Estou atónito, Sr. Presidente, verdadeiramente atónito. Tras todas as esperanças que você suscitara de uma nova América, tras as suas denúncias da arrogância iánqui, tras as suas promesas de resolver os problemas do terrorismo mundial através do diálogo, resulta que você vai e manda às Navy SEALs do exército a violar os direitos humanos dos piratas somalis sem nem sequer lhes lêr os seus direitos!
Tem perdido você o juízo? Não tem aprendido nada você das lições que ofereceu aos isrealis na exitosa estratégia de rescate de Gilad Shalit? Depois de tudo, nós temos trabalhado pacífica e tranquilamente durante mais de três anos para obter a libertação de Shalit. Por que não tem feito você o mesmo com o Capitám Phillips? Onde foi parar a sua promesa de esgotar todas as vias de diálogo com os terroristas incomprendidos?
Sr. Presidente, eu tenho uma grande experiência em tratar com o terrorismo e a violência, e por esse motivo quero explicar-lhe por que a sua acção tem sido injustificada e imperdoável. O primeiro que deve comprender é que um só pode lograr a paz com quem é o seu inimigo. Com os amigos não há necessidade de lograr a paz. Não existe solução militar aos problemas do terrorismo, e por isso você deveria ter procurado uma solução diplomática à captura do Capitám Richard Phillips. “Sem justiça, não há paz”, como eles bem dizem. Agora você deveria convidar aos dirigentes desta organização somali responsável do seqüestro do barco e da captura do Capitám Phillips a visitar a Casa Branca. Deveria ser comprensivo com o seu dor e entender as suas exigências. Mas, o que é mais importante, deveria rematar com a ocupação ilegal dum território que lhe não pertence! Primeiro: deveria retirar-se de Guam e Hawaii e evacuar a todos os colonos anglo-saxões que vivem ilegalmente ali. Mas isso só seria o começo. Grandes áreas dos EEUU, incluíndo o suloeste, são territórios ilegalmente ocupados. Alguns, inclusso, têm uma esmagadora maioria hispana.
A solução passa por criar “dois Estados para dois povos” dentro de Illinois. Um seria para os estadounidenses, e o outro para os piratas somalis.
Depois viria o assunto do estátus de Washington D.C.. Lá contam com uma considerável minoria somali –muitos dos quais são condutores de táxi. A sua paranoica insistência em que o Distrito de Columbia permaneça sob controlo dos EEUU é razista e desconsiderada. Você deve rematar com o regime de apartheid que padecem nos EEUU, e converter Washington na capital comum de dois Estados.
Depois deveria pagar compensações aos familiares dos piratas somalis assassinados sem piedade e a sangue frio pelas suas Navy SEALs. Tem a obriga de garantir-lhes subsídios de beneficência a costa da cobertura social administrativa dos EEUU, e territórios no Parque Yellowstone. Não quigesse ter que lhe lembrar que esta não é a primeira vez que vocês, os norteamericanos, violam os direitos civis dos piratas. Os seus crimes remontam-se até a época de Thomas Jefferson e os seus ataques imperialistas contra os piratas costeiros. Os agressores daquela eram capitaneados pelo belicista Tenente Stephen Decatur Jr., que atacou barcos piratas em Trípoli pela absurda razão de que seqüestraram o USS Philadelphia. É que não aprendeu você nada daquele claro exemplo de despreço imperialista iánqui?
A seguir, você deverá oferecer aos piratas serviços web de internet e hoteis de conco estrelas a câmbio da sua promesa de abandoar as armas. A fim de contas, assim é como nós logramos que Yasser Arafat se convertesse no nosso “sócio no caminho da Paz”. Mire, Sr. Presidente, a força militar já não desempenha papel algum no universo post-moderno. Está caduca. É arcaica. Os interesses do consumidor são os que movem o mundo actualmente, e os activistas somalis estám, sem dúvida, dispostos a asinar a paz a câmbio dalguns gestos de boa vontade encaminhados a que também eles participem no mercado mundial. O ataque contra o barco estadounidense levado a cabo pelos piratas somalis sucedeu devido à sua insuficiente sensibilidade com as necessidades do Outro. Você deveria ter negociado com eles inclusso se o barco estivesse sendo bombardeado. Condicionar as negociações ao fim da violência não é uma estratégia ganhadora. Só prolongará o derramamento de sangue. Você deve pôr em orde, primeiro, a sua própria casa, eliminar a desigualdade e a injustiça em Chicago, e já verá como depois os activistas não têm nada contra você.
A clave está em edificar uma Nova África Central, uma na que todo o mundo esteja tão ocupado com as coisas verdadeiramente importantes (desenvolver o turismo, os investimentos em infraestruturas e altas tecnologias) que não tenham tempo para andar-se com violências.
Pode começar por declarar um alto o fogo unilateral! Sr. Presidente, bendito seja o que faz a Paz. Lembre a Martin Luther King! Vaia e reuna-se com os legítimos representantes dos piratas somalis. Toda a comunidade internacional dará-lhe respaldo e felizitará-o se responde aos ataques contra os seus barcos, com um desarme dos EEUU e a apertura dum diálogo sincero com os piratas somalis.
Tudo o que lhe pido é que dê uma oportunidade à paz. Yitzhak Rabin teria estado dacordo comigo. Sim, o que você necessita é shalom, salaam, paz. Ganhará o Prémio Nobel da Paz como reconhecimento. Não se deixe arrastar às cloacas da represália. A violência nunca logra nada. A História não brinda lições. A História é o passado morto. Siga o meu exemplo! Proporcione aos piratas somalis mísseis ánti-tanque e ánti-aéreos, para que assim poidam combater contra os radicais e os extremistas. E vaia se o fazerão, sem trabas da ACLU ou da Corte Suprema que lho impidam!
Demonstre a sua humanidade outorgando pensões a todas as viúvas e orfos dos militantes somalis assassinados pelas Navy SEALs.
Sr. Presidente, as minhas políticas de paz têm rematado com a guerra, o derramamento de sangue e o terrorismo no Meio Leste. Nós sabemos como tratar aos “sócios na Paz”. Se segue os meus passos, poderá conseguir idênticos resultados.
Pacificamente seu,
Simon Peres, grande pacifista.
STEVEN PLAUT
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