Recentemente recebim uma série de e-mails, todos com a etiqueta de “urgente”, que tratavam sobre “as conversas secretas” entre Israel e os nossos inimigos. A proposta era ré-envia-los a tanta gente como fosse possível. A linha do Tema punha algo como “Jerusalém está em jogo”.
Por suposto o tema é crítico, mas com toda a devida modéstia, permitide-me que reitere umas quantas lições elementares sobre a diplomácia israeli.
Quando menos desde Oslo, que estoirou com a força de umas quantas cabeças nucleares, não nos podemos permitir o luxo de jogar o papel de inocentes transeúntes. Desgraçadamente ainda queda gente que, ocultos tras a máscara e costumes dos políticos –pretendendo agir como líderes- exclamarão quando achemos as “patacas quentes” como Jerusalém sobre a mesa de negociações que estám dispostos a abandoar a coaligação; actualmente, temos a garantia do Primeiro Ministro de que esses temas não se estám tratando. Parvadas. Como se não o soubéssemos todos.
Não é grato ser um agoireiro, expondo sempre predicções negativas. Mas hoje não se trata de predicções. Qualquer pessoa dotada até da mais torpe capazidade de percepção, comprende o que se está a passar.
Onde nos achamos? Olmert está de retirada. Já seja via judicial, através das primárias, ou por intervenção divina, está acabado. Só há um problema. Quere afundir o barco com ele. Denomina-se regressão, uma degeneração aos velhos tempos. Um dos primeiros exemplos foram as draconianas ordes de expulsão cursadas há escasas semanas a três jóvenes em Shomron. Por regra geral, a medicina israeli não soe praticar demassiado a medicina preventiva; está considerada como muito cara. Mas Israel sim que aplica o que poderíamos denominar “crime preventivo”. Acrescentaria: “crime selectivo preventivo”. Crime de primeira orde. Previndo possíveis distúrbios, mentres os árabes vindimam. A presença destes três jóvenes em qualquer parte de Samária e Judea poderia pôr em perigo a “paz” na área.
(Mas, por suposto, quando se trata de autorizar aos elementos mais extremos da esquerda israeli a manifestar-se em Hebron, incitando aos árabes contra os judeus residentes na cidade e pondo em perigo as suas vidas, bem, esse é-vos outro conto).
As ordes iam assinadas pelo General Gadi Shamni, comandante da região central, mas procediam induvidavelmente de mais arriba, do mais alto nível de Defesa e Inteligência. E são, provavelmente, só o começo.
As novas desbordam-se como um géiser. Barak está falando dos bairros de Jerusalém Leste como parte da capital do Estado palestinião. Ontem [4 de Setembro] soubemos quan generoso é realmente Barak. Subministrando electricidade a Beit HaShalom, embora não sob qualquer circunstâncias. Mas autorizando a entrega aos terroristas de 1.000 rifles mais as suas munições, sem problema [ver entrada a respeito no blogue o passado 5 de Setembro]. E Olmert, junto com o seu melhor amigo (os criminais tendem a se juntarem) Haim Ramon, agarda-se que comeze a negociar o edicto de expulsão/compensação decretado em Gush Katif, mas nesta oportunidade, referido àqueles que vivem em Judea e Samária. A santa doncela de Kadima opõe-se; não, não se opõe ao conceito, senão que mantém que as discussões só podem ter lugar tras o estabelecimento das fronteiras definitivas. Genial!
A sombra da santa doncela -e a sua oposição nas primárias- também se opõe; a discussão não faz senão debilitar as posições de Israel. Que posições? Que negociações, Sr. Mufaz?
E o Likud? Podemos atrever-nos a acreditar em qualquer coisa que digam durante a actual etapa pré-electoral?
(Ainda queda alguma gente sensata no Meio Leste, como o presidente sírio Bashar Assad, que vem de cancelar a seguinte rolda de conversas sírio-israelis sobre o abandono do Golão, devido à “situação política” em Israel. Se pelo menos ele fosse membro do Gabinete israeli!).
Mas o autêntico problema deve ser encarado. E não é a renovada discussão sobre a expulsão/compensação, nem a divisão de Jerusalém, nem sequer os enormes esforços de Olmert por alcançar um princípio de acordo com Abu Mazen prévio às primárias em Kadima.
Não é que Jerusalém não esteja sobre a mesa; está. Não é que Judea e Samária não estejam sobre a mesa; estám. Mas são o aperitivo e o primeiro prato. Não devemos esquecer jamais que o prato principal é A TOTALIDADE DE ERETZ YISRAEL. Isto é o que querem, e não se privam de manifestá-lo.
Tenho um mapa [ver image] procedente da Casbah de Hebron, que é um mapa de “Palestina”.
Do Norte ao Sul, do Leste ao Oeste, todo o Estado de Israel, todo Eretz Yisrael = Palestina. Isso é o que querem e isso é o que pretendem conseguir, e nós seguimos-lhes o jogo.
Não há necessidade de procurar conversas secretas com Abu Mazen, Assad ou qualquer outro. É um aspecto presente permanentemente na nossa realidade. Assim funcionam as coisas. E a pessoa que dirige esta orquestra é Ehud Olmert.
Nada lhe gostaria mais a Olmert que abandoar o seu despacho num aura de glória: um acordo com a facção Fatah da Autoridade Palestiniã, com Síria e, quem sabe, se quiçá realmente está mantendo conversas secretas com nada menos que o Presidente Iranião Mahmud Ahmadinejad?
Para além de tudo isto, devo admitir que o que realmente me irrita mais de Olmert é o seu incrível descaro de iniciar discussões para a expulsão de Yesha só uns dias antes da conclusão do seu catastrófico mandato. Existe um acordo quase unânime de que o abandono de Gush Katif foi um erro desastroso. Muitas, demassiadas, das quase 10.000 pessoas expulsadas das suas casas e trabalhos, estám ainda sem casa nem trabalho. E ainda Olmert e os seus amigos querem repetir. Impossível de entender.
Agás...
Existe uma explicação. Olmert foi um dos primeiros promotores e partidários do fiasco de Gush Katif. As suas decisões durante a Segunda Guerra do Líbano custaram muitas vidas israelis. Está a ponto de ser processado por crimes repulsivos cometidos a título de “servidor público”.
Tudo isso fai-no merecedor de uma espaçoso lugar na mais profunda e escura gruta do porvir. Mas isto semelha não ser suficiente para ele. Simplesmente está procurando um lugar melhor e mais grande no Inferno.
DAVID WILDER
(5 Elul 5768 / 5 Setembro 2008)
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