Não deveria ser preciso insistir
Em vez de apelar à ausência de Sanedrim –facto que não impediu que os rabinos medievais executassem aos judeus criminais- podemos conceder que os sacerdotes elaboravam normas severas para fortalecer a moralidade, normas que raramente se levavam à prática ante a impossibilidade de demonstrar o crime. Em vez de interpretar o castigo ritual como uma privação na outra vida –para além da clara referência à execução temporal em Levítico 20:17 […serão extirpados aos olhos dos filhos do seu povo]- deveríamos perguntar-nos honestamente se o corpus delicti é de orige divina ou sacerdotal. Este enfoque nada tem a ver com o Reformismo –essa doutrina nihilista que reduz o Judaísmo a uma ética gentil. Devemos ser honestos com a religião. Aquilo que é claramente impossível, para além do muito que nos empenhemos, não pode ser de orige divina.
O relato do nascimento de Samson confirma que os sacrifícios fóra do Templo eram habituais, dado que Manoah não teve reparos em sacrificar a sugerência dum estrangeiro, do que ele não sabia que era um anjo. A Estela de Mesha fala do saqueo aos “vasalos de Yahvé” em Nebo, o que também redunda na existência de santuários fóra do Templo. A oração centralizada no Templo não pode ter uma base real: os judeus de Israel e Galilea não podiam estar viajando a Jerusalém constantemente para a purificação ritual e as festividades. Já o Primeiro Templo carecia da Arca, de Urim e de Tummim, e o Segundo Templo de todos os objectos sagrados. O Templo é a instituição política mais importante da nação judea. Não deveríamos agardar que um Templo idealizado desça dos céus, senão edificá-lo agora no Monte do Templo.
Os haredim são as melhores das pessoas, e em nenhuma parte de Israel sinto-me mais em casa que no bairro de Mea Shearim. A profundidade espiritual, ética e moral da maioria dos rabinos não têm ponto de comparação. A sua devoção à Torá, que estudam desde a mais absoluta pobreza e com a mais extrema adicação, é realmente digna de elógio. Mas a questão essencial é se o seu judaísmo é verdadeiro. Devem os judeus ser agradáveis? Estudosos entregados à Torá? Ou devemos levar uma intensa vida nacional com estudos seculares, trabalhos seculares, e guerras? A Bíblia não dá nenhum indício de que D’us queira que os judeus levem uma vida monástica. Tem-se-nos ordeado repetidamente, mais bem, que nos assentemos na nossa terra, a trabalhemos, e que combatamos por ela.
Sem dúvida, não temos eleição: os religiosos judeus emprenderam o assentamento massivo na nossa terra décadas antes de que o figessem os sionistas, e os árabes combateram reiteradamente contra as comunidades religiosas judeas, nas que não havia nem rasto de sionismo ou aspirações estatais. A submisão ao resto das nações é uma profanação do nome de D’us, e negociar com os inimigos que reclamam a terra que nos foi prometida testemunha o nosso desprezo pelas promesas de D’us. Ele fez as suas miragres em 1947 e 1967, mas os judeus negam-se a fazer a parte que lhes corresponde do trabalho.
OBADIAH SHOHER
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