Estou acostumado a receber correios não solicitados. Gentes de todas as partes do globo, de dúzias de países, compitem em insultar-me e ameaçar-me. Progres esquerdistas que procuram encasilhar a um inimigo que ódia o encasilhamento; religiosos judeus de direita que me abominam por tão só considerar a possibilidade de uma entidade palestiniana; teorizadores chiflados que querem que o mundo inteiro se una às suas opiniões pessoais sobre a propriedade da Terra Prometida. Estou acostumado a todos eles.
O que verdadeiramente me irrita são os elógios dos salvapátrias. Colhem coisas de aquí e de acolá nos meus escritos, e ficam só com os chamados a matar, aplaudem aos judeus que comem porco e violam aspectos das leis éticas do judaísmo, rapazes cristãos que nunca têm perdido um ser querido ou visto um cadavre, militares de salão que nunca tiveram que disparar a um branco humano ou partir-lhe os ósos. E todos eles querem matar árabes.
Israel tem goçado da fortuna de contar com primeiros ministros com uma ampla experiência militar. A experiência no campo de batalha pode convertir à gente em criminais, mas a maioria das vezes leva-os a ser pessoas consideradas com os demais. Estám preparados para matar, mas conhecem o valor da vida. Sempre intentarão tomar outras medidas antes de chegar à solução final. Não é casualidade que os ardentes guerreiros rematem sendo pacíficos primeiros ministros, como Begin e Sharon. Pelo contrário, os primeiros ministros com escasa experiência militar amiúde reagem de forma expansionista ou histericamente agressiva -como Rabin, que ordeou aos soldados judeus partir os braços de rapazes palestinianos durante a Intifada.
Devemos esforçar-nos em conhecer ao nosso inimigo e aniquilá-lo quando as demais vias fracassam. Não devemos demonizar o inimigo. Os muçulmãos, objectivamente, são o inimigo de Israel e de Occidente. Mas não são islamofascistas. O Islam é uma ideologia de participação comunal, muito afastada do totalitarismo fascista. Os muçulmãos não pretendem, na realidade, destruir a civilização occidental; sentem-se desorientados no meio das convulsões finais das suas sociedades patriarcais. Em termos práticos, não há diferência: o terrorismo é igual ao expansionismo muçulmão; nunca rematará, e deve ser confrontado por todos os meios ao alcanço. Isso não converte aos muçulmãos no diablo: Occidente assassinou civis a muito maior escala; os judeus dirigiram muitos ataques terroristas durante o período do Mandato e inventaram o seqüestro de aviões e a toma de reféns. Os adolescentes judeus e cristãos combateram motivados ideologicamente exactamente igual que o fazem agora os muçulmãos, e emprenderam missões suicidas que nós qualificamos de heróicas.
Os muçulmãos são os nossos inimigos, mas combatem heroicamente. Deamos aos seus soldados as honras que merecem.
Os EEUU cooperaram com os soviéticos contra os názis, de igual modo que nós estamos prestos para aliar-nos com quem for para destruir ideologicamente ao inimigo muçulmão e confrontá-lo militarmente.
Mas, não o esqueçades: alguns dos nossos aliados são o diablo.
OBADIAH SHOHER
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