POR QUE ACOSAR OS HAREDIM?



A actitude dos israelis respeito dos ultraortodoxos judeus é semelhante ao ánti-semitismo da Diáspora. A distância entre os tradicionalistas israelis e os haredim ultraortodoxos lembra a que há entre gentis e judeus. Os haredim são rechaçados em Israel por serem demassiado judeus. Os tradicionalistas israelis sentem-se de segunda categoria comparados com os haredim. À maneira dos ánti-semitas, alguns israelis adoptam a actitude de “ódia àqueles que te detestam”. Deste modo, surgem propostas tipicamente ánti-semitas de assimilação forçosa para os haredim. A proposta mais chamativa é a de forçá-los a server nas IDF. Muitos servem voluntariamente, e com grande distinção. É certo que há muitos hipócritas entre os haredim, como em qualquer sítio, e alguns judeus unem-se a eles para evitar o serviço militar; mas a maioria dos ultraortodoxos sustentam a nação judea de uma maneira mais importante que mediante as armas: ensinando judaísmo 16 horas ao dia. Em certo sentido, os haredim fazem por os judeus o trabalho reservado nas famílias tradicionais às mulheres: os homens trabalham e defendem, mentres as mulheres mantêm o coração do fogar. Os haredim preservam algo mais importante que as fronteiras israelis: o judaísmo estrito. Os judeus podem argumentar o que queiram sobre se a visão ultraortodoxa do judaísmo é correcta ou não, mas é inegável que está mais protegida de influências externas e blindada ante a assimilação. Outros judeus santificam a democracia, a cultura pop, emigram, se convertem baixo ameaça –mas o haredim não. Poderiam permanecer entre árabes hostis ou outras nações e manter o seu judaísmo orgulhosamente caminho da horca. Isso seria pior que os subsídios que possam receber actualmente.

Inclusso desde uma dimensão racional, o acoso a que estám submetidos os haredim é irracional. A URSS eximiu aos estudantes universitários da conscripção militar; os haredim provavelmente estudam uma matéria não menos importante que qualquer questão secular. Os haredim não podem ser chamados a compartir equitativamente a carga criada pelos esquerdistas. Os ultraortodoxos não consentem que os árabes se instalem no meio deles, nem provocam aos palestiniãos com intermináveis concessões, e não aprovam o direito ao voto dos árabes no Estado judeu; muitos haredim nem sequer desejam um Estado judeu, e por uma boa razão: uma autonomia judea num Estado palestinião poderia ser muito mais judea que na esquerdista Israel. Os haredim não reconhecem à Israel secular, mas recebem subsídios dela; já postos, retiremos os subsídios antes que obrigar aos haredim a servir forçosamente no exército. Os subsídios são o meio que utiliza o Governo para sobornar aos haredim para que não alborotem demassiado ante a política ánti-judea do Estado. Eles obtêm a sua parte do trato e não estám em déveda pelo pago.

Outros israelis molestam-se quando os haredim recebem subsídios governamentais mas não têm que servir nas IDF. É uma inquietude legítima, mas comezemos pelos árabes que recebem muito mais que os haredim, não servem nas IDF nem pagam impostos, e são abertamente hostis ao Estado judeu.

Opôr-se aos haredim, mentres toleramos aos árabes, não é hipocresia, senão ánti-semitismo.



OBADIAH SHOHER

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