A triste história dos soldados que têm caído em mãos de organizações terroristas não comeza com Gilad Shalit.
Em primeiro lugar, devemos lembrar ao empressário Elchanan Tennenbaum na lista de captivos. Tennenbaum foi um caso atípico. O Primeiro Ministro Ariel Sharon, por razões particulares de corrupção pessoal, pressionou aos seus ministros para que pagassem o exorbitante preço da libertação de Tennenbaum. Mas obviando essa aberração, a última vez que algum soldado regressou com vida tras a captividade em poder dos terroristas foi no pacto de Jibril em 1985.
A lista de soldados seqüestrados por terroristas é longa e despiadada: Ron Arad; Alshich e Yosef Fink; os soldados seqüestrados por Har Dov - Omar Suweid, Benny Avraham e Adi Avitan; Nissim Toledano; Ilan Sa'adon; Avi Sassportas; Yaron Chai; Nachshon Wachsman; Aryeh Frankental; Ehud Goldwasser e Eldad Regev. Com a excepção de Nachshon Wachsman, Israel empregou sempre o mesmo método de prolongadas negociações para trair aos seus soldados a casa. Nenhum de eles regressou vivo. Israel está empregando idêntico método no caso de Gilad Shalit.
Até o censurável pacto de Jibril [histórico dirigente do FPLP], a política israeli no referente aos prisoneiros de guerra era completamente diferente. A opção principal sempre era a acção militar. Algumas vezes essa acção falhava, como foi no caso dos rapazes seqüestrados de Avivim. Às vezes a acção militar era exitosa, como em Entebbe.
Geralmente, nunca se emprenderam negociações. E quando as houvo, o preço pagado pela libertação dos prisoneiros foi razoável, como prescreve a lei judea. Israel pagava com cadavres a câmbio de cadavres.
Podemos, certamente, dizer que o trato de Jibril e a massiva excarceração de terroristas a que dou pé foi o principal catalizador para a Primeira Intifada árabe que começou pouco tempo depois. O número de cidadãos israelis directamente assassinados pelo assassinados pelos criminais postos em liberdade, ou indirectamente vítimas do cenário propício ao crime criado por essa massiva libertação é tremendamente desproporcionado se temos em conta o pírrico número de soldados que regressaram a casa a conta do trato.
Paradoxalmente, nos 24 anos que têm trascorrido desde que Israel decidiu pagar “qualquer preço” para libertar aos seus soldados captivos, nem um só soldado tem regressado vivo. Mas tem suposto a cruel morte de quase dois milheiros de cidadãos israelis –homens, mulheres e crianças.
“Qualquer preço” significa TODOS os terroristas encarcerados em Israel. Não implica acção militar porque, a fim de contas, a guerra é algo considerado negativo. Portanto, “qualquer preço” não é um preço qualquer. Não estou seguro de que os manifestantes pro-Gilad Shalit estivessem dispostos a bombardear Gaza e aturar com a massiva condeia e boicot internacional à que nos teríamos confrontado até que Hamas o tivesse posto em liberdade. Israel nem sequer é capaz de curtar o subministro eléctrico de Gaza para forçar a libertação de Shalit. “Qualquer preço” é, na realidade, um eufemismo que se utiliza no contexto de qualquer acção “pacífica” que apacígüe à extrema esquerda e que brinde estatuto de estrela mediática aos políticos dispostos a pagá-lo.
Se tomamos em conta o acaecido nos últimos 24 anos, podemos afirmar que qualquer pessoa que exija libertar a Gilad Shalit a “qualquer preço” está sentenciando-o a morte. Espero estar errado, mas o autêntico significado de “qualquer preço” é que não há preço. Os terroristas são conscentes de que o tempo joga ao seu favor. Quanto mais crueis são, quanto mais se negam a proporcionar informação, e inclusso, D’us não o queira, se assassinam ao seu captivo e regateam pelo seu cadavre, o preço que arrancarão a Israel não fazerá senão aumentar.
Aínda mais, devido ao facto de que o preço qu Israel está disposta a pagar por Gilad não inclui a guerra, e o facto de que a continuada encarceração de terroristas (em condições de luxo) não preocupa ao inimigo em demassia, a opção óptima para eles é a de perpetuar o actual status quo. Depois de tudo, a situação na que Israel é humilhada e degradada a diário remataria em quanto Gilad estivesse de volta. Daquela, por que o haveriam de libertar? “Nada pelo que morrer ou matar”, cantava John Lennon. Essa forma de pensar tem botado raízes profundas em Israel a partir da Primeira Guerra do Líbano. A infame manifestação de 400.000 (número extremadamente inflado) de esquerdistas durante aquela guerra presagiava a duvidosa e postmoderna pretensão de que a guerra é algo absolutamente perverso e sem sentido, e que tudo o que devemos fazer é “imaginar” uma realidade diferente, e que então tudo irá bem. O muito aclamado filme Waltz With Bashir, que retrata a primeira guerra do Líbano, projecta esta pretensão. Descreve uma guerra apresentada sem sentido ou razão.
Eu fui oficial na primeira guerra do Líbano e podo afirmar que esse não era o sentir entre os soldados com os que me atopei. Como tudo nesta vida, um observa a guerra com os lentes que trai da sua casa.
Desd a primeira guerra do Líbano, a Esquerda tem observado à nação de Israel com lentes que vem a guerra como algo ilegítimo e vergonhoso, sem importar as razões. Desde então, preservar a vida dos soldados de Israel tem-se convertido no valor supremo. Quando o inimigo se tem dado conta disto, tras o tratado de Jibril, o ressultado de trair aos soldados captivos de volta e vivos descenram em picado. A partir do momento em que Israel declarou que o seu objectivo primordial é “trair aos seus soldados vivos e salvos” nenhum captivo tem regressado.
Algo mais se passou há exactamente 24 anos. Israel traicionou e abandoou ao seu agente, Jonathan Pollard, no captivério estadounidense. Existe uma simetria intrínseca entre a plena cooperação com os captores de Pollard e a nossa incapazidade de trair outros captivos de volta. A Nação de Israel é um só corpo, seja em Israel ou na Diáspora. Quanto o vírus da traição ataca um órgano, extende-se rapidamente a todo o corpo.
Jonathan Pollard salvou-nos de ameaças regionais porque somos judeus. Mas nós temo-lo abandoado porque preferímos ver-nos como israelis e a ele como um traidor norteamericano. Tão cedo como demos a espalda à nossa Identidade Judea, perdemos a capazidade de seguir sendo fieis à identidade israeli também.
MOSHE FEIGLIN
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