O actual Governo Olmert-Livni-Barak está aparentemente manobrando para deixar de lado o tema de Irão, e gostaria-lhes que a culpa recaisse nos EEUU pela sua tibieza. Uma leitura detida do extrano artigo publicado na edição do domingo no Haaretz dá conta cabal desta impressão claramente.

A crônica detalha o recente acordo de Israel com os EEUU para despregar o poderosíssimo sistema de alerta mediante radar X-Band em Israel. O sistema será controlado por uma equipa de três membros do Exército americão desde um tráiler ubicado em algum lugar do Negev.

A disposição dos EEUU de depregar o sistema é em boa parte consequência dos apassionados esforços do congressista americão Mark Kirk. A exitosa ofensiva de Kirk para desenvolver o sistema X-Band em Israel é uma grande ajuda para a capazidade defensiva do país. O sistema X-Band pode detectar missis inimigos desde uma distância de 500-800 milhas. Actualmente, o sistema de alerta temprana israeli é só capaz de detectar missis a menos de 100 milhas. A capazidade temprana de detecção supõe que no caso de um ataque iranião, os missis Arrow israelis seriam capazes de interceptar e destruir os missis inimigos antes de que cheguem a território israeli, e inclusso os seus restos caeriam fóra do país.

Mas segundo uns “oficiais da Defesa” israelis não mencionados, que teriam falado com Haaretz, o preço que Israel estaria obrigado a pagar por incrementar a sua capazidade defensiva é proibitivo. Os referidos “oficiais da Defesa” afirmam que os EEUU teriam obrigado a Israel a admitir que a câmbio do sistema X-Band, Israel não atacará a Irão nem preventivamente nem como resposta a um ataque sem permiso dos EEUU, porque do contrário os três tipos americãos e o seu tráiler convertiriam-se num branco para um missil iranião.

Se Haaretz e os ·oficiais de Defesa” estám no certo, daquela isto significaria que o Ministro de Defesa, Ehud Barak –que fechou o trato com o Secretários Americão de Defesa Robert Gates durante a sua visita a Washington o mes passado- aceitou delegar o direito de Israel a emprender qualquer acção necessária para evitar a sua destrucção nacional. Barak teria aceitado delegar o direito de Israel a evitar a sua própria aniquilação a câmbio de três tipos, um tráiler e a possibilidade de viver com uma sensação de seguridade maior ante a questão nuclear iraniã. Esta modalidade de seguridade durará na medida em que Irão não desenvolva ojivas guiadas via satélite, mentres não prove o sistema de radar X-Band, ou os missis Arrow deixem de ser capazes de interceptar ojivas nucleares inimigas.

Na medida em que o Primeiro Ministro Ehud Olmert, a Ministra de Exteriores Tzipi Livni e os seus colegas de Governo têm gardado silêncio sobre o tema, entende-se que respaldam o movimento de Barak. Portanto, actuando em nome do Governo Kadima-Laboristas-Shas –dacordo com os “oficiais de Defesa” e Haaretz- Barak accedeu a delegar o direito de Israel a atacar as instalações nucleares iraniãs. E os americãos obrigaram-no.

O informe de Haaretz não inclui nenhuma menção a ter intentado contrastar as afirmações dos “oficiais da Defesa” com os americãos. E numa conversa telefónica com The Jerusalem Post na noite do domingo, Lirk negou tajantemente a informação.

“Não há quid pro quo”, dixo.

“Quer você dizer que os EEUU não têm exigido que, a câmbio do despregue do sistema X-Band, Israel debe receber permiso dos EEUU para atacar Irão?”

“Não, os EEUU não têm formulado tal exigência”, dixo Kirk.

“A ideia central é que um aliado dos EEUU atacado com armas nucleares é algo a evitar. O sistema X-Band incrementa a possibilidade de que um ataque dessas características não logre o seu objectivo”, continuou.

Para além disso, longe de emitir uma mensagem de que os EEUU tratariam de bloquear um ataque preventivo israeli contra Irão, Kirk argumentou que o despregue do sistema X-Band controlado por uma equipa dos EEUU “enviará uma mensagem a Irão de que Israel tem um forte apoio político do seu aliado contra qualquer ataque iranião”.

Kirk dixo também que os EEUU apoiariam a decisão do Governo de Israel de atacar Irão. Tal e como o plantejou, “se o Governo israeli tomar a dificil decisão [de lançar um ataque preventivo contra Irão], seria quando mais necessitaria dos seus aliados. E então seria quando os EEUU estariam chamados a demonstrar o que significa ter-nos por aliados”.

Assim, se Kirk –o máximo responsável estadounidense no tema do X-Band- nega rotundamente que EEUU esteja utilizando o despregue do X-Band, que estavam intentando esses “oficiais de Defesa” não identificados que falaram com Haaretz ao fazerem falsas alegações contra os EEUU? E por que os reporteiros de Haaretz não se molestaram em chamar a Kirk ou o Pentágono para verificar as suas assombrosas afirmações?

Desgraçadamente, a resposta é evidente. Esses “oficiais de Defesa” estavam levando a cabo o que é prática habitual dos esquerdistas israelis durante os últimos 15 anos. Estavam trabalhando para desmoralizar ao povo israeli fazendo-lhes acreditar que não somos capazes de derrotar aos nossos inimigos e que só devemos aplacá-los o melhor que podamos, esconder-nos tras altos muros e escudos, e agardar que alguém nos defenda.

Desde que o Governo Rabin-Peres invertiu a que tinha sido a política israeli desde 1967 e, em 1993, decidiu abraçar-se à OLP –uma organização terrorista adicada à destrucção do país- como sócio de paz, cada Governo de esquerdas tem proclamado que Israel não tem capazidade para defender-se por si própria. Em 1993, o Governo aceitou a perorata não fundamentada da esquerda radical de que era culpa de Israel que os palestiniãos nos quigessem destruir. E dois anos depois de que as IDF sofocaram o alçamento palestinião, o Governo manifestou que as IDF não podiam proteger-nos do terror palestinião, e que Arafat nos defenderia melhor que as nossas próprias Forças Armadas.

Os mass média apoiaram as suas absurdas posições e demonizaram aos críticos como belicistas, extremistas e inimigos da paz.

Depois chegou a desastrosa retirada unilateral de Barak das IDF no sul do Líbano em Maio do 2000. Barak aceitou os argumentos da esquerda radical ánti-sionista de que Hizbollah estava atacando Israel devido ao despregue das IDF no sul libanês. Ao igual que a esquerda radical, Barak prometeu que uma vez que Israel se retirasse, Hezbollah dissolveria o seu exército e se convertiria num pacífico partido mais no Líbano.

Os mass média, pela sua banda, pressionaram obsesivamente a favor da retirada. Todos os que se opugeram foram demonizados como belicistas, extremistas e inimigos da paz.

Depois veu a guerra de terror palestinião que começou em Setembro do 2000. Durante ano e meio, mentres a lista de baixas israelis aumentava dia a dia, o Governo Sharon-Peres dixo-nos que não tinhamos opção militar para derrotar aos terroristas. Que os EEUU nos abandoariam se atacávamos à Autoridade Palestiniã e que, em todo caso, as IDF não estavam preparadas para lutar contra o terror.

Os mass média, pela sua banda, alimentaram a lenda da impotença israeli. Todos os que apostavam por uma vitória militar foram demonizados como belicistas, extremistas e inimigos da paz.

A pesar da exitosa campanha das IDF contra as forças do terror em Judea e Samária durante e depois da Operação Escudo Defensivo em Abril de 2002, faltou-lhes tempo aos políticos de esquerda e os seus vozeiros mediáticos para retomar a sua teoria da indefensão israeli. A escasas semanas da derrota das forças do terror em Samária e Judea, o Partido Laborista, os mass média e o Primeiro Ministro Ariel Sharon, dixeram que Israel não podia fazer nada para defender-se do terror em Gaza e que, portanto, cumpria simplesmente retirar as forças militares e os civis da franja de Gaza.

E, novamente, aqueles que diziam que Israel nunca intentara na realidade derrotar as redes do terror em Gaza, foram silenciados. Aqueles que advertiram que Gaza se convertiria no novo sul do Líbano, foram demonizados como belicistas, extremistas e inimigos da paz.

A ofensiva de Hezbollah contra Israel em Julho de 2006 foi um inoportuno sucesso para o Governo Olmert-Livni-Peretz e os mass média. Era a guerra que os críticos vaticinaram como resultado das enfermizas retiradas israelis. Queriam que a guerra rematasse quanto antes.

Reusando combater com determinação, dixeram que não tinhamos interesse em ganhar. Não queríamos empantanar-nos outra vez no “fango” libanês, dixeram. Não havia “solução militar”, afirmaram. Os EEUU –mentiram- opunham-se a uma invasão territorial do Líbano. Só a ONU e os libaneses títeres de Hezbollah podiam defender a Israel, proclamaram.

Assim, demandaram um alto o fogo, que como os seus críticos advertiram, pavimentava o caminho para absorção de todo o Líbano por parte de Hezbollah. E os mass média elogiaram a sua sabiduria e silenciaram aos seus críticos demonizando-os como belicistas, extremistas e inimigos da paz.

Este é o telão de fundo histórico contra o que o Governo actual intenta desmoralizar à nação fazendo-lhes acreditar que é futil intentar atacar as instalações nucleares de Irão.. Mas existe uma diferência qualitativa entre esta nova intentona do Governo de eludir a sua responsabilidade de defender o país e os seus prévios abandonos do dever.

Esta é a primeira vez que a questão que o Governo intenta ignorar poderia destruir o país. Proclamando de novo que os EEUU nos abandoarão se atacamos, o Governo nos está dando a entender que não temos outra opção que viver num mundo onde um regime abertamente comprometido a destruir o nosso país e a nossa gente tem a possibilidade de levar a cabo os seus desígnios. E na sua reiteração irresponsável da linha governamental, os mass média estám colaborando com este inaceitável estado de coisas.

Se alguma vez tem havido uma situação que requerir que a gente se bote à rua, é esta.

Desde que se fundou Israel, tem existido um pacto não escrito entre a gente e o seu Governo. Todos comprendemos que as ameaças que afectam à nossa própria existência devem ser derrotadas. Ninguém o discute. Simplesmente confiamos que o nosso Governo nos proteja.

O informe de Haaretz aponta que o Governo actual está violando essa confiança prreparando-se uma vez mais para a inacção. Esta situação simplesmente não se pode tolerar. E dado que estamos ante uma iminente campanha eleitoral, uma protesta massiva teria a capazidade de obrigar aos mass média a dar cobertura a este assunto e exigir aos políticos que cumpram com o seu dever ou que dimitam.

Mentres os EEUU estám satisfeitos de aumentar a nossa capazidade defensiva, o Pentágono tem deixado bem claro que não atacará aos nossos inimigos por nós. É o nosso trabalho. E nós, o povo israeli, devemos exigir aos nossos líderes que fagam o seu.




CAROLINE B. GLICK

(24 Av 5768 / 26 Agosto 2008)

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