Inclusso entre os judeus de direita, muitos detestam os chamamentos do Rabbi Kahane aos instintos mais primários das massas judeas, às que incitava contra os árabes. Não é preciso dizer que estám equivocados.
O Rabbi Kahane foi uma figura política. A religião era para ele a base do seu agir político. E considerava que isso era o que lhe cumpria fazer. A maioria dos rabinos separam D’us e política –o qual não tem justificação no judaísmo. Lembremos ao Rabbi Akiva, cujos discípulos apoiaram a revolta de Bar Kochba, ou os numerosos exemplos de rabinos europeus, dos de antes, que faziam chamamentos aos judeus para combater contra os opressores. Os rabinos devem estar à fronte de qualquer movimento social que seja beneficioso para os judeus.
Assim, Rabbi Kahane necessitava acólitos, e dirigia-se a cada grupo de potenciais seguidores na sua linguagem habitual ou, dito de outro modo, expunha-lhes a sua doutrina de maneira que a puideram entender. Seria muito singelo dizer que Kahane não os incitava a corear “Matemos aos árabes!”; esse era a forma em que eles o interpretavam. Mas tomemos em consideração o seguinte: teria sido correcto para ele chamar à morte dos árabes?
Essa interrogante leva-nos ao ponto cruzial, o do fim e os meios: para os alemães, polacos, ucranianos, croatas, lituanos, etc., assassinar judeus era uma finalidade em sim própria. Para os judeus de Dir Yassin ou Kfar Qassem, matar árabes era um meio. Ao igual que os estadounidenses que bombardearam Tokyo procuravam ganhar a guerra mais que sumar o máximo número de mortos per se. No caso de Kahane, matar árabes era um meio para construir um Estado judeu. Não me cabe dúvida de que ele não propugnava um extermínio global dos árabe-israelis, ao estilo da massacre dos judeus de Hebron ou dos campos de extermínio. Mas, como sucede em todas as guerras, temos que matar alguns inimigos para aterrorizar ao resto e obrigá-los a acceder às nossas exigências. Os árabes nunca amosarão boa vontade face nós e pararão de súpeto de aterrorizar aos judeus, marchando-se desta terra. Presumivelmente, só o fazerão através do pânico. O pânico é produto de factos horríveis ou de ameaças convincentes –e a credibilidade sempre deriva da capazidade de cometer actos horríveis. Portanto, o chamamento a matar árabes não é errôneo per se -na medida em que constitui um meio e não um fim- e que supõe um passo razoável para economizar mortes no inimigo. Um exemplo dessa “economia do terror” é Dir Yassin, onde teve lugar um número relativamente pequeno de baixas árabes em circunstâncias escuras, a pesar de que depois se extendeu a lenda de que houvo muitas e que dou pé à fogida de centos de milheiros de árabes.
Na sociedade politicamente correcta de Israel, onde é inimaginável falar publicamente de deportação, onde inclusso o termo “terrorismo árabe” é qualificado de razista, o Rabbi Kahane necessitava espolear à gente honesta. Teria sido incapaz de contrarrestar a abrumadora maquinária de propaganda esquerdista com bonitas palavras, com argumentos academicamente rabínicos. Não se podia dar um debate civilizado, onde as partes contendentes são respeitosas com os pontos de vista do contrário. Os esquerdistas sempre o recebiam com assobios, música estridente e berridos. A situação era extrema, e não propícia para discursos teóricos. Nesse contexto, o Rabbi Kahane tina que combater o fogo com mais fogo.
Seria muito fazil para mim dizer que a retórica do ódio era normal nos debates, dada a grande tensão do momento, mas o Rabbi Kahane era muito cuidadoso escolhendo as suas palavras. Não se tratava dum debate acadêmico –e inclusso os debates acadêmicos freqüentemente se tornam ágrios quando implicam aspectos sociais.
Aínda mais importante: que é o Judeu? Uns dias atrás celebrámos Purim -a comemoração duma matança de homens, mulheres e crianças. A Midrash diz que os judeus arrastaram aos amakelitas através de alcantarilhas nas que se ocultavam –e que depois os mataram. Se acreditamos em D’us, pensade em que pouco “progressistas” são os seus métodos: matança dos primogênitos egípcios, o mandamento de matar a Amalek, a benção eterna a Finéias por matar a um judeu que casou com uma shiksa [nota: mulher não-judea], as descripções do rito sacrifical de animais. D’us não é alguém agradável. Que é a moralidade?: o que a Torá define como moral. Por favor, não mesclemos a moralidade judea com a imbecilidade progre que pretendem fazer passar por “judaísmo” nos templos. Temos um mandamento específico de expulsar a todos os habitantes da Terra –por quaisquer que sejam os meios. Se não o cumprimos, eles se alçarão contra nós –como, sem dúvida, estamos vendo na actualidade.
Isso não só é Judaísmo: é sentido comum. Quem eram os que os Aliados matavam durante a 2ª Guerra Mundial em Alemanha e Japão? Não eram soldados, só mulheres, rapazes e ancianos. As guerras não são agradáveis.
Não existe necessidade de demonizar aos árabes; basta com observá-los. Ódiam aos judeus, e seguirão odiando-nos por sempre. Por que? Por que os cristãos nos ódiam? No caso dos árabes, têm um motivo racional para odiar-nos: querem que lhes devolvamos a “sua” terra. Tendes a mais mínima dúvida de que os árabes estám dispostos a matar judeus no momento em que poidam fazê-lo? Não existem árabes bons e árabes máus. Todos os árabes são bons e patriotas.
Tudo isto leva-nos, de novo, ao quid da questão: devem ser tratados os árabes como nativos (que lutam pelo que acreditam honestamente que é seu, e serem só expulsados) ou como Amalek (que atacou aos judeus quando éramos débeis, e serem aniquilados)?
Esta não é uma desputa arredor duma mesa com chocolate e biscoitos num “Starbuck” de San Francisco. É uma guerra de supervivência. Não existe uma solução agradável e mágica.
É preferível sobreviver que ser agradáveis. E nós não podemos fazer ambas coisas.
OBADIAH SHOHER
24 Adar 5769 / 20 Março 2009
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