SER ÁNTI-ÁRABE NÃO É NÁZI


Resulta enganoso falar de botar os árabes de Israel. Trata-se de um meio, não de uma finalidade em si própria. As políticas alemãs contra os judeus eram odiosas na medida em que constituiam um fim em si próprias. Matar em aras de uma ideia elevada é uma coisa que, nos goste ou não, é geralmente aceitada. Matar pelo gosto de matar é algo totalmente distinto, e universalmente detestado. Como dizia o sábio: “Duas pessoas roubaram um pepino, uma é culpável, a outra não”. Acções semelhantes têm amiúde consequências morais tremendamente distintas: tanto um cirurjão como um caníbal fendem os corpos, mas obviamente com propósitos diferentes. Comparar os nossos métodos com os dos alemães é ridículo; embora nos cepilhemos os dentes de igual maneira que o fazem os alemães.

Os judeus não supunham uma ameaça para os alemães em aspecto nenhum. Nem sequer ameaçávamos a sua identidade nacional, como aqueles “alemães de fê mosaica” que tratavam de integrar-se, assimilar-se e chegar a ser perfeitos alemães. Ainda se os alemães queriam viver numa confortável sociedade homogênea, era suficiente com que tivessem expulsado aos judeus –a Suíça ou Palestina. Para mim isso não teria suposto afrenta alguma, pois de facto os judeus devem viver isolados. Qualquer rabino dos de antes –quando ainda havia rabinos- concordariam comigo.

Para além disso, o tamanho sim que importa. Uma coisa é que os judeus queiramos um pequeño anaco de terra, e algo muito distinto que os alemães reclamassem um imenso país, inclusso um continente, vazio de judeus.

Quando te apeteze um filete não matas uma vaca. Quando chamas à polícia para deter um ladrão, não persegues arruinar a sua vida –tão só queres viver a tua na seguridade do fogar. Quando gastas num restaurante o dinheiro que bastaria para salvar a uma família africana de morrer de fome, não es um desalmado; simplesmente não te preocupam os demais. Assim, no nosso caso, não nos deveria preocupar o destino dos árabes expulsados. Deixemos aos países árabes, que confiscaram as propriedades de 800.000 refugiados judeus, que se ocupem dos seus comilitões muçulmãos.

Eu não disfruto perjudicando os árabes. Só quero que os judeus vivam bem. Se isso é a expensas dos árabes, que o seja; importa-me um râbano –mas não tenho intenção de perjudicá-los. Se aceitam uma compensação e marcham tranquilamente, tanto melhor. Se temos que empregar a força, empreguemo-la –toda a força que for necessária.

Não existe uma questão de violência árabe como ameaça para o Estado judeu. A ameaça existe, mas não é essencial. Os árabes para além das fronteiras de Israel ameaçam a nossa seguridade. Também não acredito que o alto o fogo do mundo cristão com os judeus dure indefinidamente. Não seremos nós quem o rompamos, mas antes ou depois, quebrará.

Os árabes pacíficos em Israel constituim um problema igual ou maior que o dos árabes violentos; inclusso estes últimos são um problema menor, porque o mesmo facto de agirem violentamente sugire de imediato aos judeus as medidas adequadas a empregar. Porém, os árabes pacíficos socavam o objectivo final de Israel: o Estado judeu. O Estado onde os judeus viver juntos de maneira confortável. Uma reserva, se se quer. OK, queremos ser como os índios nativos –respeitem a nossa reserva; não queremos estrangeiros aquí. Os judeus temos direito ao nosso clube; o nosso país é do tamanho do clube dos de Texas.

Queremos viver confortavelmente entre judeus. Por vez primeira em dezenove séculos, não queremos ver estrangeiros arredor nossa. Você, que forma parte da homogênea cultura occidental, não imagina o prazer que supõe ter judeus arredor –só judeus. Somos tão imensamente distintos do resto dos povos que queremos que nos deixem sós e em paz no nosso microscópico Estado. Sós –que significa sem estrangeiros. Por suposto, os árabes não são estrangeiros para muitos judeus israelis, que nem sequer consideram vizinhos a outros judeus. Esses pobres cosmopolitas abraçam aos árabes que os rechaçam, e rechaçam aos judeus que quereriam realmente abraçá-los.

Um presidente idealista, Wilson, supervisou o traslado de populações entre turcos e gregos. Um presidente idealista, F.D. Roosevelt, dou visto bom ao desalojo de 12 milhões de alemães em Polônia e Checoslováquia. Quiçá podamos achar outro americão idealista que não dê excessiva importância ao facto de expulsarmos aos árabes de Israel, Judea e Samária.
E se não, que? Adicaremo-nos a pastorear cabras durante uma década, até que escampem as sanções económicas internacionais.


OBADIAH SHOHER

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