Avergonha-me profundamente ser israelí no dia de hoje.
Eu vinha de fazer aliyah quando a FPLP e dois alemãos sequestraram um avião cheio de israelis em Entebbe. Lembro bem a sensação de morder as unhas, o dilema moral de libertar perigosos terroristas a troco da vida dos reféns; a ideia de que as negociações conduciriam sem remédio a mais sequestros. Mas que outra opção tinhamos? Depois de tudo, estavam em Uganda, tão longe de nós.
Então achámos um caminho.
Jamais esquecerei o 4 de Julho de 1976 quando acordei de manhá com as notícias. Os nossos soldados entraram, com grande risco pessoal. Salvaram a quase todos os reféns e liquidaram os terroristas. Já não eramos vítimas indefesas, os judeus. Não, eramos inteligentes, ressolutivos e valerosos. Mostrámos ao mundo como reagir. Marcámos uma nova senda.
Acordei esta manhá do 16 de Julho de 2008 com um sentimento muito diferente. Os nossos soldados, secuestrados na nossa própria terra, não cruzando nenhuma fronteira internacional, são repatriados em caixões após dois anos de jogar sádicamente com os corazões das suas famílias pelos terroristas de Hizbullah, que nos levaram a acreditar que ainda estavam vivos. E em troco por uns cadavres, nós entregamos-lhes um despreçável assassino de crianças, Samir Kuntar.
Oh, escuitaredes os suspiros dos inúteis do Governo israelí. Que podíamos fazer? Nós somos civilizados e eles não. Velamos pelos nossos soldados e as suas famílias.
Não, temo-me que não. Se realmente o figessedes, então teriades pena de morte para gente como Kuntar, de modo que eles também pudessem ser repatriados em caixões. E se o figessedes, seriades o suficientemente inteligentes, vendo os nossos soldados ser entregados mortos, de meter um balaço a Kuntar e depois devolvê-lo aos seus compinches.
“Civilizados” é um eufemismo para os débeis e os indefesos. “Civilizados” não é um axioma moral, pois todos sabemos já do que a civilização occidental é capaz. Campos de concentração. Redadas de civis. Gasear crianças.. Todo sob a bandeira das leis, a policía e os governos.
Doutra banda, o que moralmente se debe fazer com um assassino convicto e confesso como Kuntar é derramar o seu sangue, já que ele tem derramado o sangue de outros. Isso poderia não encaixar com as habituais cursilerias civilizadas, mas não permitades que ninguém diga que é imoral.
Falando de imoralidades, enviar a Kuntar para ser recebido como um herói e que tenha ocasião de seguir assassinando a outros, acha-se na cima da escala.
O meu Governo, o Governo israelí, organizou isto. Deixaram que sucedesse. Supervissaram-no e pugeram-no na prática.
Estou profundamente avergonhada de ser israelí no dia de hoje. E não estou muito orgulhosa de ser judea tão sequer, se este é o modo em que um país judeu se comporta. Liderar a comunidade internacional em acometer cada vez mais despreçáveis actos de “apaziguamento” não é algo do que se sentir orgulhoso. O facho que sempre portámos de “luz entre as nações” tem-se consumido pelo nojento alento dos nossos políticos.
Se nos preocupassem os nossos soldados, não estariamos insinuando aos nossos inimigos que o sequestro e o terrorismo pagam a pena. Não estaríamos preparando o cenário para a próxima massacre terrorista e o intercâmbio de “reféns”. Estaríamos cursando leis com carácter vinculante de pena de morte para os terroristas convictos com as mãos manchadas de sangue e os seus cúmplices. Faríamos estas leis retroactivas.
Depois, curtaríamos o subministro de luz e água em Gaza até que entregassem a Gilad Shalit. Se isso não funcionasse, começaríamos execuções semanais, incrementando o número de terroristas convictos ante pelotões de fussilamento por cada dia que passar até que Gilad retornasse são e salvo. E ainda se isso não funcionasse, começaríamos bombardeios diários sobre Gaza em idêntico número e frequência que os ataques que a nossa cidade de Sderot tem sofrido durante os passados três anos. Não muito civilizado? Quiçá. Mas moral. Extremadamente moral.
O meu sonho é que os israelis se erguerão e abolirão o sistema político que os tem abocado a ter à escória da nação como líderes –uma banda de egoístas ladrões e sicofantes dispostos a tudo por permanecer na poltrona; um sistema político no que um partido como Kadima, com a sua colecção de felões e imbéceis morais, respaldados pelo 23%, permite-se arrastrar-nos pelo chão. Temos ao Sr. Olmert, à Sra. Livni, ao Sr. Peres e ao Sr. Ramon (um agressor sexual convicto, que se prepara para suceder a Olmert), e a muitos outros aos que agradecer este dia de infámia.
Que Yahvé nos redima de eles!
NAOMI RAGEN
13 Tammuz 5768/ 16 Julho 2008
Etiquetas: Kuntar, Naomi Ragen
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