fosse o objectivo do Sionismo.
Ao cabo, a obsessão de Weizmann na necessidade de ser deferentes com o colonialismo britânico contribuiu à calamidade do Holocausto.
O bloco esquerdista composto pelo Kadima-Laborismo não comprende que a essência do liderádego radica em ser capaz de suportar as pressões das grandes potenças mundiais e propugnar os interesses nacionais próprios.
Se o Primeiro Ministro de Israel não mira pelos interesses de Israel, pouca possibilidade haverá de que o faga o Presidente estadounidense.
Uma olhada às decisões controvertidas que Israel tem adoptado desafiando aos EEUU, amosa que essas decisões reportaram benefícios para ambos países.
Em 1967, Egipto expulsou às forças pacificadoras do Sinai, congregou lá as suas forças e blocou o Estreito de Tiran, num claro gesto bélico.
Os EEUU advertiram a Israel que não realizasse nenhum tipo de ataque preventivo. O Presidente Lyndon Johnson ameaçou a Israel de que, em caso contrário, os amigos de Israel não estariam da sua banda.
Alguns membros do Executivo israeli preocuparam-se: Israel jamais agira sem o apoio de uma potença maior. O Chefe de Estado Maior, Yitzhak Rabin, argumentou que “se o Estado de Israel acredita que a sua existência depende da responsabilidade dos EEUU e não do seu próprio poder, eu não tenho nada mais que dizer”. O Ministro de Transportes, Moshe Carmiel, de maneira semelhante dixo que “ninguém que não acredite que nos podemos valer por nós próprios, não acredita que podamos subsistir aquí”.
Afortunadamente, Israel golpeou primeiro e levou a guerra a uma rápida conclusão, salvando assim incontáveis vidas, tanto de judeus como de árabes.
O Primeiro Ministro israeli Menachem Begin, protegido de Jabotinsky, encarnou este princípio. Begin comprendeu que os interesses nacionais eternos do povo judeu estavam muito por cima das pressões diplomáticas de Washington ou qualquer outras potenças.
Depois do Holocausto, quando Grande Bretanha continuou a impedir a chegada dos refugiados judeus a Palestina, Begin liderou ao IRGUN ZVAI LEUMI na revolta [*] contra o mandato britânico em Palestina.
A Revolta forçou que os britânicos devolvessem o Mandato Palestiniano à ONU, sucessora da Liga das Nações. O qual derivou imediatamente no estabelecimento do Estado de Israel.
Como Primeiro Ministro, Begin continuou situando em primeiro lugar os interesses do seu país.
Em 1981, sob o liderádego de Begin, Israel destruiu o reactor nuclear iraqui em Osirak.
Como resposta, os EEUU encabeçaram uma resolução da ONU condeando a Israel e suspendendo a venda de aeronaves F-16. O Secretário de Estado Casper Weinberger promoveu uma nova avaliação da política dos EEUU face Israel.
Em Dezembro daquele ano, a Knesset aprovou a Lei dos Altos do Golan, que extendia “a Lei, jurisdicção e administração estatai aos Altos do Golan”, anexando de modo efectivo o território.
A Administração Reagan enfureceu e suspendeu um Memorándum de Entendimento e Cooperação Estratégica entre os EEU e Israel. Como resposta, Begin chamou ao Embaixador dos EEUU ao seu despacho e dixo-lhe que Israel não era “uma república bananeira”, acrescentando que “durante três milheiros de anos temos existido sem necessidade de Memorándum de Entendimento algum com os EEUU”,
Mas as tensões foram temporais. A amizade EEUU-Israel continuou e os laços entre ambos países figeram-se maiores que nunca. De facto, um ano depois da aprovação da Lei dos Altos do Golan, o Presidente Reagan aprovou uma Directiva de Seguridade Nacional abertamente pró-israeli.
No 2003, o Presidente Bush alabou o ataque contra Osirak, dizendo ao filho do falecido astronauta israeli Ilan Ramon, que foi um dos pilotos na missão de Osirak, que ele remataria o labor começado por Ramon.
As acções de Begin supugeram um importante precedente. Em Setembro de 2007, inclusso o politicamente débil Primeiro Ministro, Ehud Olmert, foi quem de atacar o reactor nuclear secreto de Síria sem nenhum tipo de condeia dos EEUU.
Não é coincidência que esse tipo de operativos israelis sempre tenham derivado em efectos beneficiosos para os EEUU, mentres que as concessões israelis têm reforçado aos inimigos dos EEUU, como Hezbolah e inclusso Al Qaeda.
O intento de Kadima e os Laboristas de intimidar ao votante israeli com a ameaça de ir perder o apoio dos EEUU é uma falaz e deshonesta explotação da cena política dos EEUU. Israel necessita autênticos líderes como Menachem Begin, que nunca cederia nos interesses nacionais judeus como deferência ante as inarticuladas e, a esta altura, hipotéticas exigências de um Presidente eleito ainda sem estrear
DANIEL TAUBER
Este artigo foi originalmente publicado em The American Thinker.
As referências relativas à Guerra dos Seis Dias, podem ser achadas no livro de Michel B. Oren “Six days of war: June 1967 and the making of the modern Middle East” (2003). Existe traducção para o espanhol em Ariel Editores: “La Guerra de los Seis Días
[*] Ver a imprescindível obra de Menachem Begin: “The Revolt”, 1972. Existe traducção para o espanhol em Inédita Editores: “La rebelión”.
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