Concedamos-lhe o mérito a McCain quando o mereze. O envoltório autodenominado “inconformista” e ideologicamente independente/esquerdista do líder republicano, o seu baile face o mítico centro (esquerda, na realidade) estava fracassando notoriamente e a sua campanha fazia águas. Num golpe de decisão fixo o que tinha que fazer. Escolhendo a Sarah Palin como companheira de cartaz, McCain insuflou de energia a base potencial dos conservadores no Partido Republicano, e surpresivamente desbancou a Obama nas enquisas. Podemos falar todo o que queiramos sobre o atractivo de Palin para o seitor feminino e o seu estilo singelo, mas ela tem aquilo do que carece McCain: uma militância conservadora 100% dotada do DNA republicano que lhe falta a McCain.
Bibi é o John McCain israeli. Encabeça o Likud, o partido de maior tamanho de Israel, o partido de tendência nacional conservadora que é uma autêntica “Israel em miniatura”. Mas Bibi carece claramente do DNA do Likud. Evidências? Traslademo-nos às eleições gerais do 2005. Os expertos em análise política vaticinaram que Bibi ganharia se se inclinava mais face à direita. Então, que fixo Bibi? Zambulir-se à procura do mítico centro israeli, desviando o Likud face a esquerda em todos os temas nacionais e de seguriade com a finalidade de mimetizar o estilo de Kadima. Uma estratégia magistral e vitoriosa....para Kadima e para Ehud Olmert, um tímido (ou sem vergonha) legislador que chegou ao silhão de Primeiro Ministro como cabeça do partido fundado com uma só missão: a desconexão (ou como tem rematado por ser conhecido, o partido “da-expulsão-para-salvar-o-traseiro-de-Sharon-do-processamento”), mentres o seu mentor mantém o seu corpo e cerebro refrigerados em hibernação vegetativa.
Volvamos a 2008. Mentres Tzipi Livni trata agora de formar um Governo que faga entrega de tudo e o barco se afunde (não vos importe o que digam os do Shas), Bibi está claramente decidido a demonstrar-me que tenho razão quando lhes digo aos seus seguidores que ele nunca cambiará. Intenta colocar esquerdistas como Dan Meridor e Lizi Dayan assim como pseudo-colonos e judeus simbólicos como Yechiel Leiter (quem, por certo, foi o chefe de campanha de Bibi no 2005) na carreira por figurar nas listas do Likud, assim como a umas 3.700 pessoas que estám registadas tanto no Likud como em Kadima a fim de despraçar-se face a esquerda do mítico centro israeli. Ora bem, por que está Bibi fazendo isto quando alguns expertos políticos lhe dizem de novo que se despraze à direita? Bem, bastante ironicamente, Bibi está intentando achar a Sarah Palin do Likud (em sentido político, por suposto).
Isso é, amigos, a versão de Bibi e do Likud de Sarah Palin não é outra que o grande Moshe Feiglin, da facção Manhigut Yehudit do Likud. Bibi observa como Feiglin sube lentamente as escaleiras do Likud para convertir-se na segunda figura mais prominente do partido, com uma inquebrantável e incorruptível mensagem de liderádego não coercitivo baseado na fê para constituir um autêntico Estado judeu. Bibi contempla como a mensagem de Moshe colhe força e começa a resoar entre os likudniks, tanto observantes como seculares. Bibi intenta todos os trucos sujos que vêm no livro para deixar fóra de jogo a Moshe, ou quando menos numa posição margina, empurrando-o o mais abaixo possível nas listas onde políticos como Ayala Chassan de Poplitika podam dizer que Moshe está entre os cinco melhores do Likud. Bibi sabe que Moshe não será a sua mascota nem fará escuros pactos com ele. Bibi nota que é Moshe e não ele quem possue o DNA do liderádego no Likud e, apesar de que os expertos dizem a Bibi que remate com as trampas sujas e se aproxime a Moshe, em vez de intentar destrui-lo, porque isso será beneficioso para ele e para o Likud, Bibi não quere escutar e cai novamente nos erros de 2005 uma e outra vez.
Bibi, tens a tua própria Sarah Palin justo aí, no Likud, em Moshe Feiglin. Com ele poderias atrair a muita gente na direita e assegurar-te a tua vitória e a do Likud nas próximas eleições. Mas, ao mesmo tempo, es conscente de que Moshe não seguirá os teus ditados no Governo e que não serás capaz de silenciá-lo ou suborná-lo. Assim que segues apostando pela tua disfuncional estratégia e continuas falando de formar governos de unidade com o pianista virtuoso e Ministro de Defesa a tempo parcial Ehud Barak que, de não ser pela graça divina e a mentalidade de abrumadora tendência homicida e ódio face os judeus de Arafat, quase logra entregar a maior parte de Judea e Samária e Jerusalém durante o seu mandato como Primeiro Ministro.
Os governos de unidade nunca têm funcionado, Bibi; mas uma vez mais, por que haveria de agardar que me demonstres que estou errado? Ainda não me tens decepcionado. Não posso agardar a ver que sucede se Livni forma um Governo seguido de certa relativa paz e calma. Para então já se terá convertido no ídolo número um da imprensa, e ti afundirás-te na irrelevância, ao igual que o 80% da gente que diz que votaria por ti -embora não acredite em ti- começará a buscar a alguém que diriga o Likud. Quem será esse alguém? A tua Sarah Palin, Bibi.
JASON GOLD *
* Jason Gold é editor do Jewish Leadership Blog.
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