O judaísmo actual é uma aberração. Os rabinos introduciram o seu conceito mais prominente, o de salvagardar a lei, quando os judeus marcharam ao Exílio. A influência gentil fixo-se enorme de repente, a opção de purificar-se no Templo era impossível, e assim os rabinos desenvolveram um imenso corpo legislativo para salvagardar-nos da proibição involuntária da Torá. É provável que o 99% das regulações judeas hoje em dia segam a ser as da salvagarda, da protecção da lei, mais que as da lei propriamente. Uma comparação secular seria a seguinte: uma lei proibe o assassinato, mas os legisladores o que fazem é proibir mercar pistolas, portar pistolas, mirar pistolas, ir ver filmes onde se amosam pistolas, e eventualmente passar perto das sás de cinema. Deste modo, todo o mundo esqueceu que o que a lei na realidade procurava era proibir o assassinato; a gente evita passar perto de uma sá de cinema, mas assassina os seus compatriotas com machados.
O Exílio tem rematado. Os judeus têm sido testigos de uma série de miragres: a salvação do Holocausto, o estabelecimento dum Estado, a vitória em todas as guerras, que o Monte do Templo caísse nas nossas mãos, a influência social e económica dos judeus na cúspide mundial. Não todos os judeus volveram a Sião, mas isso é um problema de índole familiar. A maioria dos judeus permaneceram em Egipto durante o Éxodo, e a maioria dos judeus figeram outro tanto em Babilônia quando Nehemiah nos amosou que o Exílio rematara.
Aderir a legislação da salvagarda é renunciar ao plano divino que se nos tem revelado. Os judeus têm sido conduzidos de regresso a Sião, e agora devem ré-viver o autêntico judaísmo da Terra Prometida. Necessitamos construir o Templo e dirigir cirimónias de purificação para absolver-nos de pecados inadvertidos. Necessitamos limpar-nos de influências alheias à Terra Prometida de maneira que os judeus poidamos percorrer o nosso país livremente sem isolar-nos da comunidade. O isolamento ritual judeu, a havdala, significa que somos “o povo que debe viver só”. Nós já vivemos sós –ou, melhor dito, temos a opção de botar aos estrangeiros e goçar de um país para nós próprios. A Havdala remata na fronteira de Israel.
A legislação rabínica foi altamente beneficiosa quando os judeus tinham que viver entre gentis, mas é contraproducente agora. Não comíamos pólo com queixo, não sendo que os curiosos pensassem que era vitela com leite. No Estado de nosso, as leis kosher básicas da Torá devem ser impostas para que ninguém poda imaginar que se viola a lei, e a salvagarda (por exemplo, extender a proibição da vitela-leite ao pólo) devirá supérflua. É irrelevante se o pão e o vinho são producidos e vendidos por judeus, na medida em que num Estado judeu o seu consumo não pode levar à mescla nem a assimilação. As leis de alimentação kosher, no Estado judeu, poderiam volver a ser significativas.
Israel, na sua totalidade, é uma eruv, uma comunidade com certo grau de propriedade em comum. Todos os cidadãos judeus de Israel possuem conjuntamente o país do mandato divino, e portanto a Israel judea debe ser considerada com propriedade uma eruv –especialmente agora que nos temos amuralhado respeito dos árabes com muros de separação. Uma Israel judea –uma eruv- não teria porque impôr restricções ao despraçamento de bens e gente em Shabat.
Mas a maioria dos religiosos judeus prefirem seguir vivendo com o judaísmo do Exílio, inclusso na Terra de Israel. Eles agardam que o Messias traia o Terceiro Templo desde o ceu, em vez de construi-lo eles desde zero, como figeram o Rei Salamão e Ezra, ressolvendo criativamente por sim próprios as ambigüidades teológicas ressultantes, como figeram os Macabeus. Os religiosos judeus isolam-se nos seus bairros em vez de expandir o judaísmo por todo o país. Em termos práticos, não há diferença entre os judeus de Mea Shearim em Jerusalém e os do Boro Park em Brooklin. As suas práticas religiosas são iguais, embora o judaísmo da Terra Prometida e o do Exílio sejam muito distintos.
Os religiosos judeus concentram-se vergonhosamente em tecnicismos, sem dúvida importantes, mas deixam de lado as grandes questões. Eu acho escandaloso que os partidos religiosos na Knesset ponham o berro no ceu porque os tribunais rechazem multar a um punhado de estabelecimentos que vendem pão levedado durante o Pesaj em Jerusalém, mas permaneçam no Governo que admite entablar negociações para entregar aos árabes Jerusalém e que têm cedido o controlo do Monte do Templo aos árabes. Em palavras de um reformista: “Hipócritas! Atendedes o dezmo da menta, eneldo ou cominos [que a Torá não exige], mas descuidades os assuntos importantes da lei”. Ele viu acertadamente que muitos religiosos judeus se comcentram em singelos ritos de observância supérflua em vez de enfrontar-se com os pesados assuntos centrais do Judaísmo. É obsceno para um religioso judeu de Jerusalém envolver a sua cozinha com papel de alumínio em Pesaj, para evitar migalhas microscópicas de pão levedado, mentres os seus representantes na Knesset não fazem nada ante o bombardeo diário de Shderot.
O paganismo é contagioso. Uma vez que uma nação tolera alguns indícios de paganismo em ela, este erosiona a sua religião a toda velozidade. Os derradeiros séculos asistiram a uma autêntica invasão de ritos paganos entre os judeus. Desde o reinstaurado sacrifício pagano do galo (kaparot) a lançar beixos à mezuzah, ao mantimento supersticioso de jogos de pratos separados para “lácteos” e “cárnicos”. Muitos ritos têm significações profundas, como o de pôr primeiro o çapato direito (porque os judeus sempre começam com a direita as coisas), e atar o pé esquerdo primeiro (para praticar a compostura no atar, reter, castigar). Mas, por muito profundo que seja, um rito sempre é um rito. Os paganos helenistas, sem dúvida, sustentavam profundas explicações morais, éticas e teológicas da adoração a Zeus. A Torá suprime lentamente as últimas pegadas do paganismo nos sacrifícios e outros ritos aos que a multidão hebrea estava afeita, mas que cobraram um significado totalmente novo no judaísmo. Pensade nisto, o altar estava construído com terra e mais tarde com pedras sem talhar, de maneira que os judeus não os adornavam seguindo modas paganas; mas os rolos da Torá fecham-se em coroas prateadas. Rimo-nos dos que beijam estátuas e inconos – mas os judeus beijam os rolos da Torá.
A superstição é a crença de que as coisas triviais afectam a vontade divina. E muitos religiosos judeus escolhem cuidadosamente o sal e a barra de lábios “kosher para Pesaj”, dizem sucessivamente bendições tras visitar a letrina ou ver uma luz –mas a imensa profanação da Terra Prometida pelos estrangeiros e os traidores judeus não semelha ser da sua incumbência.
Durante séculos, os judeus verquiam uma quinta copa de vinho durante a ceia de Pesaj, mas a deixavam sem tocar para o Profeta Eliyahu. As quatro copas prévias significavam o cumprimento das promessas divinas feitas durante o Éxodo, mas a quinta se referia à promesa feita de trair-nos à Terra de Israel. Não havia nenhuma outra promessa, nem a do Templo, o Messias, ou um Governo decente –essas coisas são responsabilidade nossa. Em 1947, Deus troujo-nos à terra que prometera a Abraham, e fixo-o com grande fanfárria; mas eu devo ser o único judeu que apura a quinta copa.
O paganismoé um sistema teológico que interpõe mitos e símbolos entre os homens e o seu Criador. Os judeus que farfulham a toda presa orações estándar três vezes ao dia, cada dia, que rogam pelo retorno a Sião em vez de comprar um bilhete de avião para ir ali, que imploram pelo Messias em vez de votar por Kahane, ou Marzel, ou inclusso Feiglin, que suplicam pelo Templo em vez de construi-lo, todos eles seguramente têm um grande obstáculo no caminho da sua comunicação com Deus.
OBADIAH SHOHER
Etiquetas: Samson option
0 comentarios:
Enviar um comentário