A negação é um mecanismo psicológico bem conhecido. Surge um problema que nos ameaça; o indivíduo nega o problema durante um determinado período de tempo, mas finalmente estoira-lhe no rosto.

Os israelis acham-se estancados na negação no que respeita aos árabes que vivem em Israel. Tras contemplar a gravação de uma recente manifestação de árabes israelis em Haifa, decatei-me que é chagado o momento de afrontar esta questão, sabendo de antemão que é um tema que muitos temem abordar. Vemos moreas de árabes agitando bandeiras palestiniãs e coreando consignas ánti-israelis. Velaqui uma passagem do artigo de Boaz Golan que acompanha a gravação:

“Esta irritante manifestação durou vários dias. Uma manifestação palestiniã contra o Estado, contra o povo judeu. Contra mim e contra ti. As bandeiras palestiniãs agitadas no rosto dos transeuntes. Gaza está aquí, em Haifa, no teu próprio fogar! Os condutores judeus passam fazendo soar as suas buzinas, e dizendo-lhes: “Ide para Gaza”, mas a turba de árabes segue a berrar os seus eslogans contra o Estado, e não têm medo de berrá-los bem alto: “Beirut, Damasco, Palestina…”.

A manifestação de Haifa é, por suposto, só um mais dos muitíssimos exemplos do dramático aumento do extremismo nacionalista dos árabes israelis, que se exprime não só em eslogans ánti-israelis, mas também em sabotagens contra judeus. Naturalmente, diante de todos estes episódios, a força da lei israeli não move um só dedo.

Em Akko (Acre) e em Jaffa, os árabes israelis atacam a judeus. Ninguém diz nada. Recentemente, soubemos de apedramentos de veículos judeus por árabes israelis em Galilea. Isto dificilmente chega aos titulares. Imaginade o que diriam os mass media se um judeu tirasse pedras aos árabes.

O ano passado, dúzias de judeus celebraram o Dia da Independência num bosco de Megiddo. Um grupo de árabes israelis chegaram com bandeiras de Palestina, montados a cavalo, e obrigaram aos judeus a marchar, Excepto a página web de ARUTZ SHEVA, cobriu alguém este incidente? Não é preciso dizer que a polícia não deteve nem sequer a um só alborotador árabe.

Não nos confundamos. Ao contrário do que sucede noutros países, onde as minorias agem com respeito e submissão ao país anfitrião, uma considerável parte dos árabes de Israel agem como se fossem os senhores desta terra; mentres que os judeus somos uma espécie de estrangeiros que os molestam.

É este o Estado judeu que sonharam os fundadores?

O Governo israeli, no relacionado com estas questões, tem uma curiosa postura. Uns dias atrás informou-se-nos de que o Ministério de Interior estava ultimando o estabelecimento de uma nova cidade árabe, aparentemente em Galilea. “Nenhuma nova cidade árabe se tem estabelecido desde a fundação do Estado”, disseram os titulares jornalísticos. Certamente, não há melhor maneira de retratar ao Governo israeli na celebração do 60 aniversário do Estado judeu: um Governo que congela toda construcção promovida por judeus em Judea, Samária e inclusso na capital Jerusalém, e que em vez disso canaliza os seus recursos e dinheiro a estabelecer uma nova cidade árabe. Não sei se rir ou chorar amargamemnte.

Os árabes e a esquerda estám exultantes de júbilo, por suposto. Mas por que permanece o campo nacional em silêncio? Onde estám as protestas? E, para além disso, que significa “uma cidade árabe”? Ponherão um letreiro à entrada da cidade que reze “Proibida a entrada a judeus”? Existe actualmente alguma “cidade judea” no Estado de Israel? Os árabes podem viver em qualquer cidade de Israel. Os árabes vivem em Haifa, Tel Aviv, Ramat Gan, Jerusalém e, depois do mandato ánti-sionista de Aharon Barak, também se instalaram em Katzir e Harish.

Se os judeus, pelo contrário, quigessem comprar em Umm el-Fahm, Daliyat al-Carmel, Baka el-Gharbiye, ou qualquer outra vila de Galilea ou do Negev, está claro para todos que mereceriam ser objecto de um progromo, como o protagonizado pelos drusos há uns meses a fim de convertir a cidade de Pek’in em “judenrat”.

A esquerda diz-nos que devemos “separar-nos nós próprios” de Judea e Samária para preservar Israel como um Estado judeu. Esta, porém, é a falsa propaganda da esquerda ánti-judea. Esquerda que sonha com a destrucção dos assentamentos judeus em Judea, Samária e Gaza por nenhuma razão mais que o ódio face os colonos, e que tratam de levar adiante o seu sonho mediante eslogans vazios. Os árabes de Judea e Samária não constituim uma ameaça para Israel. Não são cidadãos. São especificamente os árabes de Israel os que ameaçam Israel como Estado judeu.

Por que não há ninguém no nosso bando que proponha uma solução à questão dos árabes israelis num país que aspira a ser um Estado judeu? A Iniciativa do Rabbi Ben Elon refere-se aos árabes de Judea, Samária e Gaza, mentres que a ideia do “intercâmbio de territórios” propugnada por Avigdor Lieberman seria categoricamente rechaçada, toda vez que faz menção a entregar partes da terra de Israel aos árabes.

O único que se atreveu a mencionar a questão foi o Rabbi Meir Kahane, de bendita memória, que Deus vingue o seu sangue. Em 1980, quando estava na prisão de Ramle, escreveu um livro intitulado “Devem marchar” (o título em hebreu era “Aguilhões nos vossos olhos”, tirado do verso do livro de Números [33:55]: “Mas se não lançardes fóra os moradores da terra de diante de vós, então os que deixardes ficar vos serão como aguilhões nos vossos olhos, e por aguilhões nas vossas virilhas, e apertar-vos-ão na terra em que habitardes”).

Baseando-se na halajá judea, e apoiando-se em dúzias de exemplos históricos de outros povos que lutaram com minorias hostis que viviam no seu médio, Rabbi Kahane propus que nos separássemos dos árabes. Só desta maneira poderá sobreviver Israel como Estado judeu. Os detalhes do plano e as formas de levá-lo a cabo estám expostos no seu livro. A pesar de ter sido escrito em 1980, é ainda extremadamente relevante.

Podemos aceitar ou rechaçar o escrito por Rabbi Kahane, mas uma coisa está clara: não podemos seguir ignorando esta questão. Se seguimos soterrando a cabeça na areia, um dia acordaremos depois de umas eleições e escuitaremos ao locutor dizer nas notícias: “Trata-se de um terremoto! Depois de que já foram eleitos alcaides em Haifa, Beersheva e Jerusalém, hoje tem sido escolhido um Primeiro Ministro árabe em Israel! Mabruk e Salaam Aleikum!”.

E que fazeremos então?

Certo, muita gente tem medo de tocar este tema por temor a ser acusada de ·razismo”. Mas não podemos renunciar a um Estado judeu por “medo a ser razistas”. Se um ministro do Governo israeli não é acusado de razismo por estabelecer uma cidade árabe “livre de judeus”, e se todos os membros do Governo Sharon que expulsou aos nossos irmãos de Gush Katif e o norte de Samária só por serem judeus, não foram acusados de razismo, daquela estou segura de que o cárrego de razismo não será esgrimido contra aqueles que propõem destituir o Governo actual e ré-empraçá-lo por outro que enarbole a bandeira de um autêntico Estado judeu. Quer dizer, soberania dos judeus sobre toda Eretz Yisrael e controlo judeu do seu futuro. Na medida em que a minoria árabe hostil não esteja dacordo com isso, qualquer pessoa comprenderá que a separação é a única solução: os judeus em Eretz Yisrael, e os árabes nos países árabes.


NADIA MATAR *
(2008)



* Nadia Matar é dirigente de Women’s for Israel Tomorrow (Women in Green), uma das organizações que lideraram a luta contra a evacuação de Gush Katif e a limpeça étnica contra os judeus nos assentamentos. Foi detida e processada pelo Governo de Ariel Sharon para escarmentar o movimento contrário à desconexão.

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