LINHA VERMELHA, LINHA VERDE


Lembrades ao póstumo, o grande Rabino Meir Kahane, H.y.d., que foi ilegalizado e expulsado da Knesset há 20 anos nas vésperas das eleições de 1988, quando as enquisas amosavam que o seu partido, o Kach, aglutinava o 10% do voto nacional? O rabino foi tildado de razista por sugerir ao Governo que auspiciasse a emigração dos “árabes de Israel”. Como explicava no seu livro “Devem marchar”, o motivo não era o ódio face os árabes, senão a preservação do futuro do Estado judeu. A democracia israeli, sinalava, está ameaçada pela elevada taxa de nascimentos dos árabes-israelis, que têm aspirações nacionais próprias.

Passado o tempo, outros políticos têm aderido a proposta de “transfer” e “emigração” recolhendo parte do apoio público do que disfrutou o Rabino Meir Kahane, mas ningum se aproximou às suas quotas de popularidade. A sua falha de éxito pode ser atribuída a vários factores. O primeiro de todos, que as suas chamadas ao tránsfer têm sido contempladas como mero oportunismo político, carentes da sinceridade e consistência de que goçava o Rabino. Para além disso, têm diluído a mensagem, referindo-se só ao tránsfer dos árabes dos territórios libertados em 1967, e não a Israel propriamente. Outros fracassaram na criação duma corrente de apoio simplesmente por adoecer do carisma que tinha o Rabino.
E agora Tzipi Livni sube-se ao furgão também. Ela fez um chamamento aos árabe-israelis (aos que denomina “palestinianos residentes em Israel, aos que chamamos árabe-israelis”) para que preparem o seu despraçamento ao “Estado palestiniano uma vez que este fique estabelecido” (sic). Ela, também, percibe o problema de manter um Estado à vez judeu e democrático em Israel, de forma que propõe estabelecer dois Estados-nação separados.
Livni, que encabeça a facção esquerdista do partido Kadima, trata assim de ganhar apoio nacional para o seu falhido “programa de desconexão” que dou como ressultado que a muitos judeus se lhes arrebatasse dos seus fogares e modo de vida a fim de fazer realidade os peculiares sonhos da Esquerda. Agora Livni propõe algo novo e excitante: retomemos a “desconexão”, esta vez em Judea e Samaria. O plano consiste de novo em obrigar aos judeus a abandoar as suas casas e destruir as suas comunidades, instituições e negócios. Mas esta vez existe uma segunda parte: a fim de aliviar-nos dos “palestinianos residentes em Israel” animaremo-los a que se reubiquem no seu próprio país, nas “judenrein” Judea e Samaria.
Por que Livni justifica de súpeto o tránsfer? A sua explicação é que não interessa quam importante seja a democracia israeli: debe existir uma “linha vermelha” –e essa linha vermelha é a ameaça demográfica árabe-israeli. Neste sentido, Livni é mais audaz que os seus colegas da Direita, cujos chamamentos ao tránsfer limitavam-se, habitualmente, aos árabes de Judea e Samaria, e não aos cidadãos árabes de Israel posteriores à linha verde de 1967.
Neste ponto eu deveria exclamar: “Bravo!”. Se eu figesse semelhante proposta de despraçar aos árabes seria acusado e sentenciado, provavelmente, por incitação ao razismo –como já o tenho sido com anterioridade. Mas com a “igualdade democrática” israeli a Esquerda pode falar sobre o tránsfer de maneira legítima, considerando-se que é uma solução “humanitária”.
Em conclusão, todos estes prudentes homens e mulheres de Israel deveriam sair a reivindicar ao Rabino Kahane e suplicar o seu perdão pela injustiça que com ele cometeram. Da Esquerda à Direita, todos decatam-se agora que estava no certo. Os árabe-israelis não sintem orgulho de ser cidadãos israelis. Eles não contemplam a bandeira azul e branca e exclamam, com uma lágrima nos olhos, “Se o meu zeydie tivesse vivido para ver isto”. Eles são palestinianos (seja o que for que signifique isso) igual que os seus familiares da doutra banda da Linha Verde. A única diferência entre eles são os 19 anos que levou às IDF libertar o território no que vivem os últimos. Perguntade a qualquer estudante árabe-israeli sobre a mentira da “lealdade”.
O Governo israeli já tem legitimado a limpeça étnica implementando-a nos judeus de Gush Katif e Norte de Samaria. Agora que por fim tem ficado claro que são os árabe-israelis os que ponhem em perigo o futuro do Estado, todo o que se precisa é começar a aplicar a lei do pinui-pinzui [expulsão-construcção] com os árabes de Um El-Fahm, Galilea e o Negev.
Estou dacordo com Livni quando diz que há uma necessidade de transferir aos árabe-israelis aos seus próprios países. Mas ela refere-se a Judea e Samaria, que são historicamente, biblicamente e legalmente a herdança e lugar de nascimento do povo judeu. Livni diz que tem linhas vermelhas à hora de preservar a integridade do Estado de Israel. O problema é que as suas linhas vermelhas só alcanzam apenas a Linha Verde aonde sugire despraçar aos árabe-israelis.

Tzipi, sem dúvida estás-te movendo um passo adiante. Agora só falha que movas a tua Linha Vermelha até o Rio Jordão e também terás o meu voto.

DAVID HA'IVRI

19 Kislev 5769 / 16 Dezembro 2008

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