Inteiramo-nos esta semana de que um tribunal ordeou que a sucursal de “Tiv Taam“ * em Givatayim deveria permanecer fechada os sábados. Num primeiro momento sentim-me assaltado por uma sensação de ledice. Que juíz tão comprensivo que, movido por princípios sociais, defende o direito dos trabalhadores a descansar em Shabat!
Mas, segundo começava a tararear a “Internacional”, invadiu-me o pressentimento de que não se tratava de um caso de sensibilidade socialista, senão mais bem de surrealismo, porque a carne de porco poderá seguir sendo vendida ao público na terra dos judeus qualquer outro dos dias da semana.
A minha actitude ante o porco não vem influenciada por um edicto religioso ou divino. Não como porco, e ponto. Não porque Deus não o permita ou qualquer outra consideração de orde religiosa ou vegetariana.
Ao meu Deus não lhe importa o que me levo à boca -e tendo a sacar partido disto de quando em vez. Reprimo-me de comer porco, antetudo, porque sou judeu. E os autênticos judeus têm as suas linhas vermelhas, inclusso aqueles que não acreditam num ser divino que supervisse o consumo de carne não-kosher.
Daquela, que se passa com o porco? Bem, se reflexionades, existem muitos rasgos que caracterizam aos judeus: aos judeus custa-lhes felizitar a alguém; não soem ganhar medalhas olímpicas nem se imolam com explossivos nos autobuses. E também não comem porco. Por que? Porque há coisas que um judeu simplesmente não faz.
Porque, ao contrário que as gambas, as langostas e outras variedades de comida marinha, o porco não deixa de ser comido pelo facto de não ser kosher, senão porque é um símbolo. Tem sido um inconfundível símbolo ánti-judeu durante gerações e gerações. Para uma pessoa com conciência nacional uma cabeça de porco não é muito diferente duma esvástica.
A festa de Hanuká está-se aproximando. Comemora-se uma época na que aqueles que entregaram os seus rasgos distintivos como nação e foram obrigados a comer porco, converteram-se em soldados ao servizo do diabólico Império Seleucida.
Que tem cambiado desde aquela? Que lhe teriam a dizer aqueles consumidores de porco aos seus filhos na Festa das Luminárias? Que pretendem emprender uma guerra pela liberdade de comer carne de porco? Que estám prestos à luta para lograr eliminar este símbolo ánti-judeu de qualquer parte menos da terra dos judeus?
ASSAF WOHL
Etiquetas: Assaf Wohl
0 comentarios:
Enviar um comentário