PODE O ESTADO JUDEU SER ETNICAMENTE CEGO?

A ausência do império da lei espelha-se no chamativamente desigual trato de árabes e judeus em Israel. Os judeus padecem a conscripção militar durante dois ou três anos, mentres os árabes rechaçam inclusso prestar um serviço de tipo civil. Os judeus pagam os impostos mais elevados do planeta, mentres os árabes chapoteam na economia de mercado negro e, virtualmente, não pagam nem um shekl de impostos. Israel consente tacitamente a poligâmia entre os árabes: três de cada quatro esposas têm consideração de mães solteiras recebendo generosos subsídios do Estado judeu. A Corte Suprema israeli proíbe que os judeus adquiram terras nos povoados árabes, mas exige que as localidades judeas arrendem terras aos árabes, incluíndo terras mercadas pelo Fundo Nacional Judeu, desenvolvidas a partir de zonas pantanosas e custeadas por fundos privados judeus. As famílias judeas invertem anos em tratar de obter permisos de construcção –inclusso para reformas menores das suas vivendas- mentres os árabes edificam centos de milheiros de unidades habitáveis ilegalmente. Os judeus são proscritos e expulsados das suas propriedades legalmente adquiridas em Hebron, mentres os muçulmãos ocupam grandes áreas de território israeli erguendo construcções ilegais. Inclusso nos atípicos casos em que os tribunais ordeam a demolição dessas construcções ilegais, as ordes nunca são levadas a cabo. Os árabes saltam-se os impostos municipais, e assim o custe do suministro de água e electricidade que pagam os judeus ve-se constantemente incrementado para amortizar esta forma de delinqüência árabe. A justiça israeli faz a vista gorda respeito a taxa do rampante crime árabe, com absoluta indulgência: os árabes recebem sentenças de prisão mais curtas que os judeus por delictos semelhantes; é uma prática habitual em Israel a de castigar aos árabes com sentenças irrisórias pela violação de mulheres judeas. A evasão de impostos não é perseguível entre os árabes, e aos assassinos árabes de camponeses judeus perfmite-se-lhes quase sempre fogir a Jordânia. Os muúlmãos levam a cabo construcções massivas no Monte do Templo, chegando até os estratos do Primeiro Templo, mentres os arqueólogos judeus têm proibido o acceso. Os muçulmãos operam na enorme área escassamente edificada de Al Aqsa, mentres o Governo israeli proíbe aos cidadãos judeus orar no lugar do Templo. Exacto: Israel é o único Estado do mundo civilizado que proíbe a pregária dos judeus. Os judeus podem orar no Vaticano mas não no Monte do Templo. É habitual ver no Monte do Templo à polícia israeli na procura de judeus que fagam movimentos de lábios suspeitosos (como durante a oração), e expulsando do lugar aos que perpetram tamanhe ofensa.

Os judeus estám chamados a ocupar um estátus minoritário em Israel. Os árabes constituim “só” o 19% da população israeli graças ao influxo do ancianos judeus procedentes de Rússia. Os árabes constituim o 34% entre a mocidade israeli, e essas cifras vam em aumento, a pesar de estarem atenuadas pelo facto de que só se contabilizam os cidadãos árabes de Israel, e não se inclui aos residentes ilegais também. Outros não-judeus, maioritariamente os de descendência russa, rondam o 18% da população israeli. Qual é a resposta do Governo israeli? Decretar que mais não-judeus passem a ser “judeus”. O Governo aceita àqueles que tenham bisavós judeus como “judeus”, convidam aos paganos convertidos ao cristanismo etíopes –cujos remotos ancestros, como vedes, eram ostensivelmente judeus-, e procura uma simplificação total da conversão ao judaísmo.

Israel precisa anexionar-se de forma imediata arredor do 60% de Judea e Samaria, povoadas apenas por um 1% de árabes palestinianos. Os árabes israelis deverão reagrupar-se com os seus irmãos jordanos, permitindo assim que Israel exista como Estado judeu. Todo o mundo está dacordo em que os refugiados de 1948 não podem regressar a Israel, o que implicitamente é um reconhecimento do direito de Israel a construir um Estado judeu. Se Israel puido expulsar legitimamente a 600.000 árabes em 1948, por que não expulsar a um número ligeiramente superior agora? Qual é a diferença moral entre expulsar aos árabes em 1948 e em 2009? Os EEUU permitiram a expulsão dos alemães de Alsácia-Lorena e um éxodo forzoso aínda muito maior propiciado por França na Indochina. Os EEUU têm promovido uma recolocação de populações tão grande em Viet-Nam e Afeganistão que questionar o direito de Israel a recolocar aos árabes 30 milhas para além é vergonhosamente hipócrita. Os EEUU anexaram-se uma terceira parte de México, apenas há um século, repressaliando aos que se resistiam duma maneira que faz palidecer o bombardeo árabe de Sderot. Entre os principais aliados dos EEUU, Japão garante a cidadania só aos que são etnicamente japoneses, Alemanha só favorece o retorno dos etnicamente alemães, e os Emiratos Árabes Unidos só garantem a cidadania aos árabes –a pesar de que os índios e os iranianos levam vivendo ali desde incalculáveis gerações. Todos e cada um dos Estados árabes pressionaram aos seus judeus para emigrar, e agora proíbem aos judeus adquirir terras ali. Vender propriedades aos judeus constitui uma ofensa capital no mandato da Autoridade Palestiniana. Israel tem, pois, todo o direito a agir com reciprocidade e recolocar aos seus árabes. Causaria sofrimentos a alguém o proceder desse modo? Seguramente, mas na mesma medida que a criação de qualquer Estado. Os EEUU causaram mais de um milhão de mortos em Afeganistão, apoiando a insurrecção ánti-soviética por motivos meramente ideológicos. Os judeus sofreram mais de 50.000 baixas durante o estabelecimento do nosso Estado. Todo o mundo está povoado, ea criação de um Estado sempre causará algum tipo de sofrimento. Recolocar aos árabes de Israel para criar um Estado judeu ajusta-se historicamente ao sofrimento mínimo, e Israel poderia inclusso compensar aos árabes. Pensade-o nestes termos: se Palestina é um Estado palestiniano sem judeus, Israel deveria ser um Estado judeu sem palestinianos. Os judeus foram despraçados de todos os países árabes; agora é o momento de que os árabes marchem de Israel.

A lealdade dos árabe-israelis é pura ficção. Os árabes mais pragmáticos toleram a Israel na medida em que os judeus lhes dêm grandes quantidades de dinheiro através de projectos de infraestruturas e subsídios directos, os eximam de qualquer tipo de obriga como pagar impostos ou servir no exército, e não interferam nos assuntos da comunidade árabe. De facto, a polícia israeli não accede aos bairros árabes. Lod, uma comunidade parcialmente árabe próxima ao aeroporto Ben Gurion, está delcarada oficialmente “zona hostil” fechada a qualquer tipo de actuação legal; a polícia accede raramente, em veículos blindados. Os árabe-israelis de Galilea ovacionaram desde os telhados das suas chozas quando os mísseis de Hezbolá bombardearam Haifa. Os árabe-israelis alinham-se maioritariamente com a OLP e votam dacordo com as instrucções da OLP –como quando apoiaram a Rabin. Os árabe-israelis adicam-se a promover o ódio, incluíndo as violações de judeas, e exibem uma hostilidade criminal no seu agir cotidiano. Um taxista árabe ou um padeiro oferecem-vos o seu sorriso, mas se comportarão de modo distinto quando não haja pelo meio uma remuneração econômica. Os membros árabes da Knesset visitam de modo rutinário Estados inimigos como Síria, e intercâmbiam informação com os seus dirigentes. A OLP segue as tácticas de Ho Chi Min de construir uma sociedade paralela no Viet-Nam do Sul. Fatah construi uma sociedade árabe dentro de Israel paralela ao Estado: com o seu próprio benestar, instituições de saúde, departamentos legais, administração e ideologia.

Alguns dos nossos amigos mais capazitados aconselham a Israel seguir o modelo de Sul África, baseado no domínio informal. Lá, a população branca concedeu todos os direitos democráticos aos negros mas controla o país de modo informal, maioritariamente através das funções superiores da economia. Um cenário tal não funcionaria em Israel. Os moralistas judeus não são comparáveis aos aguerridos boers, e os árabes nada têm a ver com os admiráveis e decentes negros de Sul África. Os sulafricanos brancos têm-se mesclado e casado com a população negra ao longo das décadas, mas a hostilidade entre judeus e muçulmãos está aínda muito fresca enão deixará de sangar até que transcorram muitos séculos. Contrariamente aos negros, os árabes têm independência inanceira e laboral respeito da população economicamente dominante; os árabes não necessitam aos judeus para sobreviver, pois podem abastecer-se dos fundos da ONU, os EEUU, a União Europeia e Arábia Saudi. Contrariamente aos negros, os jóvenes árabes estám ideológica e religiosamente motivados, incitados por outros muçulmãos e pela esquerda. Os Estados vizinhos não ameaçam a África do Sul, que constitui um império bem integrado na região, seguro devido ao seu vasto território e as suas fronteiras defendíveis.

A esquerda israeli originariamente aceitara os direitos democráticos para os árabes devido a que eram muito poucos como para ter influência na política israeli. Para além da hipocresia de premiar com direitos a gentes incapazes de disfrutá-los, esta situação tem variado. Os árabes influim decisivamente nos processos eleitorais israelis: por exemplo, Rabin chegou a Primeiro Ministro graças ao voto árabe, e do mesmo modo Barak logrou impôr-se nas recentes primárias de Avodah. Em vinte anos, os árabes que actualmente são crianças estarão em idade de votar e constituirão mais da terça parte do eleitorado –de longe o grupo mais representativo à hora de votar. Durante quanto tempo poderão os judeus evitar as medidas críticas para o Estado propostas pelos políticos árabes num Gabinete de Seguridade, onde se tomam as decisões militares e de seguridade? Aínda mais, que evitará que os árabe-israelis –como qualquer outros cidadãos num Estado democrático- podam reclamar o Ministério de Defesa? Que impedirá que formem uma coaligação maioritária com os judeus de ultra-esquerda e federem Israel com Jordânia? Arafat, e mais recentemente Ahmadineyad, têm feito ênfase na estratégia de tomar o controlo do Estado de Israel pacificamente, democraticamente, através de eleições. As mães árabe-israelis são um arma mais fiável que os palestinianos suicidas.

O Dia da Independência israeli é Al Naqba, o dia da catástrofe, para os árabe-israelis; eles perderam a sua independência quando os judeus alcançaram a sua. Israel exibe um símbolo judeu na sua bandeira, a estrela de David. O símbolo religioso judeu, a menorá, adorna todos os documentos oficiais do Governo. O hino nacional israeli faz menção do espírito judeu, não do muçulmão. Não há lugar para os símbolos muçulmãos no Estado judeu. A Lei de Retorno israeli dá a benvinda aos refugiados judeus procedentes do ano 135 da Era Comum, mentres que Israel não admite aos refugiados árabes de 1948. A democracia etnicamente cega é fundamentalmente incompatível com um Estado judeu. Podem os EEUU imaginar-se denominando ao seu Estado Branco, Caucásico ou Cristão? Se Israel é étnicamente –ou religiosamente- cega, para que a necessitamos? Os judeus poderiam viver mais seguros na aproximadamente igual de etnicamente cega Canadá ou nos EEUU.

Israel é um Estado unireligioso, ao modo do Vaticano, não uma democracia aséptica que deva ser religiosamente cega.


OBADIAH SHOHER

22 Nisan 5769 / 16 Abril 2009

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