LIMPANDO PARA A PAZ


Os árabes acreditam que lhes arrebatamos o seu território. Nem toda a propaganda do mundo poderá cambiar o facto de que as suas dunas são hoje os nossos jardins. “As suas” é mais importante que “dunas”. Pelo contrário, a educação israeli, ao alcanço dos árabes, faz ênfase na nobreça do nacionalismo, a perseverância, e a luta de libertação nacional do povo judeu; os árabes imediatamente têm-se aplicado o exemplo a sim próprios. Não existe um só caso histórico no que os conquistadores (e para os árabes, os judeus arrebataram-lhes a sua terra) viveram pacificamente com os conquistados. As vítimas eram sempre reduzidas ao nível da insignificância. De outra forma, agindo de maneira humana (“inhumana”), a vítima sempre se rebela. Eles não acreditam na benevolência do vencedor, senão que fazem uma leitura de debilidade física ou moral, o que contemplam como uma possibilidade de impôr-se.

As negociações conduzem à paz só quando a questão não é essencial para as partes contendentes; tanto França como Alemanha teriam querido anexionar-se Alsácia-Lorena, mas também podiam viver sem ela. Porém, quando a disputa radica no território essencial, no espírito da nação, esfumam-se as possibilidades de negociar. A única forma de viver em paz é eliminando a ameaça. Esta verdade é simples, embora não nos goste, e muitos pensem que de alguma forma a história se deterá no nosso tempo, e tudo o que foi sempre verdadeiro será falso agora, e os lobos abraçarão os anhos, e as nações negociarão sobre aspectos essenciais. A realidade é mais apocalíptica; estes são os últimos dias, e a mentalidade humana apenas tem trocado. Em todo caso, as guerras são ainda mais encarniçadas.

A cobertura mediática amosa-nos o rosto dos inimigos, e tendemos a contemplar o inimigo como um indivíduo mais que como um grupo. Os indivíduos movem à compassião, mentres as massas movem ao medo. Contemplar o teu inimigo, descontextualizado na TV, desmotiva-te para combater com ele. Imaginade uma reportagem periodística dos Aliados desde os restos bombardeados de Tokyo ou Dresde, amosando rapazes abrasados. Teria sem dúvida um grande impacto no público dos EEUU. A intensiva cobertura mediática dos árabes tem rematado por convertê-los de inimigos em “gente como nós”. Poucos entendem que os inimigos são, sem dúvida, como nós, e os seus objectivos são os nossos, e que essa é precisamente a razão pela que lutamos, porque ambos queremos o mesmo diminuto troço de terra. Ambos queremos ser donos das nossas vidas, melhor que depender das hipotéticas normas benevolentes dos outros.

Os judeus assimilados só conhecem uma linha da Torá: “Amarás aos outros”. Alguns pensam que vai no mesmo sentido que no Cristanismo, “Ama o teu inimigo”. Mas temos Éxodo 23:31: “E entregarei nas vossas mãos aos habitantes dessa terra, e expulsarede-los”. Os outros aos que devemos amar são aqueles que aceitaram os princípios básicos do judaísmo. Serão conversos ou temerosos de Deus, mas em qualquer caso estamos obrigados a amá-los porque são leais e se esforçam em ser bons cidadãos do Estado judeu. Nada mais longe dos árabe-israelis, que se identificam com os muçulmãos, os árabes e os palestiniãos –não com os judeus ou os israelis.

A Torá é prática. Não podemos chegar a um acordo com inimigos jurados, ou viver pacificamente com aqueles que se consideram habitantes legítimos (e, portanto, soberanos) desta terra. Não é possível um processo de paz. Mas existe um processo que conduze à paz: concretamente, limpar o território de inimigos.


OBADIAH SHOHER

0 comentarios: