FALSA DEMOCRACIA


Os jóvenes fechados em Beit HaShalom, Hebron, têm latado a classe durante as duas últimas semanas, mas a lição que têm aprendido do Governo de Israel sobre valores cívicos foi muito maior da que teriam recebido nas aulas. A conclussão da lição é que num sítio onde o Governo só utiliza a democracia para benefício próprio, a única via de protesta que fica é o emprego da violência.

Esta juventude foi testigo das mentiras de Ariel Sharon aos seus votantes e como foi premiado com uma selvagem tromba de aplausos desde os mass media por fazê-lo.

Esta juventude viu como a maioria dos membros do Likud votaram em contra da desconexão e foram incapazes de conceitualizar o porqué os mass media animavam entusiastamente ao Primeiro Ministro a ignorar os resultados das urnas, quer dizer, da lei básica da democracia.

Esta juventude observa desesperada como os seus dirigentes apelam uma e outra vez contra a Corte Suprema, sendo sempre desatendidos, mentres a extrema esquerda aproxima-se ao 100% de éxito nas suas apelações.

Observam as revoltas dos drusos em Pkiin, despregando um saqueo incendiário e o assalto contra a polícia, e vem como recebem os parabéns dos mass media.

Vem como quando os árabes de Acco prendem fogo a uma yeshiva, os mass media usam um tom de apoio apologético, mentres propalam que o autêntico inimigo são os direitistas.

Também não comprendem como quando os árabes profanam o cimitério judeu de Hebron, os mass media não o consideram digno de menção, mas quando um gamberro judeu faz o mesmo o sucesso abre todos os boletins de notícias e é qualificado como neo-názi.

Estes jóvenes não entendem como os jornalistas do Estado de Tel Aviv despregam uma Guerra Santa contra a destrucção do mitológico hall de basketball do Ha’Poel de Tel Aviv, com a violenta retaíla de termos utilizados para lutar contra o intento de derrubar o kiosko onde Bialik tomava o seu primeiro cafê do dia, mentres a eles os qualificam de dementes por querer viver na cidade dos Patriarcas.

Quando o Ha'Poel Tel Aviv e os dois açucarilhos de Bialik são mais importantes que Abraham Aveinu, daquela esta juventude pregunta-se quem é aquí o anormal –nós ou vós, os do Estado de Tel Aviv?. Quando vem nas enquisas que a metade dos cidadãos são do seu mesmo parescer, mas que nem sequer têm uma misserável parcela de representação nos mass media, percibem que algo aquí cheira podre. E não querem participar nesse jogo.

Esta juventude observa e metaboliza, desgraçadamente, que a única linguagem que entendemos aqui é a da violência. Quando os palestinianos assassinaram judeus conseguiram Gush Katif. Quando os árabe-israelis montaram a revolta de Outubro de 2000 receberam o abraço da Comissão Ohr. Os residentes de Kfar Kassam sabem que estám exentos de pagar impostos por televisão porque nenhum oficial de polícia se atreve a requisar os seus aparelhos (se quer seguir levando uma vida normal). Os beduínos construem onde lhes peta sabedores de que para expulsá-los ou apenas tirar-lhes uma só parede, Israel teria que mobilizar uma divisão de reservistas ao completo para fazer o trabalho.

Num país onde o sistema judicial está politizado, os mass media não dam cancha à pluralidade de opiniões, onde a metade da nação não tem sítio no discurso dos meios de comunicação, não pode resultar surprendente que o único meio de expressão para um rapaz seja lançar pedras.


KALMAN LIBSKIND

[Publicado no jornal “Maariv”]

0 comentarios: