GESTOS


Esta tarde um grupo de pessoas reuniram-se no velho cimitério judeu de Hebrão para participar num serviço em memória do aniversário do assassinato do residente em Hebrão Elazar Leibovitch, há seis anos. Assassinados ao mesmo tempo foram três membros da família Dickstein –a mãe, o pais e um jovem filho.

Elazar Leibovitch foi assassinado, segundo o calendário hebreu, no dia 17 do mes de Av. Na mesma data, e quase à mesma hora, Shmauel HaLevy Rosenhaltz, chamado “O Matmid” –o perpétuo estudante-, foi a primeira vítima das revoltas e massacre de 1929 em Hebrão. Ao dia seguinte, outros 66 homens, mulheres e crianças foram assassinados. Amanhã um grupo de gente reunirá-se no mesmo cimitério, a só uns metros da tumba de Elazar, e lembrarão o 79º aniversário de tão terrível sucesso.

Esta semana o Governo israeli decidiu comemorar estes dois eventos de uma maneira excepcional. Aprovaram libertar 200 terroristas, como gesto de “boa vontade” face o negador do Holocausto, Abu Mazen, actual cabeça vissível da autoridade palestiniã. A fim de expressar o seu apoio a um tipo que ódia aos judeus respeito de outros que também ódiam aos judeus (Hamas), o Governo israeli libertará 200 terroristas da sua prisão. Não só Israel não vai obter nada a câmbio; nem sequer tem reclamado nada a câmbio. Que poderia Israel atrever-se a reclamar? Quiçá coisas insignificantes, como a plena cooperação de Abu Mazen para lograr a libertação do prisoneiro de guerra israeli Gilad Shalit. Mas não, seria demassiado pedir. Esta vez Israel tem que entregar algo a câmbio de nada, demonstrando assim aos seguidores de Abu Mazen -e aos que não são tão seguidores- o bom que ele é, o poderoso que é, quanto pode retorzer o longo braço do inimigo sionista logrando que soltem a uma legião de assassinos. Sem pagar preço algum.

Por suposto que, na sua opinião, isto não é suficiente. Todos os prisoneiros devem ser libertados, incondicionalmente. Mas, este é um bom começo, um passo na direcção adequada.

Esta é a forma em que a administração Olmert está celebrando o 79º aniversário das revoltas de 1929, instigadas e iniciadas por Amin el-Huseini, que mais tarde se reuniu com Hitler em Berlin, formou as Brigadas Muçulmãs, e elaborou planos para aniquilar a todos os judeus que viviam em Eretz Yisrael, quando agardavam que Rommel a invadira durante a 2ª Guerra Mundial. O sucessor directo de Amin el-Huseini foi o predecessor de Abu Mazen, Arafat. Abu Mazen intenta seguir firmemente as suas pegadas.

Porém, a decisão governamental não foi suficiente para celebrar tão sinalada ocasião. Tinham que ir um pouco para além, clavar o coitelo um pouco mais adentro.

A regra habitual no referente à libertação de presos ao longo dos anos tem sido evitar a libertação de terroristas com “as mãos tingidas de sangue”. Noutras palavras, aqueles que só ajudaram, ou que apenas intentaram matar mas sem éxito, e casos semelhantes, recebiam o visto bom para ser libertados. Mas aqueles que apretaram o gatilho, esses eram outro conto. Isso era o habitual, até hoje. Por vez primeira, o Governo israeli decidiu libertar a um par de “autênticos terroristas”, dos que chegaram até o final, e perpetraram o nojento acto até o seu máximo grau.

Assim que, quem está sendo libertado para celebrar o aniversário dos assassinatos de Hebrão? Um dos dois é Ibrahim Mahmoud Mahmad, quem vinte anos atrás assassinou a Yehoshua Saloma, um jovem estudante da Yeshiva de Kiryat Arba. Saloma, um recém chegado imigrante de Suécia, que viajou só a Israel, entrou em Hebrão desde Kiryat Arba para comprar alguns frutos secos com os que celebrar a festividade de Tu B’Shvat. Mentres fazia a compra na Kasba de Hebrão, foi brutalmente assassinado pela espalda por Ibrahim Mahmoud Mahmad. Saloma já está morto. Mahmad está ainda vivo; e se Olmert e os seus aliados têm oportunidade, estará em liberdade muito cedo. Esta é a mensagem dirigida ao mundo que Israel está proclamando nos dias em que Hebrão rememora o assassinato de 68 judeus às mãos dos árabes: 67 em 1929, e Elazar Lebovitch, há seis anos.

É importante sinalar: Yehoshua Saloma foi o primeiro judeu assassinado em Hebrão desde as revoltas de 1929. O seu ejecutor está a piques de ser posto na rua pelo Governo israeli. Podedes imaginar a Israel libertando a algum dos bárbaros que figeram uma carneçaria de judeus durante as horas daquele sábado de verão em 1929? Qual é a diferença entre os selvagens de há 79 anos, os bárbaros de há 20 e os de há tão só 6, ou os bárbaros de hoje?

Qual é a diferença, perguntades? Muito simples. Em 1929 podíamos (com toda justiça) botar a culpa aos britânicos.

Hoje, a quem podemos culpar? Só necessitamos olhar no espelho e sinalar com um dedo à image reflexada.

Mas, uma vez mais, é tão só um gesto.



DAVID WILDER *

17 Av 5768 / 18 Agosto 2008


* David Wilder e membro da comunidade judea de Kyriat Arba e promotor do Hebron Internet Project

1 comentarios:

Thanks for the translation. David Wilder

20/08/08, 21:11