A fim de contas, a yihad global e a inconstante resposta de Occidente ao assalto do Islám radical sobre a sua civilização, giram arredor do ódio aos judeus. Esta verdade, nunca oculta à vista de forma absoluta, foi exposta em toda a sua crudeza umas semanas atrás nas surprendentes revelações do antigo Presidente italiano e Senador vitalício, Francesco Cossiga.
Numa carta ao jornal italiano Corriere della Sera no passado Agosto, Cossiga reconheceu que durante os primeiros anos setenta, o daquela Primeiro Ministro, Aldo Moro, assinou um acordo com a OLP de Yasser Arafat e as suas organizações afiliadas que autorizava aos palestinianos a manter terroristas, bases operativas e armazéns de armamento em Itália a câmbio de imunidade para Itália e os interesses italianos ao longo do mundo. Cossiga reconheceu também que inclusso quando os palestinianos assassinaram italianos, o Governo também os protegiu. Inclusso, admitiu por vez primeira que o ataque terrorista mais grande que teve lugar em solo italiano –o atentado contra a estação de comboios de Bolônia, em Julho de 1980, que acabou com a vida de 85 pessoas- foi obra da organização subsidiária da OLP, o FPLP de George Habash.
Na época do atentado, Cossiga era o Primeiro Ministro em Itália. Justo depois do sucesso, ele culpara da atrozidade aos neo-fascistas. Nas suas palavras, naquela época, “ao contrário que o terrorismo esquerdista, que golpea o coração do Estado através dos seus representantes, o terrorismo negro prefire a massacre porque promove o pânico e as reacções impulssivas”.
Em Agosto, reconheceu que fora obra da FPLP e afirmou que a bomba estoirou sem querer. Quer dizer, que os palestinianos não tinham intenção de assassinar a não-judeus (e que portanto as autoridades italianas seguiram protegendo-os).
O passado Venres, Cossiga ampliou as suas revelações ao Corriere della Sera, numa entrevista com o correspondente em Roma do Yediot Aharonot, Menachem Ganz. Cossiga admitiu que não só eram objectivos israelis o que Itália consentira aos palestinianos atacar com impunidade, senão objectivos judeus em geral. Sem dúvida, quando menos em um, ou provavelmente dois, incidentes os italianos colaboraram com os palestinianos nos seus atentados contra judeus. Em Outubro de 1982, seis terroristas abriram fogo contra um grupo de crentes que abandoava a Grande Sinagoga de Roma. Dúzias de judeus resultaram feridos e o pequeno de dois anos, Stefano Tache, morreu. Horas antes do atentado, a polícia italiana retirara toda vigilância dos arredores.
Por aquele então, também, em Dezembro de 1985, os terroristas palestinianos abriram fogo contra as ventaninhas de El Al no aeroporto de Roma. Dez pessoas morreram. Outras sete pessoas morreram também num atentado simultâneo contra as ventaninhas de El Al no aeroporto de Viena. Segundo Cossiga, os serviços secretos italianos receberam aviso por adiantado advertindo do atentado, mas não se molestaram em compartir a informação com Israel.
Cossiga explicou a Yediot que “nenhuma baixa italiana se produziu. Eles atacaram a aerolínea israeli no aeroporto. Os assassinados eram israelis, judeus e estadounidenses”.
Depois acaeceu o seqüestro do cruzeiro italiano Achille Lauro a pouca distância da costa de Egipto, em Outurbo de 1985. Terroristas palestinianos dirigidos por Abu Abbas seqüestraram o barco. Dispararam contra o passageiro impedido em silha de rodas Leon Klinghoffer e arrojaram-no pela borda quando ainda estava vivo. Os egípcios libertaram aos sequestradores e enviaram-nos num voo a Líbia. Os jets estadounidenses obrigaram ao avião a aterrizar numa base da OTAN em Sicília, mas os italianos rechaçaram consentir que os estadounidenses se figessem com os seqüestradores e libertaram a Abbas. Os italianos interpretaram o enfrontamento como uma vitória contra os bravucões iánquis. Mas, na realidade, foi uma rendição mais ante os criminais palestinianos. Como explicou Cossiga, “toda vez que os árabes eram capazes de perjudicar mais a Itália que aos EEUU, Itália optou por render-se ante eles”.
Cossiga alega que o acordo do seu país com os palestinianos tem-se ampliado recentemente para incluir a Hizbolah. Tras a Segunda Guerra do Líbano, Itália accedeu a dirigir a força da UNFIL encarregada de evitar que Hizbolah se volvesse fazer com o controlo do sul do Líbano, e de bloquear o seu rearme. Ao que Cossiga acrescenta, “podo dizer com absoluta certeça que Itália tem um acordo com Hizbulah consistente em que as forças da UNFIL fazem a vista gorda ante o rearme de Hizbulah, na medida em que não haja ataques contra os soldados integrantes da UNFIL”.
Ganz observa compungido que, embora as afirmações de Cossiga levaram à comunidade judea em Itália a exigir que o Primeiro Ministro Silvio Berlusconi investigasse a colaboração governamental com o terrorismo palestiniano, tal investigação não semelha que se vaia levar a cabo. Ganz explica que o próprio Berlusconi não é imune ao ánti-semitismo que levou aos seus antecessores a deixar desprotegidos aos cidadãos italianos de orige judea. Quando se dirige aos judeus italianos, Berlusconi frequentemente chama ao Governo israeli “o vosso Governo”, manifestando assim a sua adesão ao ponto de vista de que os judeus não são cidadãos autênticos em nenhum país mais que em Israel.
A crença ánti-semita de que todos os judeus são sionistas e, portanto, que todos os judeus estám implicados na guerra contra Israel –outro clássico na velha guerra contra os judeus- permite aos ánti-semitas dissimular o facto de que a sua retórica ánti-israeli está solidamente edificada sobre o ódio ao judeu. Pessoas como os dirigentes iraniãos Mahmoud Ahmadineyad e Ali Jamenei, e terroristas palestinianos da OLP com os seus parentes de Hamas e Hizbulah, quase sempre limitam as suas ameaças aos “sionistas”, querendo fazer ver assim o são ánti-semitas.
Este astuto engano é aplaudido com entusiasmo pelos seus companheiros de viagem occidentais –desde professores universitários como Juan Cole, Steven Walt e John Mearshimer, a políticos como Brent Scowcroft e Zbigniew Brzezinski, até altos dirigentes occidentais e cabeças vissíveis de Estados europeus, e um alarmante número de políticos estadounidenses.
Este engano vai parelho à carreira do ánti-semitismo. Através dos tempos, os ánti-semitas têm utilizado o ódio ao judeu como um banderim de enganche. Atacando aos judeus como inimigo colectivo, os tiranos têm proporcionado aos seus povos o convinte chivo expiatório, o culpável débil ao que atacar, desviando assim as críticas sobre os próprios erros, ou ocultando quais são os autênticos inimigos a povos pacifistas que não têm interesse em combater. O ánti-semitismo apela aos instintos mais baixos da gente. Mas à gente não lhe gosta reconhecer quanto ódiam aos judeus, e os judeus sempre têm preferido negar que sejam odiados.
Assim, os dirigentes ánti-semitas têm disfarçado a sua chamada aos instintos mais básicos, com a pretensão de que o que fazem, na realidade, é apelar a objectivos sublimes. No caso dos názis, por exemplo, Adolf Hitler e Josef Goebbels apelavam ao orgulho germânico e o amor pela Terra dos Pais. Hoje, a esquerda apela ao desejo da gente de paz e justiça. Só consentindo, e inclusso fazilitando, que os judeus morram e que o Estado judeu desapareça, poderá assegurar-se a “paz” e os palestinianos receber “justiça”.
Esta estratégia implica aos políticos europeus –e em distintos graus aos estadounidenses- por duas razões. Primeiro, como o Ministro francês de AAEE Bernard Kouchner deixou claro numa entrevista com Ha’aretz o passado venres, Occidente considera que os yihadistas islâmicos buscam a destrucção de Europa e os EEUU, e acreditam –em parte porque o seu próprio ánti-semitismo lhes leva a exagerar o poder judeu- que Europa se livrará a base de mimar aos árabes e a Irám, porque ademais Israel nos protegerá.
Referindo-se ao programa de armamento nuclear de Irám, Kouchner dixo que ninguém está particularmente preocupado com a ameaça nuclear iraniã, porque todo o mundo acredita que Israel atacará Irám por eles. Nas suas palavras, “honestamente não acredito que um arsenal nuclear poda proporcionar nenhuma imunidade a Irám. Vós, os israelis, golpearede-los antes de que adquiram armas nucleares...Porque Israel sempre tem dito que não agardará a que tenham a bomba preparada. Penso que os iraniãos o sabem. Todo o mundo sabe-o”.
O irônico deste ponto de vista é que expõe uma inversão da retórica ánti-semita. Cinco anos atrás, o antigo Primeiro Ministro de Maláisia, Mahathir Mohamed, dixo ante uma entusiasta audiência de dirigentes de Estados islâmicos: “Os judeus dirigem o mundo a distância. Fazem que outros lutem e morram por eles”. Mas a crença occidental de que Israel os protegerá de Irám, demonstra que o contrário é o verdadeiro. Occidente está absolutamente convencido de que Israel é o seu representante, e que os judeus combaterão e morrerão para protegê-los das forças do terror global e da yihad.
A segunda razão pela que os campiões occidentais da “paz” têm decidido vender a Israel e os judeus aos yihadistas é que, como ánti-semitas que são, os “antisionistas” occidentais temem o poder judeu e pretendem que sejamos débeis. Esse é o motivo pelo qual durante os últimos 40 anos os governos europeus e o Departamento de Estado dos EEUU têm financiado grupos antisionistas em Israel como Paz Agora, B’tselem e Four Mothers. Esse é o motivo pelo que culpam a Israel do terrorismo palestiniano. E inclusso quando Israel sucumba a todas as suas exigências de concessão territorial, ameaçam já com exigir ainda mais.
Na mesma entrevista com Ha’aretz, por exemplo, Kouchner duma banda elogiava ao Primeiro Ministro Ehud Olmert e à Ministro de AAEE Tzipi Livni, pela sua vontade de entregar Jerusalém, Judea e Samária aos palestinianos; mas acrescentava que isso não é suficiente. Israel deve aceitar também a livre imigração dos hostis descendentes dos árabes que abandoaram Israel em 1948. Isto é, Israel deve aceitar também a sua própria destrucção a fim de pavimentar o caminho face a “paz”. Nas suas palavras, “o problema principal é o dos refugiados e Jerusalém, mas principalmente o dos refugiados. Olmert e Livni ainda não o percibem assim”.
Kouchner, doutra banda, está seguro de que Livni rematará reconhecendo a necessidade de permitir que os hostis árabes nascidos fóra se desprazem aqui. “Penso que ela cambiará. Isto sempre sucede na gente que está no cárrego movido pela política mas também pela vida”, afirmou.
Kouchner aplacou o temor do entrevistador sobre a destrucção nacional, afirmando que ele só estima nuns 100.000 os imigrantes árabes hostis. Mas isso é o que diz a dia de hoje...
Se Livni forma Governo e aceita este ponto de vista, deixade que Occidente se encarregará de explicar que pôr limites “arbitrários” à imigração árabe é atentatório contra os direitos humanos, e que o razismo sionista israeli está incitando aos árabes e a Irám a matar judeus e occidentais por todo o mundo.
Tudo isto conduze-nos, quiçá, à maior das ironias da complicidade de Occidente com os árabes e Irám na sua guerra contra os jueus. A lógica conclusão do engano do ánti-semitismo –que os judeus são tudopoderosos e que se deve impedir que os judeus medrem- supõe a desrucção de Israel. E, se isso sucede, Occidente estará nas fauces dos yihadistas islâmicos que têm estado alimentando durante quatro décadas.
A subversão occidental da elite israeli tem fomentado uma situação onde muitos dirigentes israelis têm abraçado os pontos de vista ánti-semitas sobre Israel. Dirigentes como Livni e Olmert, e os mass média e os ambentes acadêmicos de Israel, têm aceitado maioritariamente a ideia de que Israel é culpável da yihad global. Hoje em dia estes líderes sustentam como ideal mais destacado a debilidade de Israel. Quanto mais permaneçam no poder estas elites apoiadas por Occidente, maior será a possibilidade de que Israel não ataque Irám, e que Israel permita ser destruída no interesse de lograr a “paz” com os terroristas palestinianos.
E se Israel é destruída, Occidente já não dependerá de nós, os judeus, para lutar e morrer por eles nunca mais. Estarão sós.
CAROLINE B. GLICK
(7 Tishrei 5769 / 6 Outubro 2008)
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