O GENERAL JONES CONTRA ISRAEL


O General James Jones, a eleição de Obama como Conselheiro de Seguridade Nacional, vem de exibir novamente a sua assombrosa ignorância. O General deveria ser uma autoridade em matéria de guerra convencional –embora seria improvável, dada a sua breve experiência militar duns meses em Vietnam. O General Jones expõe a sua distintiva solução para o West Bank: retirar as IDF e substitui-las por tropas da OTAN. A proposta revela que o General Jones é um absoluto ignorante em guerra ánti-terrorista.

As IDF são o único exército no planeta capaz de manter a raia o terrorismo: desde níveis próximos aos bélicos no período 2000-2003 até à quase absoluta ausência na actualidade. O seu éxito debe-se a dois factores: uns serviços de inteligência extremadamente eficazes e a plena liberdade de actuação. As IDF movem a milheiros de agentes árabes, desde condutores de táxi até figuras governamentais em Ramalah que frustram algumas das operações terroristas na sua etapa de planificação. Alguns trabalham por dinheiro, outros são submetidos a chantagem e ameaçados. A Mishtarah Aravit das IDF –a unidade de polícia árabe- faz coisas que deixam a Guantanamo no nível dum kindergarden. Nem um só palestiniano, de a pé ou oficial, está imune aos adolescentes judeus nas brigadas de polícia árabe. Não debe ser agradável, mas os corpos reventados dos judeus nas acções terroristas são pior.

Pelo contrário que as IDF, as tropas da OTAN desconhecem a arte das amplas redes dos serviços de inteligência; nem sequer têm um número razoável de intérpretes árabes. Não existe maneira de que os soldados da OTAN pendurem [não pelo pescoço] a um oficial palestiniano para obrigar-lhe a dar informação. Jamais chantajeariam aos palestinianos das vilas que cobijam aos terroristas com a expulsão dos seus familiares de Israel. Não arriscariam as suas vidas no meio da noite em inseguras –e geralmente extraoficiais- incursões contra laboratórios clandestinos de explossivos. Para além de todos os temas de entrenamento e operacionais, as tropas da OTAN carecem de incentivos para esse tipo de actividades.

As tropas dos EEUU, as melhores dentro da OTAN, são incapazes de manter a raia o terrorismo dentro de Iraq a pesar da sua massiva presença no terreno e a ampla colaboração dos iraquis. A relativa calma que reinou ali durante uns poucos meses é maiormente atribuível à decisão de Sadr de apaciguar as coisas para dar pé a uma retirada honorável dos EEUU. Deveria ter-se produzido um pacto EEUU-Iran para frear o terrorismo chiíta em Iraq a câmbio de que os americanos se limitassem a sanções mais suaves contra Iran e a oposição ao ataque de Israel. As tropas estadounidenses fracassaram na guerra de Lïbano, Somália, Vietnam e outros sítios. Não existe possibilidade alguma de que convertam o West Bank num lugar seguro contra o terrorismo palestiniano.

As tropas da OTAN não se diferenciam em nada das forças pacificadoras da ONU que fracassaram misseravelmente no Sinai em 1967 e agora em Líbano. Antes os narizes da UNIFIL, Hezbolah incrementou os seus arsenais de foguetes de maneira exponencial desde o alto o fogo de 2006. O contingente italiano da UNIFIL asinou um alto o fogo por separado com Hezbolah, que se comprometeu a não atacar as suas instalações mentres os pacificadores italianos fagam a vista gorda ao acópio de armamento.

O General Jones quere disfarçar o facto de forçar uma retirada de Israel dos antigos territórios judeus de Judea e Samaria mediante a trampa de garantir a protecção mediante tropas da OTAN. Em 1956, Eisenhower enganou a Israel para que se retirasse do Sinai comprometendo-se a manter o Estreito de Tiran aberto; quando Egipto fechou o Estreito em 1967, o único que figeram os EEUU foi ameaçar a Israel para que se contivessem de tomar medidas preventivas. As IDF aprenderam a lição e negam-se airadamente ao despregue de tropas da OTAN.

O ultraesquerdista antigo embaixador dos EEUU em Israel, Martin Indyk*, ignorante e arrogante como sempre, tem a sua própria proposta: a garantia nuclear dos EEUU a Israel. Dacordo com o seu plano, os EEUU comprometerão-se a bombardear Iran se eles bombardeam com armas nucleares Israel. Seria um consolo post-mortem para os achicharrados judeus. Iran sacrificou milhões dos seus na guerra contra Iraq, o que resulta sem dúvida mais irrelevante para os ayatolas que a aniquilação da entidade sionista; a represália estadounidense não é uma grande ameaça, portanto. A represália carece de credibilidade: se os EEUU negam-se a atacar as instalações nucleares iranis agora, qual é a probabilidade de que bombardeem com armamento nuclear os centros de população iranis? Menor do um por cento, para sermos exactos. O plano de Indyk é outro doce envelenhado para Israel: este, consistente em aceitar a proibição dos EEUU de atacar Iran. Mas, de modo incrível, os israelis seguem acreditando que Indyk é pró-israeli.

Com amigos como estes, quem necesita inimigos?


* [Martin Indyk foi embaixador dos EEUU em Israel. Actualmente dirige o Saban Center for Middle East Policy].



OBADIAH SHOHER


4 de Dezembro de 2008 / 7 Kislev 5769

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